Pela glória maior, Duke, Butler, West Virginia e Michigan State lutam em Indianápolis
Quando acabam as loucuras de março, resta ao abril o que houve de melhor no basquete universitário do ano nos EUA.
Os três principais favoritos se despediram de maneira amarga. Primeiro foi Kansas, número 1 do país, que num jogo patético foi eliminado pelo limitadíssimo time de Northern Iowa – que mais tarde cairia para Michigan State, do mago Tom Izzo. Não muito tempo depois, caíram os laranjas de Syracuse perante o timaço de Butler. No Elite 8, foi a vez de Kentucky dos Johns Calipari e Wall não resistirem ao coperismo em estado puro do time de West Virginia.
Dos quatro principais candidatos ao título, restou apenas Duke, beneficiando por um chaveamento muito pouco equilibrado – o que não tira o mérito da turma do Coach K.
Duke traz, para o Final Four, um incerto favoritismo, mais ancorado em um rankeamento favorável do que pelo nível técnico apresentado dentro de quadra. Se não passou grandes sustos, os azuis não tiveram sequer perto de empolgar. A grande notícia, porém, é voltar às semifinais da NCAA, coisa que não acontecia há seis temporadas – tempo demais para o programa vitorioso da universidade da Carolina do Norte.
A principal arma de Coach K é seu trio do perímetro: John Schyer (um armador com bom controle de bola e um gatilhaço pra três pontos), Nolan Smith (que cresce demais nos jogos decisivos) e Kyle Singler (ala forte e com bons fundamentos). É a garantia mínima para que WVU não repita a estratégia de sucesso contra Kentucky abrindo a linha de fora. Contra a defesa dos Baylor Bears, em que se pese a péssima atuação do último citado da trinca, as bolas de fora garantiram certa tranquilidade para o jogo do time do Coach K.
A missão, porém, não é nada fácil: enfrentar o time mais encardido da temporada. A West Virginia University não só derrubou o time mais talentoso e sensação do ano, Kentucky, como conquistou a Big East, uma das mais difíceis conferências da liga. Pra explicar como esse time sabe decidir, cabe lembrar que tanto a semifinal quanto a final do Torneio de Conferência, foi vencida nos segundos finais, ambas em cestas de De Sean Butler (que já havia metido 4 buzzer beaters ao longo da temporada regular da NCAA, totalizando, agora, 6 neste ano). O time não perdeu nenhum jogo que fez em território neutro essa temporada e, apesar do desfalque do seu competente armador Darryl Bryant, ninguém sabe o que pode acontecer com um time comandado por Bob Huggins. O experiente treinador, que há quase 20 anos não aparecia no Final Four (1992 com Cincinatti), é famoso pelo seu estilo exigente nos treinamentos, inspirando um jogo muito físico e de muita pancadaria. O projeto de NBA da equipe, Devin Ebanks, não é exatamente o principal jogador do time, embora colabore muito com um jogo muito rápido e duro dentro do garrafão. Joga contra a equipe a sensação de missão cumprida: é a primeira vez que o time chega às semifinais desde 1959!
Do outro lado, o duelo é tão equilibrado dentro de quadra quanto desequilibrado fora: Butler, com seu técnico Brad Stevens, chega à primeira vez a um Final Four. Do outro, Tom Izzo é simplesmente conhecido como “Mr. March”, tamanha sua familiaridade com o mês que decide o basquete universitário dos EUA. Atual vice-campeão da liga, Michigan State chega ao sexto Final Four nas últimas 12 temporadas, um número assustador! Dessa vez, o caminho parecia pra lá de improvável. Apesar de um time bastante sólido com várias armas do ano passado retornando, o chaveamento lhe deixou um caminho tortuoso. Pra piorar, o armador e líder principal da equipe, Kalin Lucas, se contundiu no Sweet 16 contra Maryland e não joga mais essa temporada. Nem a bola de três no estouro do cronômetro do seu substituto Korie Lucious, salvando a partida e a temporada animava para o duelo contra o perigosíssimo time de Tennesee. Mas Durrell Summers, alçado à arma ofensiva preponderante dos espartanos, apareceu e decidiu.
Butler tem alguns fatores extremamente favoráveis que lhes mantém com esperança de derrotar essa máquina chamada Tom Izzo e chegar à decisão. A principal, sem dúvida, é a cidade de Indiana, palco da decisão. Quando foi decidido que lá seria o Final Four, poucos pensaram que seria o quase inexpressivo projeto do professor Brad Stevens em Butler que aproveitaria da vantagem de jogar em casa as partidas mais decisivas do ano. Ao longo da temporada, muito se esperava do timaço de Purdue, também da região, que acabou tendo problemas de contusões e consistência e sendo presa fácil em março. Em quadra, não se engane pela cara de nerd-estudante-de-ciência-da-computação de Gordon Hayward (um dos fatores, aliás, que o levaram a optar por Butler foi um calendário que o permitisse estudar): além de um poder decisivo que lhe alçou à estrela de basquete colegial no importante estado pra bola laranja, Indiana, sua pontaria, intensidade e conhecimento do jogo lhe transformam no jogador mais interessante deste time que não perde há 24 partidas!
Hoje a noite, Butler X Michigan State primeiro, WVU e Duke depois, definem os finalistas.