Everaldo Marques e Wlamir Marques são os vencedores do I Prêmio Draft Brasil – Melhor narrador/comentarista de 2008
O PRÊMIO
Por incrível que pareça, o basquete já viveu uma época de menos prestígio junto à mídia nacional.
Há cerca de 5 anos atrás, no ano de 2004, chegamos ao fundo do poço. Pouquíssimos campeonatos de basquete eram transmitidos na televisão. A opção do canal “pay per view” NBA TV foi retirada do ar pela Directv sem maiores satisfações ao público e a até a ESPN parou de transmitir a NBA no Brasil. Se a situação já era caótica na TV por assinatura, na TV aberta então era (e ainda é!) inexistente. Naquele mesmo ano, o Draft Brasil chegou a encabeçar um movimento em prol do basquete na TV aberta. Em poucas semanas, conseguimos arrecadar mais de mil assinaturas de basqueteiros insatisfeitos com a situação.
De lá para cá, algumas mudaram, outras não. Infelizmente, continuamos sem qualquer transmissão de basquete na TV aberta, o que obsta a massificação da modalidade no país. Por outro lado, é bom frisar, o número de transmissões de basquete nas TVs por assinatura aumentou consideravelmente.
Conforme é possível verificar em nossa seção “basquete na tv”, a minoria da população brasileira que tem o privilégio de poder assinar uma TV paga conta hoje com opções das mais variadas: NBA, Euroliga, Campeonato Espanhol, Basquete Universitário Norte-americano, Campeonato Paulista e, até mesmo, o Novo Basquete Brasil (ainda que em irritantes doses homeopáticas).
Assim, certos personagens das transmissões ganharam ainda mais destaque. São eles os responsáveis por dar voz ao espetáculo, comentar os acontecimentos e, em alguns casos, até irritar os telespectadores.
Nesse contexto, e por entender que o amante do basquete precisa ter sempre uma voz ativa e demonstrar o que sente em relação ao que lhe é oferecido,o Draft Brasil lançou o I Prêmio Draft Brasil – Melhor narrador e melhor comentarista do ano.
Com orgulho e satisfação, informamos que o processo eletivo conseguiu reunir 491 votos, de todas as partes do país, legitimando, sem dúvida alguma, a premiação. O sistema de votação também impediu que um usuário votasse mais de uma vez em cada categoria, impedindo uma eventual deturpação do resultado.
OS PREMIADOS:
A) Melhor narrador de basquete em 2008: Everaldo Marques.
Para a eleição de melhor narador de basquete de 2008, foram pré-selecionados pelo corpo editorial do Draft Brasil 6 candidatos e votação ocorreu entre os dias 12 e 20 de fevereiro. 224 leitores votaram. Confira o resultado final:
Everaldo Marques (ESPN Brasil) – 72 votos
Cledi Oliveira (ESPN Brasil) – 48 votos
Ivan Zimmermann (Bandsports) – 48 votos
Roby Porto (Sportv) – 27 votos
Ari Aguiar (ESPN Brasil) – 18 votos
Cleber Machado (TV Globo) – 14 votos
B) Melhor comentarista de basquete em 2008: Wlamir Marques
Para a eleição de melhor comentarista de basquete de 2008, foram pré-selecionados pelo corpo editorial do Draft Brasil 6 candidatos e votação ocorreu entre os dias 21 e 29 de fevereiro. 267 leitores votaram. Confira o resultado final:
Wlamir Marques (Espn Brasil) – 124 votos
Eduardo Agra (Espn Brasil) – 67 votos
Zé Boquinha (ESPN Brasil) – 53 votos
Byra Bello (Sportv) – 12 votos
Oscar Schmidt (TV Globo) – 6 votos
Hortência (Globo) – 5 votos
A ENTREGA DOS PRÊMIOS, POR DIEGO SILVESTRINI
Vocês votaram e o Draft Brasil deu valor a opinião dos leitores.
Na manhã desta sexta feira treze, saí de Guarulhos, com meu amigo Danilo que fez as vezes de fotógrafo, e fomos à sede da ESPN Brasil, em São Paulo, para entregar o primeiro prêmio Draft Brasil, de melhor narrador e comentarista de basquete no ano de 2008.
Recepcionados pelo próprio Everaldo, que acabara de terminar a gravação do “The book is on the table” e já se preparava pra entrar ao vivo no Bate Bola primeira edição, adentramos a redação da casa.
Mesmo com o dia mais que atarefado e corrido, que terminaria apenas na alta madrugada, ao final do primeiro dia de transmissões do All Star Weekend, Everaldo fez os papéis de anfitrião e guia turístico pelos estúdios e nos apresentou aos profissionais que estavam trabalhando por ali.
Entre eles, Luciano Silva, editor de basquete dos canais Espn e que sempre colaborou com nosso site, a quem também não podemos deixar de agradecer.
Pouco tempo depois, o mestre Wlamir Marques chegou e fomos até a cafeteria, para a entrega dos quadros e um bate papo rápido, mas extremamente divertido e agradável. (logo abaixo, publicamos a entrevista com os dois premiados)
Depois da conversa e algumas fotos, Everaldo foi rapidamente para o drops do “the book” ao vivo no Bate Bola, enquanto o mestre Wlamir não podia perder o almoço.
Descemos as escadas, e tiramos algumas fotos da redação e com alguns ilustres comentaristas. (meu momento fã do esporte)
A volta pra casa foi com a idéia de dever cumprido e esperando ter representado bem, cada um de vocês que dedicou um pouco do tempo e da atenção pra votar nas nossas enquetes.
Pra encerrar, gostaria de agradecer o Alfredo Lauria e o Guilherme Tadeu, que foram responsáveis por essa idéia e pelo projeto todo, e ao Matheus Abud, que criou a imagem dos diplomas.
A cada um que colabora ou já colaborou com o Draft Brasil durante esses mais de quatro anos. Assim como os que sempre acompanham, lendo, comentando, no fórum…
E claro, aos nossos dois ilustres vencedores, que demonstraram mais do que profissionalismo, ou humildade, demonstraram um respeito e uma amizade muito grande com o público que os acompanha.
Um grande abraço e até a próxima.
Texto de Diego Silvestrini
Fotos: Danilo Fernandes
ENTREVISTA COM OS PREMIADOS
A) EVERALDO MARQUES
Quando você começou sua carreira na imprensa? E como narrador?
Comecei minha carreira na rádio Jovem Pan, em 1996, como produtor. Depois, exerci as funções de plantão esportivo e apresentador até assumir o posto de repórter de F-1 da emissora em 2002. Meu sonho de criança sempre foi ser narrador, e como essa oportunidade não aparecia na rádio, decidi sair no final de 2004 para correr atrás do meu sonho. Estreei como narrador na TV Cultura em janeiro de 2005 e fiquei lá até outubro, quando comecei a trabalhar nos canais ESPN.
Seu contato com o basquete começou antes ou depois da chance de narrar os jogos do esporte?
Sou fanático por todo tipo de esporte desde pequeno. Gosto de basquete, vi os jogos de NBA quando eles começaram a ser transmitidos aqui no Brasil pela TV Bandeirantes no meio dos anos 80, os jogos da seleção brasileira, os duelos entre Paula e Hortência no basquete nacional.
Na sua opinião, qual foi o melhor jogo que você narrou em 2008, ano que foi eleito o melhor narrador para o nosso site?
Dois momentos foram especiais para mim no basquete em 2008. A série final entre Boston Celtics e Los Angeles Lakers na NBA e os Jogos Olímpicos, em que tive oportunidade de narrar um jogo da seleção brasileira feminina e a decisão da medalha de bronze no masculino, entre outras partidas.
Quem você mais admira na profissão – especialmente narrando basquete?
Me apaixonei por esporte e decidi que queria ser narrador um dia na infância, em meados dos anos 80. Então, é natural que o Luciano do Valle seja uma das minhas grandes referências para várias modalidades, pois cresci acompanhando o seu trabalho. A narração das finais dos Jogos Panamericanos de 1987 contra os EUA e de 1991 contra Cuba no feminino são antológicas.
Como você avalia a cobertura que a imprensa tem dado à modalidade?
O futebol sempre foi e sempre será o grande esporte no país. O basquete já teve muito mais espaço, só que acabou sendo suplantado pelo vôlei. O torcedor brasileiro tem um perfil curioso, na minha opinião – gosta de futebol e de qualquer outro esporte em que seja possível torcer por um compatriota. Por conta disso, houve picos de popularidade na F-1, no vôlei, no tênis quando o Guga estava no auge… e a imprensa meio que vai atrás dessa tendência, falando mais dos esportes em que as pessoas demonstram mais interesse. A boa fase dos brasileiros na NBA nesta temporada ajuda a melhorar a divulgação do basquete, mas hoje o esporte tem menos espaço do que há duas décadas, tanto nos jornais quanto na TV aberta. Em compensação, a TV a cabo, que não existia naquela época, é uma opção interessante.
A maioria dos jogos que você narrou foi diretamente do estúdio. Ainda assim, conquistou o prêmio. Você acha que você renderia ainda mais se narrasse direto dos ginásios?
Estar na arena do evento naturalmente aumenta a sua adrenalina, porque você está sentindo o clima da torcida, está vendo tudo de perto. Mas transmitir do estúdio é uma coisa absolutamente normal e hoje em dia os recursos tecnológicos cada vez mais estão melhorando as transmissões da TV, como o uso de microfones em técnicos e jogadores. Acho que a evolução das transmissões está ajudando a compensar a não-presença dos narradores na arena.
No mesmo prêmio, Wlamir Marques ganhou o de melhor comentarista. Mas vocês dois não costumam fazer duplas de transmissão. Quando será que os leitores do Draft Brasil vão poder ver “a dupla dos sonhos” em uma transmissão de basquete?
Já transmiti algumas partidas com o mestre Wlamir, principalmente durante os Jogos Olímpicos. Lembro que na primeira participação dele na transmissão, ele soltou um “Até que enfim estamos juntos… os Marques dominam!”. É um companheiro de trabalho sensacional, extremamente generoso e uma figura humana espetacular. Tenho muito orgulho de ser “primo” do seu Wlamir.
De onde saiu o “Bingooooo”?
Não sei. Não foi pensado. Queria apenas alguma coisa diferente para as cestas de três pontos, que normalmente são os momentos mais raros do jogo. Cheguei a experimentar algumas outras expressões, mas quando surgiu o “bingo!”, achei legal e mantive. Outro dia mesmo, estava andando pelo Parque Villa-Lobos, tinha uma galera jogando basquete e eu ia passando… de repente, alguém solta um “bingo!”. Achei bem legal.
E por fim, gostaríamos que deixasse uma mensagem para os leitores que votaram em você.
Queria muito agradecer a todos pela eleição. Este é o primeiro prêmio que ganho como narrador e espero continuar fazendo por merecer a companhia de vocês nas transmissões.
B) WLAMIR MARQUES
Wlamir, conte um pouco sobre a sua carreira de comentarista na TV. Em seus tempos de jogador, alguma vez isso passou pela sua cabeça?
Não. Nunca poderia pensar nisso, enquanto jogava. Mas as coisas se deram de uma maneira que levaram as coisas de forma natural a isso. Como não sou um jornalista e sim um conhecedor do jogo, sempre me sinto muito a vontade para dar minha opinião a respeito dele.
Como foi o início da carreira?
Meu primeiro trabalho foi na TV Gazeta, no ano de 1971. Na ocasião, era disputado o Mundial feminino, em São Paulo e o Brasil conquistou o terceiro lugar naquela competição. Foi uma grande conquista na época.
O que se seguiu a isso?
Depois disso, trabalhei em outras emissoras, como a extinta Tv Tupi, a TV cultura e a Bandeirantes. Em 1982 trabalhei na rede globo, com Osmar de Oliveira, já naquela época, o basquete não tinha a atenção que merecia e muitas vezes, os jogos eram levados ao ar, apenas nas madrugadas. Também participei da cobertura de quatro olimpíadas, na rede Manchete. Foram os jogos de Los Angeles em 1984, Seul 88, Barcelona 92 e Atlanta 96.
Falando sobre a Espn, o senhor se lembra de como recebeu o convite?
Sim, me lembro perfeitamente. Foi no dia 11 de setembro de 2001. Estava em casa na manhã, quando o Luciano me ligou, falando sobre um projeto que o Trajano estava querendo desenvolver e queria conversar comigo, para fazer parte dele. E foi na mesma tarde que nos encontramos para conversar e enquanto o mundo estava chocado com os acontecimentos do dia, entrei para o time da Espn Brasil. Acho que todos lembram o que estavam fazendo nesse dia…
Qual foi o seu primeiro trabalho na casa?
Fui contratado para trabalhar mesmo com o campeonato paulista. Mas claro que com o tempo e toda a cobertura que a Espn oferece para quem gosta de basquete, já participei de transmissões de diversas competições. E aí não só as que envolvem clubes brasileiros e sul americanos, como algumas vezes comentei partidas da Euroliga e até mesmo da NBA, quando necessário.
Vocês dois, que foram eleitos os melhores profissionais da imprensa, cobrindo o basquete, raramente trabalham juntos em alguma transmissão. Isso de alguma forma o incomoda, ou você gostaria que fosse diferente?
As poucas vezes que trabalhei com o Everaldo foram muito proveitosas. Fizemos alguns jogos nas olimpíadas e também de competições nacionais, como um dos jogos da final do campeonato paulista feminino, que foi muito emocionante. Aqui na Espn não forçamos a barra para esse tipo de coisa. Gosto de trabalhar com todos profissionais aqui, mas existe essa “divisão” de trabalho. O Everaldo tem muito conhecimento e tem mais prazer trabalhando com a NBA, como eu e o Cledi, por exemplo, temos com o basquete nacional. Em todas as áreas, a ESPN trabalha bem e temos orgulho disso. Com certeza gostaria de trabalhar mais vezes com o Everaldo, mas esperamos que isso aconteça quando for uma boa oportunidade.
Como o senhor tem visto a cobertura da globo/sportv, na nova competição de basquete?
Eu acho que eles tem feito um bom trabalho. Dentro daquilo que eles se propuseram a fazer. Não houve promessa de levar o basquete a TV aberta, por exemplo. O número de jogos transmitidos até agora, tem sido bom. Vamos ver o que acontece.
Para encerrar, gostaria de agradecer a atenção que o senhor tem com todos os fãs de basquete, inclusive do draft Brasil. O senhor poderia deixar uma mensagem para eles?
A minha mensagem é única e exclusivamente de agradecimento. A todos vocês que acompanham o basquete, seja pelo Draft Brasil, pela Espn ou outros meios. Vocês não tem idéia do quanto é gratificante pra mim, receber esse prêmio e esse reconhecimento. Gosto muito do Guilherme e do Alfredo, que sempre me escrevem e de todos que escrevem as perguntas na comunidade do Orkut. Só fico um pouco triste, porque há alguns dias o tópico está parado, sem perguntas (risos). Tenho 71 anos de idade, e é muito difícil alguém se sentir útil de alguma forma, nesta idade. Com reconhecimentos como esse, eu me sinto assim. Tenho meu passado, mas não vivo dele. Vivo o presente desta forma e espero estar sempre ajudando a conseguir mais pessoas que gostem do basquete. O basquete não é um jogo fácil de ser compreendido. Por isso tenho muita satisfação quando um aluno, um telespectador ou um leitor, reconhece o que tento fazer nos meus comentários. Que não é nada mais do que uma parte didática. Esse prêmio tem muito valor pra mim. Agradeço a todos.