A psicologia de Donovan
Quando Billy Donovan, depois de sagrar-se bicampeão da NCAA pela Universidade da Florida, rejeitou a milionária proposta para treinar o Orlando Magic, foi por pura paixão. O calor da torcida, a sufocante umidade de Gainesville, o cheiro de pântano nos dias quentes de verão do campus, os mosquitos, a paixão pelo azul e laranja que abraçou por 12 anos.
Paixão que faltou aos “Baby Gators” da temporada 2007-2008.
Ninguém esperava que os Gators repetissem mais uma vez o feito dos últimos dois anos. Mas ninguém esperava que o atual campeão da NCAA não tivesse ao menos a chance de defender o título mais uma vez. Muito menos Billy Donovan. Não era para menos: Jai Lucas, Nick Calathes, Dan Werner, Chandler Parsons, Alex Tyus, Marreese Speights era talento mais do que suficiente superando a falta de experiência para garantir uma vaguinha entre os seis melhores da conferência SEC e por consequência no torneio. Mas não deu em nada.
Florida acabou perdendo oito dos últimos 11 jogos que disputou, achou que poderia ganhar de Alabama a qualquer momento no campeonato da semana passada (vencido pela arqui-rival Georgia) e pagou caro. É a primeira equipe desde Kansas em 1989 a ficar de fora da grande dança. Mas Kansas em 89 tinha sido suspensa pela liga universitária.
Coach D ficou conhecido por seus métodos motivacionais, envolvendo muito os jogadores, usando videos, táticas de guerrilha, terapia em grupo, enfim todas as estratégias possíveis. Não poderia ser diferente agora. Primeiro veio a surpresa: os “Baby Gators” receberam um email avisando que domingo a noite haveria um treino especial. Justamente quando eram anunciados os confrontos do torneio universitário. “Ninguém tinha razão para assistir mesmo” explicou Donovan. Era só o começo.
No dia seguinte veio a novidade: os Gators foram banidos do novo complexo de U$12 milhões, um dos melhores do país e retornariam a treinar no velho Florida Gym. Voltaram a usar o vestiário antigo, a velha quadra, a velha sala de musculação e a velha sala de video.
“Eles também tem um massoterapista, para ter certeza que estão bem após os jogos. Também tem um avião privado para levar para os jogos. Comem no restaurante dos atletas” disse Donovan “Tem todas essas coisas, chegaram aqui e se acomodaram como se estivessem numa cobertura particular”. Coach D não teve dúvidas e cortou todas as regalias. Também proibiu que seus jogadores usem o uniforme de treino ou qualquer roupa que tenhas as cores da universidade. Agora eles vão ter que lavar a própria roupa também.
Resta a Florida lavar a alma vencendo o NIT – um torneio paralelo a da NCAA que não conta com os melhores times. Billy Donovan espera que com esse castigo consiga despertar a fome de vitórias perdida nas últimas seis semanas. Talvez, quem sabe, um pouco mais de empenho na defesa e nos rebotes também. Aí quem sabe na próxima temporada os Gators conquistem além do direito a “cobertura particular” pelo menos mais um banner para o O’Connell Center.
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