Coluna do Chiaretto: A Super Federação

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Publicado em: 15/07/2010

Por Chiaretto Costa

O título do texto a seguir poderia ser considerado megalomaníaco, não fosse a vivacidade que encontramos no ambiente do basketball em Santa Catarina. Talvez, a mesma esperança que se sente nos momentos atuais do basket brasileiro, já paira no ar por essas bandas há algum tempo.

Tal afirmação pode ser constatada quando observamos os números da produção da Federação Catarinense de Baskteball-FCB. Está sempre entre as três que mais realiza competições nacionais de base, campeonatos estaduais com muitos participantes nos dois naipes e em várias categorias, um número também elevado de árbitros nacionais (12) e internacionais (3) em atividade, jogadores convocados com freqüência para a seleção brasileira principal e de base e um número respeitoso de técnicos dirigindo. Mas o que mais empolga é que a cada ano esses números crescem. Não é um quadro estagnado. Há um clima de esperança e de crescimento.

Oscar Archer, o presidente da FCB é um nome que não pode jamais deixar de ser pronunciado quando se junta basket e Santa Catarina. Lógico que o astro Tiago Splitter é a referência daquilo que se vive em quadra, ainda iluminado por Ricardo Probst e Felipe Vezaro, este último, um dos principais nomes da seleção brasileira juvenil, que teve um papel de destaque no jogo contra os EUA, recentemente, representa bem um punhado de jovens revelações catarinenses que jogam pela Europa e Estados Unidos. Mas o principal artífice que abre os caminhos para o sonho poder ser real é sempre um dirigente. Naismith inventou o jogo, mas foi o diretor da Associação Cristã de Moços de Springfield, que solicitou a criação do mesmo. Em última análise, Archer está dando continuidade àquilo que sonhou o primeiro dirigente do basketball.

Porém, o senhor de meia idade nascido em Blumenau, criado em Nova Trento e radicado em Florianópolis, que preside a FCB desde a sua fundação em 1995, comanda um grupo de dez pessoas com sua fala mansa, mas firme. João Alberto Pereira, o Beto, seu grande parceiro na longa jornada já de 15 anos já trabalhou em tudo na FCB e também prestou seus serviços para a seleção brasileira feminina como administrador na gestão passada, chefia o departamento jurídico da FCB.  A área nevrálgica em qualquer federação e que tem um funcionamento impecável e a faz ser organizada e funcional é a parte de documentação.

Ali está Luiz Augusto Archer, filho do mandatário. Uma espécie de “leão de chácara” da federação. Quem tentar burlar, toma bronca. Concentrado e metódico, LA Archer, não deixa passar nada, nem uma foto a menos nem a mais, nem uma assinatura faltando ou espaço por preencher. Quando dá zebra na inscrição de atleta com o clube, entra o pai presidente para apagar o fogo. Mas tal exigência tem mantido o status e legitimado as ações cotidianas que tem se espalhado nas quadras do estado. De quebra, Luiz Augusto pesquisou e escreveu o livro “O Basquetebol em  Santa Catarina- 95 Anos de História”, o marco das festividades dos 95 anos do basketball de Santa Catarina, lançado dia 15 de Julho passado.

Serão homenageadas 120 pessoas num jantar de gala na próxima segunda , dia 19, como  o ex técnico e hoje comentarista esportivo Paulo Coutinho, residente em Criciúma, que possui cerca de 14 títulos no estado, segundo suas contas,que guiou os passos do patriarca Splitter, o Cássio, nas quadras do jogo da bola laranja. ”Fico lisonjeado com o reconhecimento numa oportunidade dessas, acho que ajudei a formar grandes nomes do basket”, falou-me  com emoção, lembrando ainda da promessa do seu ex atleta Cássio Splitter de levá-lo à NBA para assitir a um jogo do filho, Tiago Splitter. Promessa essa que pode estar perto de ser paga. Splitter acaba de fechar sua ida para os Spurs.

No quesito admoestação, a parte técnica, a exemplo da CBB e todas as federações do país, ainda carece de um profissional experiente para liderá-la, hoje função acumulada pelo presidente Oscar Archer. Tal ação ajuda a conter arroubos e desatinos de técnicos que quando estão dirigindo seleções estaduais ou brasileiras se dão ao direito de convocar atletas sem vê-los jogar ou se utilizar das seleções para assediar atletas para seus times. Comentários que correm a boca miúda entre técnicos de todo o país e que terminam respingando politicamente no presidente da entidade em questão. Em Santa Catarina não é diferente. Mas  Archer entrou com uma norma que cria uma multa, salvo engano, de R$1.500,00 para a transferência de atleta oriundo da seleção estadual. Parte da multa é reservada ao time de origem do atleta. Um paliativo que representa um início para a moralização do meio, diante daqueles carentes de escrúpulos. Sobre isso falaremos em outra oportunidade.

O momento é do dirigente, é de Oscar Archer, é de celebração. Jamais me furtei em criticar qualquer pessoa que achasse que devesse se fosse para o crescimento do basketball do meu país. Da mesma forma, não me envergonho em iluminar a grandiosidade das pessoas que produzem. Na próxima segunda, dia 19 de julho, A Rainha Hortência, O Tiago Splitter, o Carlos Nunes, provavelmente o Governador do Estado, vão prestigiar junto com 350 convidados e homenageados um momento histórico do esporte de Santa Catarina e do Brasil. São pessoas como ele e sua equipe, que de forma invisível e silenciosa criam a força que explode numa  potencia que fica para sempre.

Chiaretto Costa é treinador de basquete e colaborador do DraftBrasil.

Nota da editoria: o artigo de Chiaretto não condiz necessariamente com a linha editorial de nosso site. Publicamos, entretanto, mostrando a pluralidade de opiniões possíveis no debate sobre o basquete brasileiro. Seguimos aberto às opiniões contrárias.

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