EUA anuncia pré-lista com nomes para Mundial da Turquia e Olimpíadas de Londres
A USA Basketball anunciou a convocação do técnico Mike Krzyzewski para o o ciclo de treinamentos da seleção norte-americana visando o Mundial da Turquia neste ano e as Olímpiadas de Londres em 2012.
A lista e a análise seguem abaixo:
Medalhistas de ouro em Pequim-2008
Carmelo Anthony (Denver Nuggets)
Carlos Boozer (Utah Jazz)
Chris Bosh (Toronto Raptors)
Kobe Bryant (Los Angeles Lakers)
Dwight Howard (Orlando Magic)
LeBron James (Cleveland Cavaliers)
Chris Paul (New Orleans Hornets)
Dwyane Wade (Miami Heat)
Deron Williams (Utah Jazz)
Medalhistas de bronze em Atenas-2004
Lamar Odom (Los Angeles Lakers)
Amare Stoudemire (Phoenix Suns)
Restante da lista
LaMarcus Aldridge (Portland Trail Blazers)
Chauncey Billups (Denver Nuggets)
Kevin Durant (Oklahoma City Thunder)
Rudy Gay (Memphis Grizzlies)
Eric Gordon (Los Angeles Clippers)
Danny Granger (Indiana Pacers)
Andre Iguodala (Philadelphia 76ers)
Al Jefferson (Minnesota Timberwolves)
David Lee (New York Knicks)
Brook Lopez (New Jersey Nets)
Kevin Love (Minnesota Timberwolves)
O.J. Mayo (Memphis Grizzlies)
Kendrick Perkins (Boston Celtics)
Derrick Rose (Chicago Bulls)
Gerald Wallace (Charlotte Bobcats)
Russell Westbrook (Oklahoma City Thunder)
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Análise:
Podemos observar a convocação de nove atletas que estiveram em Pequim-2008. Daquele grupo, ficaram de fora os alas Michael Redd (Milwaukee Bucks), Thaysuan Prince (Detroit Pistons) e o veterano armador Jason Kidd (Dallas Mavs).
Sobre os outros nomes divulgados podemos dizer que Lamar Odom e Amare Stoudemire ganham nova chance de jogar neste grupo. Odom vem realizando grande temporada no Los Angeles Lakers. Atleta diferenciado pela qualidade e domínio de todos os fundamentos do jogo (destaque para os rebotes e passe), Lamar já autuou pela seleção e sua convocação para este período de treinamentos enfatiza a sua grande qualidade. Amare Stoudemire por sua vez não realiza sua melhor temporada com base em estatísticas de jogo. Porém está mais maduro do que em 2004, quando serviu a seleção do seu país nas Olímpiadas de Atenas. Outro dado é que nesta temporada Stoudemire jogou todos os jogos de sua equipe até aqui (53 partidas) e iguala a marca da última temporada, na qual teve problemas com lesão e realizou apenas 53 jogos dos 82 possíveis na temporada regular pelo time do Arizona. Com a melhora da parte física e um tempo sem lesões, Amare poderá ajudar o selecionado americano e ser uma grande opção para Coach K.
No restante da lista temos veteranos rodados e experientes como Chauncey Billups e garotos recém saídos da faculdade, como Eric Gordon, OJ Mayo ou Derrick Rose. Porém a maioria dos nomes é composto por atletas jovens, com 25 anos ou menos.
Fácil notar ainda a distribuição das posições: 5 jogadores que fazem a armação de jogadas ou são escoltas (Billups, Rose, Westbrook, Gordon e Mayo), 5 alas com recursos ofensivos excelentes, além de ajudarem muitos nos rebotes defensivos (Durant, Granger, Igouadala, Wallace e Gay) e 6 alas/pivôs ou simplesmente pivôs (Jefferson, Aldridge, Love, Perkins, Lopez e Lee), que dominam os rebotes ofensivos e defensivos, com boa técnica ofensiva, principalmente arremessos de média distância (talvez Perkins destoe um pouco do grupo) e todos eles pivôs movéis e agéis para a altura e peso corporal, o que garante ao time uma condução veloz de jogo.
Por esta lista, os laterais parecem ser a posição mais rica dos norte-americanos hoje. Sobram talentos e de todas as idades. Se temos Kobe Bryant indo para o final da carreira em uma ponta, temos Kevin Durant, monstro ofensivo na outra, com apenas 21 anos de idade. Além disso, se os americanos precisassem de atletas que hoje rendem muito bem e estão próximos do auge de suas carreiras, temos Danny Granger, Gerald Wallace e Andre Igoudala como nomes que podem suprir a falta de um Carmelo Anthony, por exemplo.
O mesmo não ocorre na armação. Deron Williams e Chris Paul são realidades ao passo que os jovens convocados ainda estão em desenvolvimento. Somente Chauncey Billups poderia substituir à altura os dois citados hoje. Os outros ainda tem que refinar mais o jogo e principalmente desenvolver melhor a condução das partidas. Saber o ritmo de acelerar e retardar o jogo, os momentos em que isso se faz necessário e os motivos para tal ação. Neste caso, a vivência com armadores mais experientes é muito importante. Claro que na NBA, Eric Gordon e OJ Mayo não realizam em suas equipes a armação das jogadas como função primordial. Trabalham mais como definidores das jogadas do que organizadores. Porém na seleção americana e com o sistema que Coach K usou com dois armadores, não é difícil enxergar estes dois tendo funções de organizadores de jogo nos treinamentos da seleção. Para os dois seria muito bem vinda essa adição. Deixariam de ser apenas máquinas de pontuar para também cabeças pensantes do jogo.
Entre os alas/pivôs e pivôs, a base é montada com atletas novos porém experientes como Dwight Howard (um verdadeiro monstro defensivo) e Chris Bosh e Carlos Boozer, o mais velho dos três. Temos os já comentados Odom e Amare. Dos restante da lista, destaco a presença de Kendrick Perkins, pivô com qualidades defensivas acima das ofensivas, que poderia ser um provável reserva de emergência para Dwigth Howard, o melhor defensor da lista dos pivôs. Kevin Love é um ala/pivô emergente na NBA, com grande técnica, em especial para rebotes e arremesso. Brook Lopez é um pivô com interessante arsenal ofensivo, defesa na bola de muita qualidade porém é possivelmente o mais lento de todos os pivôs do grupo. Al Jefferson se destaca pela quantidade de movimentos que tem no poste baixo, utiliza muito as fintas de corpo e exímio jogo de pés, peca um pouco pelo trabalho defensivo, que não é excepcional. David Lee é o atleta mais versátil e veloz deste grupo. Tem boa visão de jogo, bom passe, extremamente voluntarioso na quadra, dedica em todas as jogadas pela posse de bola e tem bom arremesso. LaMarcus Aldridge mantém a tendência da convocação dos homens altos com boa técnica e arremesso calibrado. Não é o melhor reboteiro do grupo (pode até ser o pior deles) porém não faz feio. E defensivamente também está longe de ser uma máquina defensiva. Porém agrega valor no jogo de média distância, tão importante para abrir espaços defensivos e tirar pivôs mais pesados do garrafão defensivo.
Ausências:
Como toda lista temos ausências sentidas e por vezes injustificáveis. Citarei algumas delas e em que a presença destes nomes poderiam adicionar ao selecionado norte-americano. Vale lembrar que em alguns casos os próprios atletas não querem servir a seleção também. Direito de cada, porém sem muito sentido para nós brasileiros, que prezamos muito o sonho de um atleta em jogar por seu país. Além disso, as escolhas das ausências se faz justificar pela excelente atual temporada de alguns nomes, pelo possível ganho de experiência que teriam neste novo cliclo e em outros casos pelo que realizam ao longo da carreira!
Não convocar Brandon Roy é algo que deve ser questionado na mente de todos. Por qual motivo o ala/armador do Portland estaria fora da lista? Pesquisei e não achei nenhuma linha sobre ele ter dito não para a seleção. Porém, se vocês leitores souberem mais notícias, é só ir na caixa de comentários!
Josh Smith, excepcional ala do Atlanta Hawks também tem sua ausência sentida. Conhecido por todos pelo seu jogo versátil e principalmente pela defesa sufocante que produz, Josh tem realizado grande temporada com desenvolvimento nas assistências e rebotes. Nascido em dezembro de 1985, poderia ser mais um ala jovem para a trupe de Coach K.
Joe Johnson, ala/armador companheiro de Josh Smith no Atlanta. Realizando também grande temporada, JJ poderia adicionar qualidade na leitura de jogo e chutes do perímetro.
O endiabrado pontuador Monta Ellis do Golden State Warriors. Sexto cestinha da temporada da NBA, com 26 pontos por partida, habilodoso com a bola nas mãos e extremamente veloz para o jogo de transição, Ellis ficou fora da lista mesmo realizando sua melhor temporada na NBA.
David West também poderia estar na lista. Acredito que por ter qualidades semelhantes a LaMarcus Aldridge e ser mais velho do que o ala/pivô do Portland, tenha ficado de fora. Mas fica o registro de um atleta que tem feito boas temporadas com o Hornets.
Rajon Rondo é uma ausência bastante sentida após sua excepcional temporada. Porém no caso de Rondo, parece que recusou alguns treinamentos recentemente e isso pode ter sido o bastante para seu corte.
Jovens universitários. Sempre que temos as convocações norte-americanas nos acostumamos a ler nomes de universitários, que ainda tem um caminho para percorrer antes de chegar ao basquetebol profissional. Desta vez não tivemos nenhum nome e com certeza vários sentiram falta destes atletas, sempre lembrados com um ou dois nomes.
Um nome ao menos deste trio: Brandon Jennings, Stephen Curry e Tyreke Evans. Com certeza todos pensávamos que ao menos um recém chegado na NBA poderia fazer parte do grupo selecionado. E neste grupo temos armadores jovens e talentosos com grande potencial para futuras competições internacionais. Jennings e Curry com excelente arremesso, muita velocidade na condução de bola e o versátil Evans, com domínio de todos os fundamentos do jogo e rompedor de defesas com boas infiltrações.
Conclusão:
Com a lista analisada fica fácil dizer que a comissão técnica quer atletas comprometidos com o projeto, que possam servir à seleção por vários anos, que tenham domínio de vários fundamentos do jogo e não somente especialistas de um fundamento. Tivemos em listas passadas especialistas como defensores de perímetro porém sem qualidade ofensiva ou exímios chutadores de três pontos mas sem grandes recursos defensivos e mesmo sem serem infiltradores ou organizadores de jogo.
Desta forma, os norte-americanos tem um grupo formado para o novo ciclo e provavelmente os atletas que jogarem na Turquia e em Londres mostrarão um ótimo nível técnico, dando continuidade à tradicional escola de basquetebol da qual fazem parte.
Henrique Gonçalves
Henrique é treinador de basquete e mora em Belo Horizonte, MG.