Dinastia em perigo: Panathinaikos é eliminado da Euroliga
Sarunas Jasikevicius, Dimitris Diamantidis, Vassilis Spanoulis, Nikola Pekovic, Nick Catalhes, Mike Batiste, Antonis Fotsis, Drew Nicholas e Kostas Tsartsaris formam, certamente, um dos elencos mais poderosos do basquete mundial, incluindo NBA e até seleções nacionais. No perímetro, dois dos melhores defensores do basquete FIBA (Diamantidis e Spanoulis), no garrafão, jogadores completos como Fotsis e Tsartsaris. Se o problema for força, Mike Batiste e Nikola Pekovic são dos pivôs que melhor usam o físico do mundo. Falta um homem de decisão então? Como é possível, havendo o monstro Sarunas Jasikevicius de verde? Já sei, o problema é o treinador? Nada feito: Obradovic é certamente um dos mitos do basquete europeu e figura em qualquer lista séria de melhores treinadores da história.
Então como explicar a tão precoce eliminação do Panathinaikos na Euroliga? Com a derrota para o Barcelona anteontem, os gregos estão matematicamente eliminados da competição – já haviam perdido, nesta fase, para o Partizan Belgrado e para o Maroussi BC. A verdade é que no basquete não há caminhos simples para explicar acontecidos. Quando precisou, os principais jogadores não apareceram. Contra o Barça, no jogo que selou a eliminação, ficou claro que, mesmo com ampla vantagem, o time não tinha armas para conter o ímpeto catalão. Quando o apito final soou, estava claro quem era o melhor time em quadra. Falta de compromentimento? Peso da idade? Exagero nas noites? São algumas das teses. Prefiro focar dentro da quadra e notar que faltou foi bola.
E pra piorar, o grande inimigo, Olympiacos, vai muito bem, obrigado. Além de fazer uma campanha impecável nesta fase da Euroliga, 4-0, ainda venceu o Panathinaikos na Copa da Grécia cerca de uma semana atrás!
Com um elenco igualmente estrelado, que tem Josh Childress, Linas Kleiza, Theo Papaloukas, Milos Teodosic, Yiannis Bourousis e Sofoklis Schortsanitis, entre outros, e o pulso firme do genial Panagiotis Giannakis, a chance de interromper a sequência de títulos e a atual hegemonia no continente do rival nunca foi tão real – o último título continental dos alvirubros foi em 1997, quando ganharam, de quebra, a Copa e o Nacional, formando a tríplice coroa.
A dinastia está devidamente ameaçada. Atual hepta campeão da liga grega e atual campeão da Euroliga (foi campeão também em 99, 2001 e 2006, só pra falar dos títulos continentais mais recentes), com um orçamento salarial perto da casa dos 26 milhões anuais, o Panathinaikos está longe de aceitar passivamente, apenas como uma temporada pior do que as anteriores. Ainda que haja uma chance de se redimir na busca pelo Octa na liga grega, onde os verdes lideram, o cenário não é nada animador. Como se desgraça pouca fosse bobagem, destino ainda gaurdou para este fim de semana o clássico com o Olympiacos pela liga local: uma vitória não soará como mais que obrigação e uma derrota vai cair como uma bomba.
Especula-se que uma limpa na equipe está programada. Diamantidis, Tsartsaris, Perperoglu, Mike Batiste, Nicholas e Jasikevicius estão em último ano de contrato. Spanoulis também e fortes rumores apontam que ele pode mesmo trocar de casa, para o arquirival. O técnico Obradovic segue nos planos da diretoria, a não ser que ele peça demissão – o que parece difícil, dado a personalidade do sérvio, que jamais toparia sair em baixa. O pivô Nikola Pekovic deve cruzar o Atlântico e jogar a NBA.
Tragédia para uns, comédias para outros, o cenário grego pode assistir, neste 2010, uma inesperada mudança de rumos. A dinastia verde caminha para o fim. Se ficará vaga, ou será devidamente ocupada pelos rivais, apenas as próximas semanas dirão. O primeiro round é amanhã, às 22h, horário da Grécia, 17h de Brasília.
Guilherme Tadeu de Paula – guilhermetadeudepaula@gmail.com
editor do Draft Brasil
Com a colaboração inestimável dos amigos do site Greek Hoopz.
Fotos: Sport24 e Superbasket