Domínio alemão

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Publicado em: 4/11/2013

Bundesliga. Mesmo quem não gosta muito de futebol, já deve ter escutado esta palavra. Sinônimo de estádios completamente lotados e, atualmente dividindo com a inglesa Premier League a condição de principal liga doméstica do planeta, a liga alemã de futebol é um dos modelos a serem seguidos quando o assunto é gestão de esporte profissional.

Mas nem sempre foi assim. Até meados da última década o campeonato alemão não estava entre os mais nobres da Europa. A elite do continente era composta por ingleses, espanhóis e italianos. Pois bem, agora outra Bundesliga (que significa “Liga Federal”), ensaia se enveredar pelo mesmo caminho: a de basquete. E suas metas não são nem um pouco modestas e incluem deixar de ser um liga secundária da Europa e incomodar a ACB, a poderosa liga espanhola, que ocupa praticamente sem concorrentes, o status de principal liga de basquete do velho continente. E para isso, os alemães contam com um aliado peso-pesado: o Bayern de Munique, que nesta temporada vai mostrando querer ser um sucesso também com a bola laranja.

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A Basketaball Bundesliga, popularmente conhecida como BBL, pretende se tornar uma liga de basquete tão respeitada quanto a poderosa ACB.

Para saber mais sobre como anda a liga alemã e qual o real tamanho de sua ambição, a coluna teve um pequeno bate-papo, por email, com o jornalista alemão Miles Schmidt-Scheuber, responsável pela parte alemã do site Eurobasket e setorista da equipe do Fraport Skyliners, de Frankfurt. Além disso, Schmidt-Scheuber, que é um aficionado pelo basquete de seu país (acompanha a Bundesliga, a segunda e a terceira divisão), há 10 anos narra jogos de basquete pelo rádio e pela internet, tendo participado na transmissão de 382 jogos. Então vamos lá para o bate-papo.

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O jornalista alemão Miles Schmidt-Scheuber narrando uma de suas 382 partidas da liga federal alemã de basquete.

Draft Brasil – Aqui no Brasil, nós estamos acostumados a ver os jogos de futebol da Bundesliga e é fácil perceber que é um tremendo sucesso de público. O basquete da Bundesliga está indo para o mesmo caminho?

Schmidt-Scheuber – A Bundesliga alemã tem apresentado um rápido crescimento nos últimos cinco anos. O seu principal dirigente, Jan Pommer, disse há alguns anos que ele quer que a Bundesliga seja a liga de basquete mais forte da Europa em 2020. A qualidade da competição tem crescido a cada temporada, principalmente devido a um aumento de bons jogadores que estão vindo jogar na liga, muitos com passagem pela NBA. Recentemente a Bundesliga assumiu a regra 6/6, onde cada equipe deve ter pelo menos seis jogadores alemães e seis jogadores internacionais. O interesse para o desenvolvimento de jovens também tem crescido entre as equipes, especialmente entre o TBB Trier e Frankfurt. Tudo isso levou a um aumento no público da liga. Na temporada 2007/08, em média 3.577 fãs foram aos jogos. Na temporada de 2012/13, a média foi de 4.435 espectadores.

DB – E a divulgação do campeonato? Existe interesse da TV em mostrar os jogos?

Schmidt-Scheuber – Por muitos anos a Bundesliga foi vista somente no canal a cabo Premiere, mas desde a temporada 2009-2010, a liga tem um contrato com a Sport 1 na TV aberta. As equipes também estão começando a mostrar os jogos on-line, e isto tende a crescer ainda mais no futuro, já que a liga deseja que cada equipe tenha seus jogos em casa, acessíveis pela internet.

DB – Este ano, o Bayern de Munique, uma das marcas mais poderosas do futebol europeu, decidiu aumentar os investimentos em sua equipe de basquete. Este novo modelo do Bayern pode ser considerado um marco na Bundesliga?

Schmidt-Scheuber – O Bayern sempre teve um departamento de basquete, mas nunca deu muita importância. Em 2010, Uli Hoeness (presidente do clube bávaro) finalmente mostrou algum interesse e contratou Dirk Bauermann, o ex-técnico da seleção alemã, como treinador, Depois de uma temporada na Pro A (segunda divisão) ele trouxe o clube para a Bundesliga em 2011. O clube teve um aumento do orçamento e chegou as quartas de final e semifinais nas duas primeiras temporadas na Bundesliga. Agora, o objetivo é conquistar o título. Tem sido muito importante para o campeonato ter uma marca tão famosa do esporte, como é o Bayern, que tem atraído um interesse total, de todas as direções, para o basquete na Alemanha.

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O poderoso Bayern de Munique espera ter o mesmo sucesso do futebol com o esporte da bola laranja agora.

DB – Existe a possibilidade de que outros clubes ligados ao futebol, como Borussia Dortmund e Schalk 04 tenham interesse em entrar para Bundesliga?

Schmidt-Scheuber – Já houve uma conversa sobre alguns dos outros grandes clubes de futebol tomarem este caminho, mas o período de tempo para progredirem vai demorar mais do que a rápida ascensão do Bayern. O Schalke04, por exemplo, está atualmente no liga regional e ainda longe da Bundesliga.

DB – Os últimos 12 campeões de Euroliga são clubes ligados ao futebol. Você acredita que Bayern estará entre eles em breve? E quais são as reais possibilidades das equipes alemãs na temporada europeia?

Schmidt-Scheuber – O Bayern está em uma temporada muito forte e deve chegar ao Top 16 em Euroliga. A equipe já teve bons resultados ganhando muito bem do Siena (heptacampeão italiano) e esteve muito perto de derrotar o bicampeão europeu, Olympiacos (derrota por 88X83, em Atenas). Está atualmente invicto (7-0) na Bundesliga, destruindo seus oponentes e crescendo com muita autoconfiança. A química da equipe está intacta, com muitos jogadores alemães que jogam juntos há anos, além de ter Svetislav Pesic (campeão mundial com a Iugoslávia em 2002), seguramente um dos melhores treinadores da Europa. A Alemanha tem cinco equipes participantes na Eurocup. O EWE Oldenburg alcançou o final four do Eurochallenge (foi terceiro colocado) na última temporada e eu os vejo indo longe na atual. Alba Berlin e o Telekom Baskets Bonn estão no mesmo grupo da Eurocup. Acho que o Alba Berlin também irá longe. Eles estão com uma equipe forte e têm um plantel com várias opções para fazerem um bom papel.

Amassando o aro!

Aproveitando que estamos às portas do início de mais uma edição do NBB e sem querer fazer qualquer tipo de comparação, dois pontos a salientar:

  • A necessidade e a urgência da LNB investir nas transmissões online. Não é exagero nem novidade afirmar que o mundo todo já adota essa prática. A federação paulista até nos deu um sopro de esperança, ao anunciar que haveria transmissão online de seu campeonato. Infelizmente, apenas um jogo foi transmitido.
  • Sobre a quantidade de estrangeiros, o modelo alemão pode até parecer exagerado para os nossos padrões, mas me agrada a ideia de trazer profissionais (bons, que isso fique claro) de fora. O basquete brasileiro só tem a ganhar. Ainda me causa espanto a reação exagerada, beirando até a xenofobia, que ocorreu após a pequena onda de importação de técnicos estrangeiros. Isso encobre o nosso maior problema, que é o tamanho do nosso mercado de “elite”. Ter apenas 17 times em atividade durante toda a temporada, ainda segue sendo nosso calcanhar de Aquiles.

Bingo!

A notícia sobre a realização da 2ª divisão pela LNB é ótima. Mas que a direção da liga não se contente em realizar um campeonato de apenas 3 meses. A 2ª divisão desta temporada tem que ser encarada como medida paliativa. Que em breve possamos ter pelo menos, 2 divisões sendo disputadas paralelamente. E seria bom se Liga procurasse a CBB para auxiliá-la na organização da 2ª divisão. Epa! CBB? Melhor deixar pra lá.

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