Virou Loteria

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Publicado em: 29/07/2010

Por Henrique Lima

Dia 17 de julho, a LNB divulgou o novo formato de disputa para o NBB3, temporda 2010/2011. Na primeira fase, teremos as 18 equipes disputando 34 jogos, ou seja, turno e returno simples. Classificam para a próxima fase, os doze primeiros, sendo divididos em: 1º ao 4º previamente classificados para as quartas-de-final, 5º ao 12º jogando a primeira rodada dos playoffs. Nas quartas, os vencedores dos duelos de 5º ao 12º enfrentam os times que descansaram. Porém, ao invés de simplificar as semi-finais e a final, a LNB alterou esta lógica. Nas semi-finais, teremos um quadrangular entre as classificadas dos playoffs das quartas e a “série” final será jogada em uma única partida entre as duas melhores deste quadrangular.

Em nosso fórum, tivemos uma discussão sobre o que a LNB propôs. Vocês leitores podem revê-la e participar.

Um dos motivos para que a final seja em jogo único é a participação da televisão, dona dos direitos de transmissão do basquetebol, Rede Globo. Uma forma da empresa transmitir a final em tv aberta, que seria domingo pela manhã em seu programa esportivo semanal.

Não é necessário pensar muito para saber que este tipo de ação pode alterar o trabalho sério de um ano inteiro e coloca-lo na loteria, algo que não deveria jamais ser pensando e se quer colocado em discussão.

Torneios longos,  com duração de meses, onde todas as equipes se enfrentam, terminam em séries finais para termos certeza de que a melhor equipe, de fato conquistou o título. Claro que, podemos ter alguma alterção por uma lesão de um atleta importante ou algum outro evento (suspensão, por exemplo). Porém, a chance destes eventos acontecerem sempre, em uma série de 5 jogos, cai consideravelmente. Em apenas um jogo, realmente tudo pode acontecer. E este é o maior problema.

O argumento simplório e largamente difundidido, “de que no basquetebol não existe zebra”, também não pode ser colocado aqui. Uma coisa é uma série de 5 jogos entre duas equipes completamente antagônicas (primeira colocada e última), outra coisa é a final do campeonato, entre duas equipes equilibradas. Neste caso, o equilíbrio que se espera é mais do que evidente.

Que a LNB se tornou refém dos desejos, mandos e desmandos da Rede Globo após assinar um contrato longo e com garantia prioritariamente financeira, isso é claro, notório e cristaliano. Que a LNB sabia desde o príncipio que as tramissões do basquetebol em tv aberta, ao vivo, seriam poucas (ou nenhuma), isso qualquer um de nós sabíamos.

O que a LNB não deve saber, é que a Rede Globo deixou de transmitir ao vivo, em 2 de maio desde ano, as últimas três voltas do Grande Prêmio de Nova Santa Rita (RS) da Stock Car, ou seja,  deixou na mão milhares de aficcionados por automobilismo apenas para continuar com a programação do seu  “Esporte Espetacular”.

Agora imaginem a seguinte cena: Final do Brasileiro de Basquetebol, jogo único, partida disputa cesta à cesta, jogo em 80 x 80, 2 minutos para o final e a Rede Globo simplesmente corta a transmissão para as “aventuras de Régis Rosling” em qualquer país do planeta falando mais uma vez de futebol e problemas sociais ?

Ou o “salto emocionante de Dani Monteiro em qualquer bumping jumping do mundo”. Imaginem vocês leitores o tamanho da frustração de todos nós basqueteiros se isso acontecesse e o pior, qual seria a reação da cúplua da LNB ?  E  mais, qual a garantia que temos (LNB inclusa) que este fato  não se repita e que com o automobilismo foi algo à parte ?

Mais uma vez, o basquetebol sai como escravo na briga para a “massificação” e a venda do seu produto. Mais uma vez, o basquetebol é subjugado por ele mesmo. Mais uma vez, o basquetebol se vende por muito pouco para quem pouco ajuda a ele, porém, a visão maior é que temos tanta ajuda e que devemos sim, com os pires nas mãos, pedir esmola em qualquer esquina.

Não podemos entender de forma alguma como é proposto um fechamento de um torneio de meses, com uma final única e o pior, é aceito ! Não existe parelelo, em nenhum torneio nacional do mundo de basquetebol (talvez em potências do basquetebol como Honduras, Yemen ou Gabão), que tenha uma final deste tipo.

Aos que vão argumentar que o Mundial, os Jogos Olímpicos, NCAA, Euroliga, Liga das Américas e outros, são disputadas no formato de final única, questiono:

– Tempo de duração destes torneios ?

– Número de participantes ?

– Em quais destes torneios, uma equipe para ser campeã enfrenta todas as outras equipes ?

A comparação do nosso nacional, por modelo, tempo de disputa e número de participantes é evidente que deve ser feita com a liga argentina, espanhola, italiana, para citar três mais próximas do nosso universo. Em qual campeoanto nacional é disputado apenas uma única partida para resolver todo o ano de trabalho ?

Sim, virou loteria saber quem será o campeão nacional de basquetebol da próxima temporada. As duas equipes que chegarem à final devem ter claro na cabeça que, aconteça o que acontecer (erros de arbitragem, atletas lesionados atuando no desespero, faltas violantas evitando uma cesta importante à qualquer custo, jogo horroroso devido o nervosismo que existirá, etc), os dirigentes das mesmas assinaram este ultraje. Logo, que não partam para a briga e nem quebrem o ginásio e as instalações dos mesmos se por ventura algo deste tipo ocorrer.  .

Do nosso lado só nos resta torcer e acompanhar. E claro, exigir ações mais inteligentes de quem comanda o nosso basquetebol. Por exemplo, vamos esperar 2050 chegar para termos acesso aos jogos on line (algo que no sub-13 mineiro já existe, por exemplo), seja para assistirmos ao vivo ou para comprarmos depois e fazermos download ?

Respostas deste tipo, que poderiam gerar mais renda e mais adeptos ao nacional, continuam deixadas de lado. Respostas que colocariam o basquetebol brasileiro dentro do século atual, não são sequer pensadas e cogitadas. Mas, soluções “inéditas”, principalmente que escanraram a burrice e falta de visão, temos aos montes. E ainda são oficializadas por aqueles que sofrerão amanhã com esta loteria armada. Não tem como entender e não tem como não se indignar.

Se para muitos brasileiros, desacostumados com o sistema de playoffs, é um martírio entender o funcionamento do “por que os times jogam 5 vezes contra o outro”, imaginem em um torneio de 4 etapas, todas completamente diferente uma das outras e no final, a grande cereja do bolo, o tão esperado jogo único. Virou loteria ! Desde já, façam suas apostas para saber se isso dará certo.

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