Biguá se consolida como força continental ao conquistar o bi-campeonato da LUB

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Publicado em: 31/03/2009

Com o final do mês de Março, também chegou ao fim aquela que é com certeza a liga mais organizada do basquete sul-americano depois da liga argentina. A LUB (Liga Uruguaya de Basquetebol) terminou sua temporada 2008-09 com um brilhante título do Biguá. Com isso a equipe de Leandro Garcia Morales, Martin Osimani e Ruben Wolkowyski terminou a temporada acumulando ótimos resultados (título da LUB e do Sul-Americano de Clubes Campeões e um honroso terceiro lugar na Liga das Américas). Porém, essa matéria terá ares de narração, afinal, o Draft Brasil esteve presente no Uruguay.

Por motivos familiares, estive no Uruguay no dia da decisão do título da LUB entre Biguá e Defensor Sporting. A possibilidade de ver a partida final ao vivo na televisão (ir ao ginásio não foi uma opção porque estive ocupado com os reais motivos da minha viagem até momentos antes da partida começar), acompanhar o pós-jogo, a festa e os jornais locais no dia após a final foi algo muito interessante para mim, afinal, o motivo da minha viagem não era a princípio escrever para o Draft Brasil.

Montevideo sempre trás um ar de tranquilidade ao visitante, cidade grande mas de povo educado e acolhedor. Pude então visitar tranquiliamente o ginásio do Club Welcome com meu pai e um amigo muito próximo da família. Foi lá que vi com meus próprios olhos a organização do basquete do lado de lá das fronteiras brasileiras. No pequeno ginásio do clube vermelho e branco pude conhecer a sala de troféus, conferir de perto o trabalho das categorias de base e também ter certeza que lá os clubes de basquete são instituições fortes com torcida e sócios como um clube de futebol aqui no Brasil. Tudo isso, só ressalta as teses levantadas aqui mesmo por mim de que tanto a liga argentina quanto a liga uruguaya deveriam servir de exemplo para o nosso NBB. Deixando de lado minha visita ao ginásio do Welcome, vamos aos playoffs da LUB.

O Defensor Sporting (tradicional clube uruguayo com um futebol e basquete muito fortes) bateu o Malvin (3×1) e garantiu antecipadamente vaga na final. Enquanto descansava para a final, o Defensor viu Biguá e Atenas disputarem uma série semi-final incrível. Com a série empatada em 2×2 e o jogo 5 com vantagem para o time do Atenas, Martin Osimani converteu uma incrível bola de três que garantiu a prorrogação que salvou o Biguá (campeão de 2007-08) da eliminação precoce. A série final estava formada e o Biguá estaria presente mais uma vez.

No jogo número 1, Mauricio Aguiar com 24 pontos e Leandro Garcia Morales com 20 garantiram a vitória do Biguá por 82×75. Leandro Garcia Morales também foi o destaque do jogo número 2, igualmente vencido por sua agremiação.

Então, chegava o dia da grande final, o jogo 3. Deitado no quarto do hotel, ligado em algum canal que não consigo recordar o nome, vi uma transmissão de primeiro mundo, com direito a um ginásio lotado e um nível de jogo considerável. Biguá e Defensor Sporting fizeram a final dos meus sonhos para uma liga doméstica sul-americana. Emocionante, tensa, explosiva e repleta de fãs do esporte da bola laranja. De nada adiantou o esforço dos americanos do Defensor (Brian Woodward e Chris Jackson), pois nos minutos finais, Leandro Garcia Morales e Martin Osimani (com seus arremessos do perímetro) garantiram o bi-campeonato ao time do Biguá. Com o final do jogo, delírio total da torcida presente no ginásio, festa na quadra. Vendo aquilo, pensei no passado do basquete brasileiro, tempos em que íamos para a Olimpíada e o nosso campeonato tinha algum prestígio, alguma qualidade. A minha lembrança disso é curta, afinal, eu era criança quando isso aconteceu pela última vez. Ali, sentado com meu pai e minha mãe na cama do hotel, tomando Pomelo e comendo Alfajor vi como o basquete pode ser feito de maneira correta e profissional. Ganhei até ânimo. Passado esse momento, me vi assistindo uma mesa-redonda com três ou quatro comentaristas debatendo a LUB, a temporada e o título do Biguá. Falavam também do momento do basquete uruguayo. Alguém consegue imaginar isso aqui no Brasil? Eu sinceramente não consigo. Só vejo transmissões chatas, “apressadas” e sem nenhum conteúdo.

A temporada do Biguá e as atuações impressionantes de Martin Osimani e Garcia Morales são consideráveis, mas a grande questão aqui não é bem essa. A questão é como as coisas funcionam tão bem pelos lados de lá? Será que lá uma emissora de TV manda e desmanda no basquetebol? Será que os ídolos do passado são destratados de forma grosseira? Será que os clubes são desorganizados, sem marketing e coisas já conhecidas pelas bandas de cá? Me parece que há uma enorme organização e vontade de se fazer as coisas bem feitas. Não foi a toa que no dia após a final, vi mais de uma pessoa vestindo a camisa do Biguá na rua. Não deve ser a toa que eu precisei sair do Brasil pra me lembrar que o basquete doméstico sul-americano pode ser fantástico.

Ficam aí questões para pensarmos e refletirmos, afinal, ao nosso redor tudo parece estar melhorando. Já aqui, nada é muito animador por enquanto. Pessoalmente, chega a ser desalentador voltar ao Brasil depois do que conferi em terras estrangeiras. Só fico na torcida por dias melhores.

Raoni Moretto
raokiller@hotmail.com

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