O basquete invisível, por Chiaretto Costa

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Publicado em: 20/02/2008

Para começar a escrever no DraftBrasil sobre basquete, ao contrário das personalidades que escrevem como Renatinho, Prof. Paulo Murilo e o grande Agra, eu não dispenso apresentações.

Meu nome é Chiaretto Costa, nasci em Pernambuco, na capital, onde comecei a jogar basquete aos oito anos de idade. Faço parte do basquete invisível, sem cobertura, que serve pura e simplesmente de mão-de-obra barata para ajudar na construção do esporte no país e esteve no topo do mundo há pouco mais de uma década. O Brasil de Hortência, Paula e Janeth reinou por 4 anos.

E eu, onde fico nisso?

Em lugar nenhum. O abismo que separa o basquete do eixo Rio – São Paulo do resto do país faz parecer que pertencemos a outro Brasil que não aquele campeão na Austrália em ’94. E isso se reflete nas afirmações, decisões de dirigentes e consequentemente, no comportamento de parte da mídia e imprensa especializada. Muitas pessoas do meio do basquete que fazem indagações do tipo: ”nesses estados tem basquete?”, ou ainda “eu nem sabia que se jogava basquete lá”, desconhecem forças que continuamente fazem o trabalho de revelação de talentos, sem usufruir dos títulos e das e das benesses que o esporte dá a seus construtores.

Seguramente, dois grandes nomes do basquete brasileiro, não terão mais dúvidas sobre dois estados. Pernambuco e Maranhão. O primeiro nome é o Paulo Bassul, técnico do Ourinhos no nacional feminino e da seleção brasileira. Depois do frio na barriga que deve ter passado, num apertadíssimo jogo de semifinal em Recife, com 3.000 torcedores apoiando o time da casa, contra o sensacional Sport Recife, do técnico Roberto Dornellas, meu primeiro técnico, e que comandou um time que poderia ser pago só com o salário da Iziane.

E é aí onde entra o Maranhão. Iziane é atleta do meu amigo Betinho, fundador do Beto Sport Clube, de São Luís, seu próprio time, onde Iziane começou a jogar e além dela já revelou outras garotas para as seleções brasileiras de base. O outro nome é Laís Helena, renomada técnica do Santo André, que viu seu time cair fora do nacional diante do “leão” pernambucano, nas quartas-de-final.

Ainda assim, equipes como a de Clarissa, o Fluminense, foram ovacionadas pela mídia, com sua campanha pífia, onde o talento de uma só jogadora era mais mostrado do que o trabalho de toda uma equipe como a do Sport, que desafiava as mais poderosas e tinha suas conquistas minimizadas na veiculação das notícias de massa.

Essa é uma situação recorrente no basquete nacional, mas nesses momentos pode-se fazer a indagação contrária: ”mas no Fluminense tem basquete?”, ou ainda: ”nem sabia que se jogava basquete lá”, depois do sonoro 120 x 47 aplicado no returno do nacional pelo Sport no Flu. Mas isso seria ignorar o trabalho abnegado do Guilherme Voz e das mães que ajudam a manter a equipe. Da mesma forma, é injusto não dar a visibilidade que o apaixonado por basquete Dornellas, faz pelo seu Time.
Eu sei o que é dirigir time com parcos recursos, precisa-se ter uma coragem de leão. E é bom quando reconhecem isso em público, como fez comigo o grande Melchiades Filho, então editor de esportes da Folha de São Paulo, num artigo intitulado “A Força do Piauí”,no dia 25 de outubro de 2005, onde discorreu sobre a saga do primeiro time do nordeste a entrar numa competição nacional adulta masculina, a NLB. Por isso, sei do valor do Guilherme Voz, mas não posso deixar de destacar que o Dornellas merece mais espaço que ele no momento.

Portanto, depois de conhecer 20 capitais brasileiras, a serviço do basquete, nas mais variadas funções que vão de atleta, no passado, passando por técnico e dirigente, e me limitando às funções de técnico, no momento, vou aproveitar a oportunidade para informar os internautas do DB sobre as Izianes, Sandros e Andersons Varejão, Rattos, Agras, Telmos, Chuís, que não deixaram seus estados e permanecem anônimos, sem cobertura, mas continuam a contribuir com o basquete para diminuir o abismo que separa o basquete do Brasil do basquete do resto do mundo.

por Chiaretto Costa

Chiaretto apareceu para a mídia nacional como treinador do primeiro time nordestino a disputar uma competição nacional, o CBT\Teresina (PI), hoje é treinador do Uniasselvi/Timbó (SC), terceiro colocado no último estadual catarinense e é colunista do DraftBrasil.

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