A maior vitória da Euroliga
A maior vitória da última terça-feira que abriu as quartas-de-final da Euroliga não foi a virada espetacular do Partizan Belgrado em Tel Aviv contra o Maccabi, ou o triunfo do CSKA com larga vantagem sobre o perigoso Cajá Laboral – antigo Tau Cerâmica. O time que mais festejou essa segunda-feira, ao menos dentro de suas almas, sem transparecer tanto, disputou o clássico espanhol no Palácio Azul Grená.
E pasmem, não se trata do Barcelona, que abriu vantagem na série após o triunfo por 68 a 61.
Sim, ouso dizer que a equipe que mais se sentiu vitoriosa, embora não possa demonstrar claramente, foi o Real Madrid, pelo simples fato de ter mostrado que o Barcelona terá de suar muito para eliminá-los no mata-mata em melhor de cinco que antecede o Final Four da principal competição interclubes do basquete FIBA.
Explico: foi a quarta vez que o Real Madrid enfrentou o Barcelona na temporada. Na primeira, com os dois times ainda fazendo ajustes em função da chegada gigantesca de reforços, os catalães venceram apertado conquistando a Supercopa espanhola. No primeiro turno da ACB, o time de Rubio, Navarro e companhia visitaram o Vista Alegre e sapecaram os donos da casa por incríveis 79-57. A freguesia que ali se mostrava clara, foi confirmada com requintes de crueldade na final da Copa do Rei com outro sacode: 80-61.
Pois quando a incompetência do time comandado pelo quase sempre brilhante Ettore Messina obrigou que os favoritos se cruzassem antes da hora, o Real Madrid foi alçado imediatamente ao posto de azarão na disputa. Justificável, pelo ótimo momento barcelonista e pelas surras recentes, mas muito longe de aceitáveis se pensarmos no tamanho do investimento dos galácticos esse ano. Quantos times do mundo, incluindo a NBA e as seleções nacionais, podem contar em seu elenco com jogadores do nível de Pablo Prigioni, Marko Jaric, Sergio Llull, Darius Lavrinovic, Jorge Garbajosa, Novica Velickovic, Felipe Reyes, Louis Bullock, Rimantas Kaukenas, Travis Hensen, Ante Tomic? E sobretudo, quem pode se dar ao luxo de perder justamente para o seu principal rival (em que se pese o investimento pesado feito do lado de lá também) em todas as competições que disputou?
E como pode a probabilidade de uma nova eliminação, já em andamento com o início atrás no playoff, ser considerada uma vitória? Certamente os merengues não vão assumir isso, mas ter liderado o jogo em alguns momentos decisivos, ter conseguido parar o gatilho do perímetro do Barcelona, ter freado a dominação que Navarro costuma impor nos minutos iniciais da partida e sobretudo ter acreditado que poderia vencer – e feito por onde, revitalizou a esperança dos blancos.
Há a possibilidade também de olhar as coisas por um outro prisma. Se nem quando a bola de 3 do Barça não cai, se nem quando Rubio parece menos genial do que de costume, se nem quando os catalães têm de depender de uma esdrúxula rotação que tenha em Sada um homem necessário, se nem quando eles estão acuados, errando muito e contra o principal rivall, o Real Madrid consegue vencê-los, quando conseguirá?
Amanhã o segundo round dessa batalha. Um jogaço!
Foto: Mundo Deportivo