Primeiras observações da preparação uruguaya para a Copa América
Depois de começar uma série de análises da fase de preparação de equipes que irão disputar a Copa América, o Draft Brasil analisa hoje o time uruguayo (confira a análise da preparação argentina aqui). No começo de Junho quando noticiamos o pedido de dispensa de Nicolás Mazzarino acabamos também excluíndo um pouco a seleção uruguaya de uma eventual briga por vaga no Mundial 2010. Argentina, Brasil, Porto Rico e as duas reforçadas equipes da República Dominicana (4 NBA’s convocados) e do México (2 NBA’s convocados) aparentemente continuam sendo os favoritos na briga por uma vaga na Turquia, entretanto, os vizinhos uruguayos também são dignos de uma análise profunda. Seguindo os moldes do primeiro artigo da série, tentaremos discutir como a seleção celeste jogará em Porto Rico.
O primeiro passo da preparação da equipe de Gerardo Jauri começou Domingo em Rosário, Argentina. A equipe celeste chegou ao Super4 com mais dois desfalques além de Mazzarino (Claudio Charquero que ficará de fora até da Copa América e Leandro Garcia Morales que retorna em uma semana). O quinteto inicial da equipe de Jauri começava a se desfigurar, afinal, muitos apostam que Jauri utilizaria Leandro Garcia Morales e Mazzarino juntos em algumas partidas (ambos são escoltas). Porém, foi na ausência de dois dos três melhores jogadores que se viu uma seleção com bastante padrão tático já em um início de preparação (80×92 vs Argentina e 90×80 vs Brasil/Paulistano foram os resultados).
Jauri levou 14 atletas para Rosário (Martín Osimani, Gustavo Barrera, Juan Pablo Silveira, Diego González, Mauricio Aguiar, Diego Castrillón, Emilio Taboada, Sebastián Vázquez, Joaquín Osimani, Esteban Batista, Sebastián Izaguirre, Nicolás Borsellino, Reque Newsome e Gaston Páez). Três deles serão cortados até a Copa América, afinal, Leandro Garcia Morales tem vaga garantida no selecionado.
Osimani e Barrera são os armadores dessa equipe e conduzem o jogo em um sistema que envolve muitos “pick and roll’s” e jogadas de garrafão para Esteban Batista. Barrera deve ser o reserva de Leandro Garcia Morales e Osimani na Copa América, jogando muitos minutos tanto na posição de armador como de escolta. Na posição 3, Mauricio Aguiar é o dono da camisa titular com sua defesa forte e qualidade razoável ofensivamente (anotou 24 pontos contra o Brasil/Paulistano).
O garrafão uruguayo tem um nome: Esteban Batista. Com passagens pelo Atlanta Hawks e Boston Celtics, Batista é o primeiro e único uruguayo a jogar na NBA. Depois que saiu da liga norte-americana ainda chegou ao Final Four da Euroleague com o Macabbi Tel-Aviv e foi sólido no Libertad Sunchales na Argentina. O ala-pivô acabou de assinar um contrato de três anos com o Fuenlabrada da Espanha. No quesito seleção, Batista é o pivô mais dominante no cenário latino a um bom tempo (competições com médias de 20 pontos e 15 rebotes por jogo por exemplo). Com a ausência de Charquero, Reque Newsome (americano naturalizado) pode ganhar um lugar ao lado de Batista, afinal, Newsome tem muita energia e pode completar o garrafão uruguayo. Gaston Páez por enquanto ainda é o titular. Sebastián Izaguirre e Nicolás Borsellino são as outras opções e prometem muita briga por uma das doze vagas em Porto Rico (Izaguirre pela participação no Pré-Olímpico de Las Vegas e qualidade ofensiva parece sair em vantagem).
Colocando Martín Osimani, Barrera, Leandro Garcia Morales, Batista, Páez, Newsome e Aguiar como certos em Porto Rico, sobram cinco vagas. Taboada e Castrillón devem ser os alas “3” e Diego González o último escolta. Sobrariam exatamente uma vaga disputada entre Izaguirre e Borsellino. A partir daí, podemos até fazer uma rotação uruguaya utilizada por Jauri em Porto Rico. Joaquín Osimani e Sebastián Vázquez estariam mesmo ganhando experiência na seleção principal e seriam os dois cortes óbvios.
Osimani, Garcia Morales, Aguiar, Batista e Páez serão o quinteto titular (ressalto o fraco potencial de Páez). Barrera jogará muito tempo vindo do banco, ou seja, jogará de armador substituíndo Osimani e também deve ganhar minutos de escolta quando Leandro Garcia Morales descansar (pouco tempo por sinal). A briga para substituir Aguiar é grande: Emilio Taboada do Malvin começou o jogo contra a Argentina, entretanto, Castrillón (experiente atleta do Defensor Sporting) me parece mais jogador além de ser bem mais alto (2,00m contra 1,90 de Taboada). Por sinal, Taboada terminou zerado o jogo contra a Argentina e Castrillón fez 20 pontos contra o Brasil/Paulistano o que pode lhe dar a vantagem de ser o reserva de Aguiar. Batista é dono dos 40 minutos na posição “4” e deixa a briga pelos minutos restantes entre Newsome, Izaguirre e Páez. O pivô Páez joga por seu porte físico e altura. Newsome é relativamente baixo para a posição de pivô (2,03m) e deve mesmo jogar alguns minutos do banco. Izaguirre se confirmado no plantel principal pode ganhar minutos, afinal, é o único dos três jogadores que tem certo poder ofensivo (me parece o melhor jogador de garrafão do Uruguay depois de Esteban Batista mas não recebe grandes chances na seleção).
A ausência de Mazzarino deve ser mesmo fundamental e privar o Uruguay de sonhos maiores, afinal, a rotação dessa geração uruguaya sempre foi de mais ou menos oito jogadores. Colocando a equipe ideal de Jauri nesse plano, teríamos: Osimani, Mazzarino, Aguiar, Batista, Páez, Barrera, Garcia Morales e Newsome. Tirando os dois pivôs “5” (compensados pelo monstro Esteban Batista) o time teria um perímetro forte e que ajudaria a equipe a não ser tão dependente de Batista, entretanto, sem Mazzarino uma bola de neve acaba se formando. Leandro Garcia Morales passa de sexto homem para titular com pouco descanso, Barrera de armador reserva vira uma espécie de reserva tanto na posição “1” como na “2”. Aguiar acaba ficando sobrecarregado, afinal, Leandro Garcia Morales deixa de ser seu reserva e passa a ser o líder do perímetro, restando a Taboada ou Castrillón a incumbência de ser o ala “3” reserva da equipe. Essa bola de neve acaba enfraquecendo todo o sistema uruguayo que ainda não tem Jayson Granger (armador/escolta, principal jogador da nova geração, nascido em 1989 e que joga no Estudiantes de Madrid). Juan Pablo Silveira (com passagens pela Universidade de Weber State) deve ganhar seus primeiros minutos na seleção principal com a ausência de Mazzarino, porém não sinaliza com a solidez do perímetro que o experiente jogador do Cantú italiano dá ao time celeste.
Raoni Moretto
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