Sub 18: A opinião do maior de todos

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Publicado em: 1/07/2010

Para dar maior credibilidade ao sentimento de  alegria e esperança que a seleção sub18 causou nos amantes de basquete, reproduzo abaixo a opinião daquele que é considerado por muitos o maior jogador brasileiro de basquete de todos os tempos, o mestre Wlamir Marques, hoje comentarista da ESPN Brasil.

Uma esperança

Vou começar esse relato afirmando que já não consigo assistir a um jogo de basquete por inteiro , seja da NBA , NBB ou da Euroliga. Acho que a minha visão já um tanto cansada de basquete me leva a isso. São situações que se repetem ao longo dos anos e com isso acabam não me despertando mais tanta curiosidade .

Provavelmente quando todos chegarem aos 73 anos, e com 63 anos de basquete na carne, venham entender um pouco mais esse tipo de reação. Quando possa parecer um defeito, eu já digo que é próprio da idade. Também gosto de assistir novelas, às vezes me distraio com banalidades, quando muitas vezes o basquete brasileiro me aborrece . Me desculpem falar assim , estou sendo muito franco.

Entretanto, como para tudo há uma exceção, ontem à noite eu assisti por inteiro a decisão da Copa América U18 entre os EUA x Brasil . Não consegui tirar a visão do monitor um minuto sequer, a novela correndo e eu já não estava mais atento nas suas tramas diabólicas – são incriveis os maus exemplos que elas nos passam. Mas voltando ao jogo,  foi maravilhoso o que eu assisti, e nem quero entrar nos méritos numéricos porque isso é de fácil acesso,  mas quero falar da emoção que eu senti ao ver um grupo de jovens brasileiros em terras americanas jogarem um basquete de alto nível, com muita coragem e com uma grande porcentagem de acertos e recursos, sejam técnicos, táticos ou emocionais . Raramente vemos nas equipes brasileiras os acertos superarem os erros, ali tudo foi perfeito, os garotos mostraram ser muito mais adultos do que muitos semelhantes a rondarem pelas nossas quadras brasileiras.

Chamou-me a atenção um jovem com um tipo de cabelo desarranjado esvoaçando a cada galope. Quero falar do Lucas. Quando pensei num título para esse relato, pensei em esperança. Embora a realidade corra sempre junto com a esperança, há sempre uma diferença muito grande entre as duas. No caso do Lucas ainda é uma esperança, não é uma realidade, é uma esperança viva, o tempo certamente nos dará essa resposta.

O que mais me chamou a atenção no Lucas não foi apenas o fato dele ser o grande destaque daquela seleção, mas sim que a sua aparição no jogo é estritamente individual, ele pouco participa do trabalho coletivo, ele é uma espécie de conserta o errado, arruma tudo. Coloca tudo no seu devido lugar, seja defensivamente, como ofensivamente. A equipe quando ataca, tudo gira ao seu redor, mas não trabalham com ele. São raros os passes endereçados na sua direção à fim de que ele decida, ele vai nas sobras, naquilo que lhe resta e isso é o que mais me chamou a atenção na sua forma de jogar.

Confesso que não assisti aos outros jogos, estou me atendo ao que eu vi, por isso que o meu conceito a respeito do Lucas ficou um pouco prejudicado. Com certeza não é por sua culpa, pois foi assim que a seleção jogou, e foi isso que eu vi de diferente.

Entretanto, não me furto a dizer que depois do grande Ubiratan, cujo começo de vida é mais ou menos semelhante, nunca apareceu nesse país um jovem com tanta força fisica e disposição como o Lucas. Poderiamos citar aqui varios pivôs que marcam ou marcaram épocas no basquete brasileiro, mas nenhum deles teve aos 18 anos esse potencial fisico mostrado por este garoto.

Achei incrivel como o Brasil é pródigo em fenômenos. É assim que nós vivemos, a espera sempre de alguns fenômenos, mas como tudo ainda é uma esperança, o Lucas poderá ser considerado, mesmo precocemente, como um desses fenômenos. Por favor, não vamos imaginar que ele já esteja pronto, que tudo esteja perfeit , ainda lhes faltam muitas coisas que só o tempo irá lhe proporcionar.

O que nos chama mais a atenção é que com a nossa visão acostumada e viciada com os desmazelos, nos assombramos quando as variáveis são latentes e corretas. Esse garoto foi muito cedo para a Espanha e agora em tão pouco tempo já assombra o mundo, pois é , o mundo voltou-se para ele. Torcemos para que DEUS permita a sua continuidade, que ele não caia na ineficácia da máscara. Ainda existe uma esperança”.

Wlamir Marques, em sua comunidade no Orkut, com sua autorização para reprodução no Draft Brasil.

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