“Começo” caótico!
Não parece, mas tivemos uma boa vontade e uma paciência imensa para tentar entender como transcorria a “preparação” da seleção brasileira adulta masculina.
Para começar, convém lembrarmos do calendário divulgado com toda pompa pela CBB no mês de março:
Através do site da FIBA, a CBB gabava-se naquele momento de já ter inclusive o número exato de horas de treino para a Copa América (Pré-Mundial).
De fato, se cumprido o calendário anunciado, com 2 meses de treinos e uma série de amistosos a disputar, o Brasil seria disparadamente a seleção mais preparada, não apenas das Américas, mas provavelmente no mundo inteiro.
O curioso é que neste ano, ao contrário do que vinha ocorrendo, a grande maioria dos “medalhões” da seleção brasileira sinalizou de forma clara e com muita antecedência que poderia defender o Brasil.
A primeira surpresa ocorreu quando Moncho Monsalve finalmente apareceu no Brasil e convocou uma…”seleção preliminar”, que sequer havia sido mencionada anteriormente.
A explicação é que a “seleção preliminar” valeria-se dos torneios em Portugal como preparação para o Sul-Americano 2010. Como a competição do ano que vem representa o primeiro passo para o ciclo olímpico de 2012, a estratégica tinha a sua lógica, apesar da falta de qualquer informação prévia neste sentido.
De qualquer forma, a preparação do “expressinho brasileiro” em Portugal, em nada impedia a convocação da “seleção A”, que àquela altura já poderia estar se preparando no Brasil.
Disponibilidade, ao menos de parte dos jogadores, não parecia ser um problema. Desde meados de junho, por exemplo, Leandrinho vinha se matando na HSBC Arena…treinando sozinho. Relatos chegaram de outras partes do país contando que no Sul, Splitter repetia o cenário, e em SP, Huertas inclusive visitou a seleção B na tentativa de se manter em movimentos.
O mais surpreendente, contudo, ainda estava por vir. Em plenos Jogos da Lusofonia Moncho Monsalve resolveu (finalmente) anunciar a convocação da “seleção A” e, pior, convocou 2/3 dos jogadores do “expressinho” (consequentemente, cortou o 1/3 restante). Em outras palavras, caiu por terra o tal papo de “preparação para o Sul-Americano 2010”.
O que já parecia bagunça começou a tomar cores de caos, quando vazou a informação de que, com medo da gripe suína, a seleção brasileira (a essa altura, toda misturada, já não dava nem para identificar A de B) não disputaria o Super4. Uma coisa deve ficar clara: a gripe não existe apenas na Argentina e ainda que existisse, delegações brasileiras já foram até lá e voltaram sem nenhum problema grave (o Cruzeiro também fez escândalo na tentativa de escapar do caldeirão em La Plata). Ok, o medo deve ser respeitado, seja ele de que natureza for. Portanto, aparecia a idéia de não participar do campeonato, certo?
Errado. Motivada pelo medo de “gripar” nossas estrelas, surgiu a informação que a CBB planejava enviar a seleção sub19, que sequer se classificou para o Mundial disputado neste ano. Ou seja: os adultos não podem pegar a gripe suína, mas os garotos sim, como bem analisou o mestre Wlamir Marques, em sua comunidade no Orkut.
Agora, 2 dias depois, quando os garotos já supunham que viajariam para a Argentina, uma nova informação, divulgada pelo Basketbrasil e pelo Databasket, e já confirmada por pelo menos uma dezena de fontes: a CBB enviará o Paulistano + 3 ou 4 jogadores da seleção (A, B, AB, o que seja) para representar o Brasil no Super4.
O time do Paulistano, que nada tem com isso, ganhou no melhor estilo 0800 uma preparação de luxo para a próxima temporada, enquanto que mais uma parte do cronograma da seleção brasileira foi descumprida.
Fora isso, o que diabos farão jogadores convocados por Moncho Monsalve no time treinado por João Marcelo na Argentina? Foi para isso que foram tirados de suas casas? Para se juntar a um time profissional que não lhe paga o salário? Recusar é uma opção? E o medo de dizer não e sofrer retaliações no futuro?
Na próxima segunda-feira, os jogadores viajam para o Rio de Janeiro, onde disputarão um dos poucos torneios preparatórios que sobraram do tal “super calendário planejado”: o Torneio Internacional Eletrobrás.
Aliás, o torneio que reunirá Brasil, Argentina, Austrália e Uruguai, também já teve a sua estrutura modificada. Seria disputado num quadrangular, em 3 dias (conforme calendário original), mas agora serão apenas 2 jogos eliminatórios para cada equipe. Coincidência ou não, na manhã seguinte à última partida ocorrerá a partida beneficente organizada por Anderson Varejão.
Isso tudo vem ocorrendo, diga-se, sem qualquer tipo de comunicação oficial e, pior, sem qualquer resposta para os inúmeros emails enviados pelo Draft Brasil (e, acredito, por outros meios de imprensa) ao longo desses dias.
Com toda essa bagunça, se não houver mais mudanças de última hora, o Brasil terá disputado 2 partidas no Brasil, 3 em Porto Rico, e, logo a seguir, estará disputando uma das 4 vagas para o Mundial de 2010.
Eis os nossos planos para a grande retomada do basquete nacional.