Entrevista Exclusiva: João Paulo “The Rock” Batista

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Publicado em: 19/05/2007

Quem é leitor do Draft Brasil viu surgir nessas páginas, notícia a notícia, o nome de um brasileiro que, na aventura por uma carreira difícil, largou tudo e foi tentar a sorte no país do basquete. Hoje, com a carreira dando cada vez mais passos em direção ao sucesso, João Paulo “The Rock” Batista, apelido que aqui ganhou e resolveu assumir, fala com o Draft Brasil pela primeira vez. Os assuntos são a sua carreira nos EUA, sua temporada na Lituânia, seleção brasileira e muito mais.

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Em entrevista concedida no início do ano ao Draft Brasil, Chiaretto Costa, presidente e treinador do Clube de Basketball Teresinense, foi enfático ao falar sobre JP Batista: “Gostam de fazer uma pergunta. Mas no norte-nordeste tem basquete? Agora tá aí pra o mundo ver. Um pernambucano brilhando no melhor basquete do mundo e um dos campeonatos mais ricos do planeta”.

O desabafo é emblemático. João Paulo Batista nasceu no Nordeste, uma região praticamente abandonada pela CBB e pela nossa mídia. O pernambucano conseguiu realizar uma façanha ainda maior, ao atingir o sucesso internacional sem praticamente atuar no basquete das regiões mais abastardas do basquete nacional. Confira aqui o histórico da carreira de Batista.

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Batista é também um exemplo curioso de como a universalização da informação pode ajudar os atletas. Afinal, o nome de JP ficou conhecido primeiramente na Internet, principalmente nos fóruns e sites especializados em basquete, para somente então chegar à mídia e, pasmem, à comissão técnica da seleção brasileira.

Em um episódio inusitado ocorrido há alguns anos, durante a transmissão de uma partida da NBA em uma famosa TV por assinatura, o narrador ao ler emails de assinantes reivindicando comentários sobre o sucesso de JP Batista na NCAA, afirmou no ar que aqueles emails só poderiam estar sendo enviados por parentes “desse tal de Batista”.

Poucos sabiam e outros demoraram a saber que, ao lado de Adam Morrison (Charlotte Bobcats), o ala-pivô brasileiro comandou a Universidade de Gonzaga em duas excelentes campanhas no basquete universitário norte-americano, a primeira delas também ao lado de Ronny Turiaf (Los Angeles Lakers).

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Devido ao seu porte físico, foi chamado por um treinador adversário de “Rock” (rocha), ganhando do site Draft Brasil o adequado apelido de João Paulo “The Rock” Batista.

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Aos poucos, o pernambucano vem deixando o ostracismo para trás e brilha em uma das maiores escolas de basquete do planeta: a Lituânia.

Na última quinta-feira, “The Rock” recebeu a grande notícia de que seria pré-convocado para a seleção brasileira. Essa foi a sua segunda convocação, mas a primeira que o ala-pivô poderá atender.

Quando se apresentar à seleção brasileira em São Paulo, no próximo dia 24 de junho, o brasileiro voltará ao Brasil pela segunda vez desde que iniciou a sua dura jornada no exterior. Na Lituânia, ao menos Batista tem a companhia de seu irmão mais velho, Anderson.

Abaixo, Batista nos conta um pouco sobre a sua carreira, situação atual e a convocação para a seleção brasileira:

Draft Brasil: Conte-nos um pouco sobre a sua rotina de treinamentos durante o período que antecedeu o Draft 2006?

João Paulo Batista: Logo após ter assinado com meu empresário (George Bass, AAI Sports) no Final de abril do ano passado, terminei meus últimos dias de aula, me graduei e me transferi para Dallas, onde fica AAI Sports e onde reside o George, a partir dai então, foi que comecei os treinamentos intensivos e específicos para o Draft, essa fase de preparação aconteceu num lugar chamado IAD (Integrated Athletic Development) onde no turno da manhã fazíamos toda o trabalho físico, e no período da tarde os treinamentos com bola.

Eu estava sempre viajando pelo país inteiro onde treinei por 13 equipes da NBA, e em varias situações tive que fazer 3 equipes em 3 dias, o que era extremamente desgastante, dessa forma não posso deixar de citar meu personal trainer Lance Walker, ex-Dallas Cowboys (NFL), pois o mesmo fez um excelente trabalho físico comigo.

Draft Brasil: Costumam dizer que os pivôs são os jogadores que mais sofrem durante as Ligas de Verão da NBA, já que os armadores costumam dominar demais a bola, procurando obter uma visibilidade maior junto aos olheiros. Você se sentiu prejudicado neste aspecto?

JP: De uma forma ou de outra sim, principalmente quando os jogadores draftados pelo time que você está jogando joga de armador ou lateral. No meu caso especificamente me senti prejudicado, pois no caso do Minnesota Timberwolves, time no qual joguei a Summer League, tinham escolhido o Randy Foye, com isso, o mesmo ficava com a posse da bola a maior parte do tempo.

Draft Brasil: Você mantém algum contato com os antigos companheiros de Gonzaga, notadamente Ronny Turiaf e Adam Morrison?

JP: Mantenho mais contato com Ronny, quase que semanal. Com o Adam cheguei a falar algumas vezes durante esse ultimo ano.

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Draft Brasil: Adam Morrison não correspondeu às expectativas em sua temporada de estréia na NBA. Você acha que ele ainda tem condições de se tornar uma grande estrela na liga profissional norte-americana?

JP: Sem dúvida, nem todos jogadores se adaptam rapidamente ao estilo físico e rápido da NBA. Adam precisa melhorar em vários aspectos, mas sei que ele esta se esforçando pra amadurecer mais como jogador. Jogamos juntos por 2 anos e sei exatamente do que ele é capaz, tenho certeza que ele vai corresponder às expectativas futuramente.

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Draft Brasil: Após o Draft 2006, você chegou a cogitar atuar por uma das equipes da Liga de Desenvolvimento da NBA?

JP: Cheguei a pensar sim, mais a proposta que eu recebi do Lietuvos Rytas foi boa, levando em conta minha necessidade pessoal e naturalmente a oportunidade de poder ajudar minha familia, eu optei por vir para europa e assinar com a minha atual equipe.

Draft Brasil: Além do Lietuvos Rytas, alguma outra equipe européia mostrou interesse em contratá-lo? O que pesou na sua decisão de escolher a equipe da Lituânia?

JP: Recebi propostas de varias equipes Asiáticas, equipes da segunda divisão espanhola e também da Alemanha, porem além do Lietuvos Rytas ter feito a melhor proposta, contava também com um ótimo retrospecto de títulos, como campeão Nacional, Báltico e Europeu(Uleb), o que naturalmente me fez optar pela Lituânia.

Draft Brasil: Como está sendo a sua adaptação ao basquete europeu? Quais foram as principais e mais difíceis diferenças encontradas?

JP: Minha adaptacão tem sido ótima, altos e baixos durante a temporada, mas de uma forma geral uma ótima experiência. Tenho amadurecido dia após dia. Um dos fatores que cito como difíceis nessa temporada, foi a troca de treinadores, estamos no terceiro técnico, isso foi muito difícil para mim, pois tive que me adaptar num curtíssimo espaço de tempo à sistemática de cada um deles, quando eu estava me sentindo confiante e familiar com o sistema de um treinador, no outro dia vinha a notícia da troca.

Isso foi atrapalhando todo meu progresso, sendo titular com um treinador, reserva com o outro e um pouco dos dois com o atual. Eu sou o único novato da minha equipe, e sem ter um nome feito no basquete europeu, tive que começar do zero com cada um deles e mostrar o meu trabalho novamente, para, a partir daí, ganhar a confiança do técnico e conseqüentemente mais tempo de jogo.

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Draft Brasil: Você foi o jogador mais votado para o Jogo das Estrelas da Liga Báltica. Até que ponto você considera importante para a sua carreira essa escolha através de voto popular?

JP: Extrema importância, pois foi o sinal que estava no caminho certo, me dedicando muito nos treinamentos e fazendo um ótimo trabalho em quadra, tanto que dois meses antes do All Star fui escolhido o MVP do mês pela mesma liga. Então, o fato de ter sido o mais votado só me deu mais confiança e satisfação por estar conquistando esse reconhecimento no meu primeiro ano como profissional.

Draft Brasil: Conte-nos um pouco sobre a rivalidade existente entre a sua equipe e o Zalgiris Kaunas, onde atua o brasileiro Marcelinho Machado. Você mantém alguma espécie de contato com o ala-armador brasileiro fora das quadras?

JP: A rivalidade entre as duas equipes é muito grande nos confrontos da temporada regular, imaginem nas finais. A euforia toma conta dos fãs e de todo o país de uma geral, são jogos muito equilibrados, onde os mínimos detalhes são relevantes para definir o vencedor.

Historicamente falando, o Lietuvos Rytas é um clube jovem criado em 1997, importantes titulos conquistado e uma estrutura muito boa, duas excelentes quadras, entre elas, o Siemens Arena, uma das melhores e mais modernas de toda Europa. Já o Zalgiris, existe desde de 1947, quando a Lituânia ainda fazia parte do Território Soviético, porém nos últimos anos as disputas tem sido bastante equilibradas.

No caso do Marcelinho, não mantemos muito contato fora de quadra. Ele mora em Kaunas, cerca de 2 horas de Vilnius, mas com o calendário super apertado e a rotina de treinamentos, faz com que o único tempo livre que nos resta, seja direcionado para nossas familias, mas independente disso, sempre nos falamos antes dos nossos jogos e também nas duas vezes que atuamos juntos no All-Star game da Liga do Báltico e da Liga Lituana.

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Draft Brasil: Qual é a duração do seu contrato com o Lietuvos Rytas? Há alguma cláusula que lhe permita antecipar o fim do contrato no caso, por exemplo, de uma oportunidade na NBA?

JP: Tenho mais 1 ano com o Lietuvos Rytas. Sim, tenho uma cláusula que cancela automaticamente meu contrato, caso eu receba uma proposta de algum time da NBA.

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Draft Brasil: O seu nome figurou na lista de pré-convocados da Seleção Brasileira para os Jogos Pan-Americanos – Rio 2007. Você pretende atender a convocação desta vez?

JP: Sem duvida estarei presente, estou muito feliz por ter essa oportunidade de defender meu país, como já falei, será a realização de mais um sonho, gostaria de inclusive agradecer ao Lula e toda comissão técnica por me darem essa oportunidade.

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Draft Brasil: Você manteve algum tipo de contato com os dirigentes da CBB ou com algum membro da comissão técnica da seleção brasileira ao longo deste último ano?

JP: Mantive contato com o Lula, onde o mesmo me ligou algumas vezes durante a temporada, inclusive no período que antecedeu a convocação.

Draft Brasil: Como você definiria resumidamente o estilo do seu jogo e como você poderia atuar na seleção brasileira?

JP: Jogo forte com contato físico, tanto na posição 4 como na 5, e acho que tenho bons fundamentos dentro do garrafão, me sinto confortável jogando e brigando por espaço lá dentro, dessa forma, contribuirei com mais presença física, rebotes, enfim, farei tudo que for preciso para que nossa equipe evolua coletivamente, e conseqüentemente conquiste os objetivos desejados, que será o Pan e logo em seguida a vaga para as Olimpiadas.

Draft Brasil: Para aqueles que ainda não conhecem bem o seu jogo, com que jogador da NBA você compararia o seu estilo de jogo (do presente ou do passado). Você procura se espelhar em algum jogador?

JP: Sempre gostei do Karl Malone, sempre ouvi falar muito dele por intermédio do John Stockton, que no passado jogou em Gonzaga e atualmente mora em Spokane – Washington, tive o imenso prazer de conhecer, conviver e aprender muito com o Stockton, tinhamos um convívio quase que diario, e ele sempre me falava que eu tinha um pouco do Karl Malone, já durante o draft do ano passado ouvi muitas comparações com Sean May, mas procuro me espelhar em jogadores como Carlos Boozer, Elton Brand, Juwan Howard e Antonio McDyess.

Entrevista e texto de Alfredo Lauria
Colaborou: Tales Pagni

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