Globo: parceira do NBB, inimiga do basquete
Eis que a Globo ataca novamente. Avisávamos, antes de tudo, mas parece que só dizem nos ler pra tentar estabeler uma política de boa vizinhança. O debate que deve ser debatido ninguém que ocupa as fileiras que decidem as coisas da LNB toma a frente.
Como ler o artigo em que Wlamir relata a tremenda falta de educação com a qual a LNB o tratou e achar que é tudo normal, ação corriqueira dos tempos em que a disputa por audiência vale mais que a dignidade?
Pois ao basquete não restou nem audiência, nem dignidade.
O mais duro é que a ação é apenas um sintoma do quão entregue está o nosso esporte à poderosa emissora – as lamentáveis respostas às boas perguntas de Fábio Balassiano em seu blog mostram o quanto a concepção servil de Kouros o incapacita de olhar para além do contrato de vassalagem que a modalidade que amamos estabeleceu com a Globo.
Destratar uma lenda viva não é o sinal dos tempos: é o reflexo, é a poeira depois da barbárie. Wlamir foi vítima da miserável condição de coitado em que o nosso basquete se encontra. Trocamos a dignidade por quinze segundos de fama (aparecer em rápidos flashes depois do amistoso de futsal entre Brasil e Argentina). O fato aparentemente inofensivo do último final de semana vai entrar para a História como componente odioso dos nossos dias, expoente de um período em que o esporte da bola laranja se prostrou por migalhas e negou um dos maiores vencedores do basquete brasileiro de todos os tempos.
No lugar de Wlamir, Pedro Bial.
Um dia, quando, no futuro, for contada a tentativa de retomada do basquete brasileiro no final na década dois mil, vão contar que o desespero de nossos dirigentes era tão grande, tão absurdo e tão mesquinho que preferiram uma apresentação de menos de 10 minutos no domingo global do que manter a dignidade e honrar um compromisso e homenagem pré-estabelecidos com o maior jogador brasileiro de basquete de todos os tempos, bem como todos os fãs e amigos deste grande sujeito.
Se Wlamir é bondoso demais para se chatear, nos chateamos por ele. Wlamir Marques entra na lista negra da Globo. Ao meu ver, vale mais que um Prêmio Nobel.
Guilherme Tadeu de Paula
Editor do Draft Brasil