A bronca no vestiário, o Fred e o descontrole do Universo/BRB
Num jogo crítico para o Flamengo, a torcida rubro-negra quase lotou a HSBC Arena (o público divulgado foi o de 13.417 torcedores) e viu duas partidas distintas, de 20 minutos cada.
Embora ainda com diversos pontos a serem melhorados, a festa estava mais organizada do que no sábado, não tendo havido, por exemplo, a invasão dos torcedores aos setores mais caros do ginásio.
Em quadra, o Universo/BRB perdeu uma excelente oportunidade de ficar muito próximo do título do NBB. O primeiro tempo da partida foi praticamente uma repetição do que ocorrera na véspera. Nervosos em quadra, os anfitriões tinham, dificuldades para superar a defesa brasiliense e os arremessos forçados surgiram rapidamente (5 assistências do Fla contra 15 do Universo/BRB no primeiro tempo).
Tão nervosos quanto os jogadores do Flamengo estavam os três árbitros da partida. José Piovesan, Cristiano Maranhos e Sérgio Pacheco, exageraram no apito, inverteram marcações, procuraram discutir com jogadores e conseguiram deixar as duas equipes nervosas e instatisfeitas. Apenas no primeiro tempo, foram marcadas 29 faltas, ou seja, quase 1,5 faltas por minuto de basquete.
Num primeiro momento alheio a tudo isso, o Universo/BRB foi comandado por um excelente Valtinho, que distribuiu 7 assistências apenas na primeira etapa. Sorte do pivô Estevam que “ganhou” do armador uma sequência de 4 enterradas.
A verdade é que a equipe de Brasília foi para os vestiários não apenas com o placar favorável em 53 x 44, mas com toda a pinta de que dominaria o restante da partida para levar a decisão do NBB para a capital federal.
Contudo, os cariocas mudaram da água para o vinho na segunda etapa. Conforme ficamos sabendo após a partida, o pivô Rafael “Baby” Araújo deu uma bronca daquelas no restante da equipe no vestiário.
E parece ter surtido efeito. Com um basquete mais solidário, a bola sendo movimentada mais rapidamente e uma defesa muito mais agressiva, o Flamengo engatou uma sequência de pontos no início do segundo etapa, sob a batuta de um jogador que vem tendo menos oportunidade do que deveria nesse time do Flamengo: Fred.
Foi o armador o verdadeiro responsável por incendiar a HSBC Arena, com 8 pontos seguidos para o desespero de um atônito Lula Ferreira, que só pediu tempo após uma parcial de 14 x 2 para o Fla.
E após a interrupção do treinador do Universo/BRB, já com uma desvantagem de 58 x 55 no placar, ao invés de voltar com tranquilidade, os jogadores do time brasiliense perderam completamente a cabeça.
Ao focarem na péssima (para os dois lados) arbitragem, Alex e cia perderam o rumo e a vantagem do Flamengo não parou de subir, principalmente porque Fred continuava impossível.
O armador não apenas foi o grande líder do Flamengo no segundo tempo, com 15 pontos nesta etapa, como também anulou completamente o armador Valtinho, que vinha sendo o grande maestro do Universo/BRB. O terceiro período terminou com 32 x 7 a favor do Flamengo.
Numa infitração, Marcelinho acabou acertando o cotovelo no rosto de Alex, que perdeu de vez a cabeça. De onde estávamos, não deu para perceber se o lance foi intencional ou não.
O fato é que, embalado por sua torcida, o Flamengo apenas administrou a sua vantagem no período final, em que os ânimos continuaram quentes, principalmente depois de Ratto e Marcelinho se estranharem.
Lula Ferreira resolveu ousar, tirando todos os pivôs de quadra (Arthur era o homem mais alto). A tática não surtiu qualquer efeito e o placar dilatou-se ainda mais.
O clima tenso entre os jogadores do Universo/BRB pôde ser constatado ao término da partida. Alex não quis dar entrevistas. Já Lula Ferreira, que inicialmente disse que a sua equipe perdeu o foco do jogo, num segundo momento não quis culpar os seus jogadores pela derrota. Acabou ficando transtornado (confira o áudio abaixo) ao ser perguntado sobre a demora no pedido de tempo no momento em que o Flamengo fez uma parcial de 14 x 2, que acabou decidindo a partida.
Aliás, quando o ex-técnico da seleção brasileira finalmente perceberá que intervenções do técnico numa partida não significa falta de confiança nos comandados? O fato é que mais uma vez Lula Ferreira preferiu guiar a sua equipe com as rédeas soltas…
Final de partida: Flamengo 99 x 78 Universo/BRB e 2 x 1 a favor do Flamengo na série final. Como um teste de paciência, os torcedores tiveram que aguentar 64 marcações de falta, além de um grande número de faltas técnicas que, para os presentes, confundiam-se com as “meras ameaças” do trio.
Marcelinho anotou 35 pontos e 12 rebotes, mas o Flamengo dificilmente sairia de quadra com a vitória sem os 16 pontos, 5 assistências e a excelente marcação do armador Fred. O ala Jefferson calibrou a mão na segunda etapa e contribuiu com 15 pontos e 8 rebotes.
Pelo time de Brasília, Alex (16 pontos) e David (10 pontos e 8 rebotes) foram os maiores destaques individuais.
A 4ª partida em Brasília, vale dizer, foi remarcada para o próximo dia 21 (domingo), às 12 horas, no Ginásio Nilson Nelson.
Entrevistas:
Lula Ferreira:
Duda:
Fred:
Marcelinho: