Pela 10ª vez…Angola!
Neste sábado, a Angola venceu Costa do Marfim, por 82 x 72, conquistando a Copa da África. São 10 títulos nas ultimas 11 competições continentais, sendo que os últimos 6 em sequência.
A conquista coroa uma evolução incrível no basquete nesse país lusofônico que começou há 20 anos atrás. Antes da aparição devestadora da Angola, o basquete africano era dominado, se é que dá para falar em domínio, pelas seleções de Senegal e do Egito.
Isso até o ano de 1989, quando Angola sediu a Copa Africana e iniciou uma série incrível de títulos, só interrompida em 1997, quando Senegal, em casa, derrotou os angolanos nas semifinais (53 x 47).
Apesar desse domínio de um só país, o basquete africano é o que mais tem evoluído nos últimos anos. A Copa Africana, infelizmente acompanhada por poucos, contou com muitos bons jogadores.
Vários tiveram passagem nos EUA, seja na NBA, seja no basquete universitário. Outros conseguiram se destacar no basquete europeu. Apenas para listar alguns nomes:
Alfred Aboya/Camarões: acaba de se graduar em UCLA, onde foi vice-campeão da NCAA em 2006).
Boniface N´Dong/Senegal: ex-Los Angeles Clippers, ex-Unicaja e recém contratado pelo Barcelona.
DeSagana Diop/Senegal: New Jersey Nets
Ebi Ere/Nigéria: ex-University of Oklahoma, disputando o Final Four/NCAA de 2002.
Gabi Muoneke/Nigéria: com passagem pelo Tau Ceramica, em 2007/08.
Pape Sow/Senegal: ex-Toronto Raptors
Romain Sato/Rep. da África Central: draftado pelo San Antonio Spurs, ex-Barcelona e atualmente no Montepaschi Siena.
Ruben Boumtje-Boumtje/Camarões: ex-Georgetown/NCAA, posteriormente draftado pelo Portland Trailblazers.
No entanto, é exatamente o time formado apenas por jogadores “domésticos” aquele que conquistou de forma invicta o continente africano (9 vitórias em 9 jogos).
De fato, a Angola com um bom time, não apenas a nível continental, mas também internacional. Não foi por acaso que esse time bateu a “Seleção B” brasileira e posteriormente chegou ao título dos Jogos da Lusofonia. Apesar da derrota no Torneio de Almada (início de preparação, onde tudo pode acontecer), trata-se de um elenco muito superior ao “expressinho brasileiro”, formando basicamente por jogadores do NBB.
Não é um time perfeito. Longe disso. A equipe, por exemplo, não conta com pivôs. O jogador mais alto da seleção, pasme, mede 2.02 metros. Talvez seja esse o maior empecilho para Angola ainda não ter alçado voos mais altos no cenário internacional.
A seleção angolana compensa a falta de estatura dos pivôs com talento, com a alta estatura dos armadores (o jogador mais baixo mede 1,86 metros) e com excelente condição atlética.
Seis jogadores se sobressaem nessa seleção: Joaquim Gomes, Carlos Morais, Olimpio Cipriano, Armando Costa, Eduardo Mingas e Carlos Almeida.
Carlos Morais e Carlos Almeida são excelentes arremessadores de longa distância, mas possuem um arsenal ofensivo completo. Morais é titular absoluto e uma das principais armas do time, enquanto que Almeida atua como uma espécie de sexto homem.
Eduardo Mingas, que apesar de ter “apenas” 1,98 metros, é um o terceiro jogador mais alto do elenco, atua como uma espécie de ala-pivô que flutua bastante no perímetro e possui um excelente arremesso (uma espécie de Jefferson William melhorado).
Sem querer fazer qualquer trocadilho com o nome, Armando Costa é um armador nato. Apesar da cabeleira ousada sugerir um estilo de jogo mais agressivo, Costa joga o tempo todo de cabeça erguida e costuma controlar bastante o ritmo de seu time. Dificilmente precipita-se na armação. Não por outro motivo, liderou a competição no índice de assistências por desperdícios.
Olimpio Cipriano é um dos nomes mais badalados da Angola nos últimos tempos. Jogador explosivo, com excelente condição atlética, é capaz de levantar a torcida com enterradas colossais e tocos fulminantes. É também um bom defensor. O fato de ele não ter tido uma grande produção ofensiva nesta Copa da África mostra que Angola já não é mais tão dependente de seus pontos. Ainda assim, foi decisivo na decisão contra Costa do Marfim.
O que dizer de Joaquim Gomes? Esse é craque. Guardada as devidas proporções, pode-se dizer que ele é o Luis Scola africano. Apesar da estatura não privilegiada (2,00 metros), consegue dominar adversários muito maiores e invariavelmente pontuar e capturar muitos rebotes no garrafão. Não bastasse, possui um bom arremesso de média distância e ainda é capaz de infiltrar, o que o torna um jogador muito difícil de ser marcado.
Principalmente por conta do já mencionado problema de estatura do elenco, Angola provavelmente voltará a ser zebra quando começar o Mundial de 2010. Mas será interessante torcer pelo sucesso dessa zebra africana que fala a nossa língua…