A primeira de muitas

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Publicado em: 7/09/2011

Brasil venceu a Argentina por 73 x 71 pela Copa América (Pré Olímpico das Américas), exatamente um ano após ter caído para os vizinhos no Mundial da Turquia e quebrando um jejum de dezesseis anos sem vitória contra os nossos vizinhos nos torneios de importância.

Foi uma partida na qual o Brasil se apresentou de duas maneiras bem distintas. Na primeira parte, que durou por todo o primeiro tempo, a equipe brasileira desempenhava uma defesa ruim e no ataque fez o jogo que sempre foi alvo de críticas. De certa forma, o jogo que sempre apresentamos nos últimos quinze ou vinte anos nos torneios internacionais, claro, sem resultados práticos: chute de três pontos desequilibrados, ataques forçados a todo momento e o pior, a burra insistência numa forma que claramente está ultrapassada e somente nos afunda nos jogos internacionais.

No segundo tempo, apesar de começar com um ponto de desvantagem, o Brasil refez seu jogo. Os chutes de três pontos sem cabimento passaram a não existir. Os 18 tiros de longe da primeira parte (com apenas cinco acertos) deram lugar à bolas próximas do cesto, com um volume muito superior às frustradas tentativas de três, que somente aconteceram quando equilibrados e livres, como sempre deve ser.

Ainda no lado ofensivo, não podemos deixar de destacar a partida de Rafael Hettsheimer.O jovem pivô, de nome complicado para nossos padrões linguísticos, fez a partida da vida até agora com a camisa do selecionado. De 11 tentativas, acertou nove, priorizando a técnica debaixo do cesto. Jogando dentro do garrafão, com repertório excelente com as duas mãos, com arremessos de curta/média distância em momentos corretos, sem forçar bolas sem necessidade, causando um problema para o qual não existiu solução por parte dos adversários. Ainda achou tempo para capturar oito rebotes e defender muito bem.

Na defesa, aliás, é que o nosso time conseguiu evitar uma virada que em alguns momentos parecia inevitável. Se na primeira etapa, o fato de ficarmos na frente por quase a totalidade do tempo jogado se deveu exclusivamente pela quantidade de erros dos argentinos em bolas fáceis, com arremessos sem marcação sendo errados, não podemos dizer o mesmo da segunda parte. Uma defesa que contestou os arremessos, fechou com qualidade e brigou pelos rebotes que, claro, errou uma ou outra rotação defensiva, ou teve um rebote ou outro perdido, mas nada além do normal do que acontece com qualquer equipe de basquetebol.

O mais importante: aplicamos o que foi treinado, não deixamos para amanhã, para o tão conhecido e aclamado SE, não focamos nas desculpas para o pós-jogo, não tivemos um grande aprendizado. Até que enfim, ensinamos alguma coisa ! Aos trancos e barrancos, conseguimos evitar que Manu Ginobili e Luis Scola tomassem conta do jogo, que Carlos Delfino pudesse dar seu show particular com cortes e chutes livres, que Pablo Prigioni armasse e ditasse o ritmo da partida como bem entendesse.

Simplesmente defendemos os pick and rolls, que um ano atrás nos eliminaram no Mundial da Turquia. Tivemos certo sucesso ao não deixar Manu esquentar na partida. Scola esteve bem, porém abaixo do que o pesadelo na Turquia. Capturamos os rebotes sem que a Argentina tivesse segundas chances de pontuar e construir ataques a todo momento. Foi uma defesa que foi agressiva, forte, concentrada pelos vinte minutos finais. Uma defesa que todos nós gostaríamos de ver por 40 minutos. Que todos nós torcemos para estar sempre presente.

Retornando ao ataque, é bom lembrar que conseguimos fazer um balanço defensivo muito efetivo e os ataques, apesar de várias vezes não ter a movimentação dos cinco atletas de forma mais bem elaborada, conseguiu reter a bola, jogar com o relógio, usar a paciência por termos a vantagem nos pontos e os laterais tiveram, pela primeira vez em anos, a objetividade de cortar e procurar o pivô, cortar e chutar, cortar e achar alguém livre no perímetro. Saíram do jogo estático do chute de três a qualquer preço, em qualquer momento, de qualquer jeito.

Para a continuidade do Pré Olímpico devemos conter a euforia, fazer uma grande partida com Porto Rico amanhã e claro, pensar em vitória. A partir daí, concentrarmos para o final de semana que resolverá se retornarmos pelas próprias pernas para os jogos olímpicos ou vamos esperar 2016 quando seremos sede.

Que esta vitória seja a primeira de muitas com uma forma diferente de jogar, uma forma que se mostra possível de vencer equipes fortes, mas que difere da nossa filosofia, que nos últimos 10, 15, 20 anos não tem dado nenhum resultado. Hoje foi um dia histórico, mas de forma nenhuma podemos dormir imaginando que o serviço está feito.  Temos ainda três jogos para realizar e este foi um primeiro passo muito importante.

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