Argentina protesta contra Brasil junto à FIBA
Segundo relatam os sites Yahoo!Deportes e Canchalena.com, Germán Vaccaro, presidente da CABB (Confederação Argentina da Basquetebol) formalizou prostestos contra os brasileiros perante a FIBA Americas e as demais Confederações continentais em virtude da polêmica que envolveu o envio da “seleção brasileira” ao Super4.
Trata-se de mais uma repercussão da atabalhoada decisão da CBB de, às vésperas do Super4, para alterar parte do planejamento de preparação da Copa América por conta do medo do contágio da gripe suína.
A fúria dos argentinos é compreensível. Ao contrário do que ocorre nestas bandas, eventos basquetebolísticos são levados a sério na Argentina.
Os ingressos para o Super4 argentino, por exemplo, custam de R$ 20,00 a R$ 60,00, e são vendidos antecipadamente. A receita obtida é utilizada para bancar a viagem de seleções “atraentes”, despesas com a própria seleção e com a divulgação do evento.
No Brasil, por outro lado, o Torneio Internacional Eletrobrás, ironicamente recém batizado de Super4, é todo bancado por verbas oriundas da estatal brasileira (Eletrobrás).
Embora sobre dinheiro, não há qualquer preocupação da CBB em divulgar o evento e, ano após ano, o torneio é um verdadeiro fracasso de público, mesmo com a gratuidade dos ingressos e a presença de estrelas internacionais (vide foto abaixo, que registra um público não superior a 200 pessoas para assistir Brasil x Venezuela em 2008).
Assim, não há de fato uma grande preocupação da CBB com que vem ou deixa de vir para os amistosos, embora tecnicamente acabe afetando (e muito) a preparação da seleção brasileira.
Como já dito, o argumento brasileiro para não participar da competição compromissada há pelo menos 1 ano é a crise suína. Em suma, a CBB entendeu ser uma viagem perigosa para os atletas brasileiros.
Em decisão de última hora, tomada quando os argentinos já vendiam ingressos, promovidos inclusive com fotos das estrelas brasileiras, a CBB anunciou que enviaria a seleção Sub19 (aparentemente uma geração imune à gripe suína).
Como foram diretamente ameaçados pela FIBA, a CBB voltou atrás e resolveu convidar jogadores e técnico do Clube Athletico Paulistano e reforçaram com 4 jogadores que disputaram os Jogos da Lusofonia. Aparentemente, são todos atletas também imunes à gripe suína…
Obviamente, não cabe ao Draft Brasil se estender em argumentos relacionados à saúde pública, mas de concreto só existe o fato de que o Ministério da Saúde NÃO INDICA O CONTROLE DE FRONTEIRA (vide resposta nº 7), ou seja, a CBB tomou uma decisão por contra própria, que não encontra qualquer respaldo no órgão máximo da saúde brasileira e muito menos na OMS, que já considera a gripe disseminada em todos os países do mundo.
Chega a ser curiosa a posição brasileira. De fato, nossos dirigentes, a imprensa e a população de maneira geral, costumam criar um verdadeiro rebuliço quando delegações estrangeiras, principalmente de países mais desenvolvidos, manifestam preocupações sanitárias com as viagens para o Brasil.
Ocorreu, todos devem se lembrar, durante os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro em 2007, cidade onde, apenas no ano passado, foram confirmados 169 óbitos no Rio de Janeiro (com mais 141 mortes investigadas) pela dengue, número muito superior à proporção óbito/habitantes até agora registrada pela gripe suína na Argentina (165 óbitos, num país de 40 milhões de habitantes).
Mais curioso ainda é constatar que, de acordo com o CDC norte-americano (Centers for Disease Control and Prevention), Porto Rico é a região mais infectada pela gripe suína dos EUA, país recordista em número de casos registrados em todo o mundo (Porto Rico é um país associado aos EUA). Logo em seguida, vem o estado do Arizona, de onde, por coincidência, veio o atleta Leandrinho Barbosa e para onde certamente ele voltará (sem qualquer protesto) após o compromisso com a seleção brasileira.
De qualquer forma, se a CBB desconfia das recomendações do Ministério da Saúde e resolveu, por conta própria, tomar as medidas que entende ser necessárias para preservar a saúde dos atletas, não deveria ter encaminhado qualquer delegação à Argentina.
Levaria-se o caso à última instância desportiva e arcaria-se com todas as consequências, inclusive com a ameaça de ficar de fora da Copa América (se o lema é saúde em primeiro lugar, parece um preço justo a ser pago).
Da maneira como foi conduzida a questão, dificilmente a CBB receberá algum tipo de punição pela FIBA. Com incoerência ou não, foi enviada uma delegação que atualmente representa a seleção brasileira (aliás, vem representando dignamente, registre-se) e, salvo uma estipulação contratual mais precisa, não haverá mecanismos para punir os brasileiros.
Todavia, a atitude da CBB não ficará imune a consequências. Não se trata de uma confederação sem prestígio esperneando sem motivos, mas sim da máxima entidade do país atualmente no topo do ranking FIBA denunciando, com bons argumentos, que os brasileiros não cumprem seus compromissos internacionais.
Significa que outras confederações, principalmente as mais sérias, pensarão inúmeras vezes antes de convidar o Brasil para disputar torneios e amistosos internacionais.
Ademais, a indisposição entre as confederações continentais pode representar dificuldades no futuro para que grandes torneios oficiais sejam sediados no Brasil – o que, na modalidade masculina, já não ocorre há um bom tempo.
Para finalizar, o presidente da CABB deu um golpe de luvas de pelica na CBB, ao declarar que não devolverá a medida na mesma moeda (a piada que circula no Draft Brasil, é de que os argentinos poderiam enviar o Obras Sanitárias para o Super4 brasileiro). Confira as palavras de Germán Vaccaro: “La Argentina no pagará con la misma moneda esta falta de respeto, nosotros iremos al Súper 4 de Brasil [el 6 y el 7 del actual] con el mejor seleccionado. Dimos nuestra palabra“.