A melhor seleção brasileira dos últimos anos?
É ponderado ser prudente? É até o mais óbvio.
Vacinados como somos, se empolgar com rápidos resultados em incertos amistosos costuma ser pra lá de perigoso. Quem não se lembra quando vencemos bem a Croácia? A mesma seleção conquistaria a vaga olímpica no torneio disputado na Grécia e nós passaríamos um terrível vexame contra a Alemanha.
Dá pra lembrar também os bons jogos na preparação para o Mundial de 2006, que anteciparam a pior participação da História de uma seleção brasileira.
É claro que é possível tudo isso acontecer nas próximas semanas. É possível a Argentina jogar em alto nível (com Scola, Quinteros e quem sabe Prigioni), é possível que Porto Rico faça valer o mando de casa, é possível que os dominicanos se entendam e consigam complicar.
Mas convenhamos: alguém esperava duas vitórias tão convincentes assim no Super Four Brasileiro? O Uruguai pode não ser uma maravilha e pode mesmo ter treinado mais do que jogado, testando opções de jogo. Isso não explica sozinho, de forma nenhuma, os quase 40 pontos de vantagem da seleção brasileira. E a Austrália é fraca mesmo. Perdeu para o time do Brasil/Paulistano e o que se esperava era mesmo um passeio brasileiro. Ainda assim, nós, mal acostumados que somos às fracas atuações, não temos o direito de um rápido sorriso em meio a esse pano de fundo tão tenebroso da modalidade no país?
É fato que o talento dos jogadores brasileiros tem feito a diferença. E é também notório que o sistema de Moncho nos aproxima do basquete de verdade, e não o cada-um-por-si que muitas vezes vimos na seleção nos últimos tempos. Da vez passada, com o elenco extremamente limitado, o Brasil conseguiu bons jogos (apessar de sofrer o atropelamento público contra Grécia e Alemanha).
Hoje, mais mordidos, conhecendo melhor Moncho e sua maneira de trabalho, e tendo em mãos o que temos de melhor (falta Nenê e Paulão pro garrafão e nada mais) o caminho parece, enfim, promissor. Posso estar terrivelmente equivocado, mas tenho a impressão que veremos a melhor seleção brasileira desde 2003 (em 2002 ficamos em oitavo no Mundial, o que hoje ainda parece distante).
Ter uma seleção melhor que os vexames recentes pode parecer pouco. Mas não é. É insuficiente, mas para quem está cansado de apanhar, ter a chance de bater de vez em quando faz um bem danado. Aguardemos os próximos capítulos.
Guilherme Tadeu de Paula (guilhermetadeudepaula@gmail.com)