O nome certo escrito por linhas (muito) tortas!

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Publicado em: 16/01/2010

Rubén Magnano enfim foi anunciado como novo técnico da seleção brasileira, encerrando uma indefinição que já durava mais de 5 meses. Tomada a decisão de substituir o técnico espanhol Moncho Monsalve, a escolha por Magnano é irreprensível. Já o conturbado processo que a envolveu foi lastimável.

A saída do técnico Moncho Monsalve começou a se desenhar há muito tempo, na verdade, desde o dia 4 de maio de 2009, quando Carlos Nunes assumiu o lugar de Grego na presidência da CBB. Já naquela data era evidente a existência de uma indefinição dos correligionários de Carlinhos sobre o cargo, com parte, inclusive, apoiando expressamente a imediata substituição do treinador.

O fato é que Moncho foi inicialmente mantido e, incrivelmente – esse talvez tenha sido o episódio mais lamentável de toda essa novela – foi em plena Copa América que explodiram os rumores de que a CBB planejava a substituição do técnico. A demora e a falta de clareza nas declarações de Carlos Nunes, seguida por pesadas e questionáveis críticas ao modus operandi do treinador serviram para, no mínimo, pertubar o ambiente da seleção e da própria CBB. Quem estava em San Juan garante, inclusive, que os diretores técnicos Vanderlei Mazzuchini e André Alves simplesmente não falavam a mesma língua do técnico Moncho Monsalve (no sentido figurado!).

O problema é que a seleção conquistou a Copa América e, mais, o fez praticando o seu melhor basquete em quase 15 anos. Fora isso, Moncho Monsalve conquistou a simpatia dos jogadores, dos torcedores e até da (reconhecidamente) rabugenta mídia especializada.

Assim, a CBB passou os últimos 5 meses tentando arrumar uma justificativa para uma decisão que já havia sido tomada há muito tempo. Ora era o temperamento do treinador, ora era a falta de viagens ao Brasil, ora era a saúde de Moncho, ora era uma suposta pretensão por um aumento. Enfim, dezenas de desculpas esfarrapadas que eram desmentidas ao longo do tempo, enquanto que pipocavam na imprensa rumores de que a CBB estava sim à procura de um novo treinador para a seleção masculina.

Foi um verdadeiro processo de fritura pública desnecessário e desrespeitoso com um técnico que pode ter os seus defeitos, mas nunca faltou respeito à seleção brasileira, e que, a seu modo, conseguiu fazer com que o nosso time voltasse a jogar um bom basquete.

O mais inusitado é ver alguns jogadores, como Marcelinho Huertas e Tiago Splitter, que parecem ter certa aversão à imprensa, ver que o falatório sobre a substituição do técnico da seleção durante e depois da Copa América nada tinha de equivocado, conforme demonstram as suas declarações ao Globoesporte.com. Vejamos:

Tiago Splitter “– Não sabia de nada. Todo mundo sabia que o Moncho estava com alguns problemas físicos, passou por uma operação no ano passado, mas não sabemos por que houve essa troca. Mas a CBB deve ter seus motivos”.

Marcelinho Huertas “– Eu não sabia que eles estavam tentando fechar com um outro nome. Claro que tem muita especulação, mas no fundo a gente nunca sabe se é verdade. O Moncho fez um trabalho muito bom. Não sei quais foram as razões para ele sair, mas acho que tem que respeitar. Se nós conquistamos o título da Copa América no ano passado, devemos muito a ele”.

Dito isso, o nome escolhido para substituí-lo é mesmo inquestionável. Rubén Magnano, entrevistado pelo Draft Brasil em agosto, está num outro patamar do basquete internacional e possui um invejável currículo à frente da seleção Argentina e de clubes daqueles país.

Então, os fins não justificariam os meios? De forma alguma. O processo de substituição é legítimo, mas deveria ter sido feito às claras e no tempo certo, até em respeito a imagem da própria CBB. Ora, imagine, por exemplo, se a moda pega e o próprio Magnano, no meio do Campeonato Mundial começa a discutir proposta com outras seleções ou clubes?

Além disso, a substituição no meio de um ciclo (preparação para o Mundial 2010) é arriscada, ainda mais quando o trabalho anterior vinha colhendo bons frutos. A mudança pode criar uma sobrecarga de responsabilidade muito grande sobre os ombros de Ruben Magnano, que terá pouquíssimo tempo para conhecer o basquete brasileiro e preparar a seleção para o torneio a ser disputado na Turquia.

Não podemos esquecer que a geração dourada de nossos hermanos contou com um material humano muito melhor que o nosso, principalmente em termos de profundidade de elenco. Aquele time campeão olímpico contava, por exemplo, com jogadores como Montecchia, Oberto, Delfino e Walter Hermann…no banco de reservas. Isso sem contar, evidentemente, com a presença de 2 jogadores espetaculares: Manu Ginobili e Luis Scola.

Assim, apesar de Moncho Monsalve ter conseguido preparar um time competitivo, corrigindo dois de nossos principais problemas históricos: precipitação no ataque e postura defensiva, há que se ter paciência com o novo técnico da seleção e dar-lhe toda a estrutura necessária antes de cobrar resultados, até porque dispor de um campeão olímpico é um privilégio para pouquíssimos…

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