Por que a derrota para o Uruguai não surpreende?
A derrota para o Uruguai na partida de ontem, 02, válida pela Copa América de Basquete, não foi surpresa. O que ocorreu ontem tem acontecido já há algum tempo nos torneios de base, com uma frequência cada vez maior. Vejam o retrospecto recente:
2010 – Sul-Americano Sub-15: Brasil 72 x 59 Uruguai
2011 – Sul-Americano Sub-15: Brasil 53 x 50 Uruguai
2012 – Sul-Americano Sub-15: Brasil 49 x 67 Uruguai
2009 – Sul-Americano Sub-17: Brasil 77 x 81 Uruguai
2011 – Sul-Americano Sub-17: Brasil 54 x 45 Uruguai
2013 – Sul-Americano Sub-17: Brasil 71 x 84 Uruguai
2010 – Copa América Sub-18: Brasil 71 x 64 Uruguai
2009 – Copa América Adulto: Brasil 82 x 62 Uruguai
2010 – Sul-Americano Adulto: Brasil 89 x 63 Uruguai
2011 – Copa América Adulto: Brasil 93 x 66 Uruguai
2012 – Sul-Americano Adulto: Brasil 68 x 80 Uruguai
2013 – Copa América Adulto: Brasil 73 x 79 Uruguai
Total: 12 jogos
Brasil: 7 vitórias
Uruguai: 5 vitórias
Devemos ter em mente duas coisas quando analisamos o basquetebol brasileiro: 1) analisar o torneio em que estamos; 2) analisar a estrutura do basquete como um todo.
Sobre o primeiro, só podemos dizer que o time teve uma convocação ruim, está mal treinado. Atletas perdidos em quadra, alguns fora de forma (Caio Torres, por exemplo) e sem conseguir nenhum bom momento até aqui. Jogamos doze períodos e, no máximo, apresentamos um basquetebol de qualidade em três deles. É muito pouco. Rúben Magnano tem que ser cobrado. Ele é ótimo. Melhor do que qualquer um dos técnicos que tem emprego no NBB, de longe. Isso nem é necessário dizer. Mas é humano, erra, comete equívocos e tem que ser cobrado como todos os outros são. Esperávamos atuações assim com Lula, Guerrinha e qualquer outro à frente, afinal assistimos o nível calamitoso do NBB e não somos cegos. Mas, de Magnano, esperamos sempre algo mais. E, desta vez, não tivemos nem o algo menos.
Sobre o o segundo, a estrutura do basquetebol brasileiro simplesmente não existe. Não temos praticantes, não temos treinadores capacitados (com raras exceções), não temos renovação e não temos uma escola de basquetebol, ou seja, não existe milagre. Perdemos do Chile no Sul-Americano Sub-15 ano passado. Será que faltou o Nenê por lá, ou o Anderson Varejão? Claro que não. Os erros todo mundo conhece, porém requer trabalho sério e sem apego ao vencer um Paulista Sub-13 ou Mineiro Sub-15. Requer seriedade ao formar atletas e trabalhar com esporte e educação. E nisso aí, estamos anos luz atrás de países como Uruguai, Portugal e Chile, só para ilustrar alguns exemplos. O cenário só não é pior porque temos 200 milhões de habitantes, enquanto um país como o Uruguai tem apenas 3 milhões. Mas, comparados aos 10 milhões de habitantes da Sérvia e Lituânia, somados, somos um nada no basquetebol. Eles tem estrutura, conhecimento, tem tradição e escola. Dessa população, muito inferior a nossa, tiram por temporada, com folga, 12, 15 meninos em bom nível.
Nós perdemos do Chile no Sub-15 ano passado. Será que os problemas ainda são o Nenê ou o Leandrinho que não foram por estarem machucados?