A Vez do Dirigente, por Chiaretto Costa
Um novo momento da história do nosso basquete pode começar a partir de maio próximo: A eleição de um dirigente renovador. Ao longo do tempo, desde meados do século passado, técnicos e atletas se destacaram por sua contribuição decisiva para o surgimento da potência mundial que se tornou o basquetebol brasileiro, com três títulos mundiais, dois no masculino e o recente feminino e uma vitória histórica masculina pan-americana, contra os hegemônicos norte-americanos, na casa deles.
Moacir Daiuto foi o técnico que começou a redesenhar o mapa do basquete mundial amealhando o bronze das Olimpíadas de ’48 em Londres para o Brasil, nos colocando de vez no cenário como importante centro de formação do esporte. Mas sua contribuição foi mais longe, dentro da USP, construindo as bases científicas do basquete. O grande Kanela, vencedor nato, um grande competidor, um exemplo de obstinação. Pedro Murilla Fuentes, Pedroca, que inventou a Franca basqueteira. E atrás deles vieram José Medalha, Hélio Rubens, Ari Vidal e tantos outros, portando características peculiares aos mesmos.
Essas gerações de técnicos tiveram a parceria utópica dos atletas dos respectivos times que dirigiam pelo amor ao jogo. Quando não se pensava em utilizar uma camisa para fazer uma propaganda de produtos e pagar ao melhor jogador para se vestir com o nome de uma marca, Algodão, Wlamir, Norminha, Maria Helena e aqueles todos que sabemos o nome, bancaram num sacrifício inconsciente a explosão da inteligente geração Oscar e Marcel, Hortência e Paula, que souberam maximizar seus ganhos com a profissionalização do atleta, favorecendo o estrelato milionário atual de Nenê, Leandrinho e Anderson Varejão.
Mesmo com toda a incompetência dos dirigentes que estiveram à frente da CBB ao longo desse período, e não quero falar em amadorismo dos mesmos para não se pensar que as gafes e as trapalhadas cometidas até agora, eram apenas desconhecimento do contexto, mas sim uma ávida vontade de se utilizar para deleite pessoal de viagens e situações diversas que o cargo máximo do basquete pode oferecer, e ainda assim, somos brilhantes. Ovacionados, homenageados, Hall da Fama.
Então, para quem não vê uma luz no fim do túnel, olhem o que a chapa Pro Basquete do candidato Carlos Nunes, está nos oferecendo para mudar o tenebroso momento.
Brunoro: Um dos mais capacitados profissionais do marketing esportivo do país. Trabalha para o grupo Pão de Açúcar. Foi marqueteiro do Palmeiras e técnico bem sucedido de Vôlei. Disse recentemente que o basquete vai ser o último grande trabalho da vida dele no esporte brasileiro. É pouco?
Interlocução: Carlos Nunes tem conversado com todos os dirigentes do basquete nacional, os que desejam, é lógico. Tem dono de time grande do passado que já disse que se entra a nova proposta reabre o time.
Respaldo: Nunes tem conseguido apoios de personalidades do basquete nacional como Hortência e José Medalha que tornaram pública sua opinião.
Desapego: No dia do lançamento da campanha, Carlos Nunes já disparou que é contra reeleição indefinida, sinal de que está disposto a passar adiante o cargo, disposto a largar o osso.
Agora, é a vez do dirigente. Podemos considerar esses itens suficientes para voltar ao desenho original do mapa do basket mundial. Nós, técnicos, atletas e amantes do basquete, já fizemos muito, doamos parte das nossas vidas e emoções para construir essa obra que estará sempre por finalizar.
A chapa Pro Basquete reúne um grupo de presidentes de federações e colaboradores capacitados, aberta a quem queira se juntar a ela, das mais diversas áreas da organização desportiva, numa tentativa coletiva de, no presente, reconstruir o futuro. Por isso a defendo de forma muito consciente e desprendida. Entendo que as opiniões em contrário vão apontar as falhas e defeitos na equipe, mas sei que os defeitos existem, mas o sentimento comum a todos é que o fundo do poço chegou. O Brasil todo, dentro e fora do basquete, não agüenta mais a inércia administrativa da CBB e a nova chapa respira ares idealistas como tem que ser com quem ama o esporte. Nosso objetivo deve ser derrotar os EUA na final das Olimpíadas.
Eu me recuso a pensar numa derrota Carlista em maio, ainda percebendo que a maioria dos presidentes de federação não acredita mais na capacidade administrativa do Grego, que insiste em dizer que a possui e vai mostrar, só “precisa de mais tempo”. Esperamos ainda que a eleição não seja decidida com impugnações de votos, o que acho bem possível de ser tentado pela situação e uma reeleição do Grego seria o golpe final nas esperanças de quem acompanha a vida do basquete.
Quanto a Carlos Nunes, que venha a vitória. Vencendo, terá grande responsabilidade. Aquela cadeira precisa ser utilizada de acordo com a natureza para que fora criada, por Dauito, por Wlamir, por Oscar, por Hortência, mas também pelo professor Hugo, da quadra de terra e seus pequenos atletas, a implantação do projeto Pro Basquete é a garantia do sucesso e da volta dos sorrisos ao nosso basquete. O presidente da CBB não tem mais o direito de nos decepcionar, de provocar engasgo de tristeza, mas sim de emoção por novas e constantes conquistas.
Chiaretto Costa