Entrevista Exclusiva: Jonathan Givony

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Publicado em: 14/06/2006

Considerado um dos maiores especialistas em Draft da NBA, Jonathan Givony fez uma pequena pausa em sua intensa rotina de acompanhamento de jogadores projetados e respondeu as principais dúvidas dos usuários do Draft Brasil.

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Givony é o presidente do Draft Express, site considerado uma bíblia do Draft nos EUA. Seus artigos são considerados indispensáveis até mesmo por alguns dirigentes da NBA.

Leia abaixo a tradução das perguntas e respostas feitas a Jonathan Givony pelos usuários do fórum do Draft Brasil:

Sobre o próximo Draft:

1. Andrea Bargnani ou Tiago Splitter? Esquecendo a questão do “buyout” quem você escolheria? (Breno Pequeno, Minas Gerais)

Jonathan Givony: Sem dúvidas, eu escolheria Splitter. Eu acredito que ele tem um papel muito mais definido na NBA, e eu enxergo ele tendo sucesso praticamente desde já. Bargnani é um ótimo “prospect”, mas, depois de assistir meia dúzia ou mais de vídeotapes de jogos dele que tenho comigo, eu fiquei com a impressão de que ele pode estar um pouco supervalorizado no momento.

Assistindo a ele jogar, eu realmente fico imaginando em quantos times da NBA ele seria de fato capaz de contribuir, considerando a sua fraca defesa e seus problemas nos rebotes. Toda hora em que as coisas começam a ficar um pouco mais complicadas para o Benneton, ele parece desaparecer. A maneira através da qual ele jogou nos playoffs italianos, ao longo do mês passado, tem que causar alguma preocupação. Quando o seu arremesso do perímetro não está caindo, existem grandes dúvidas sobre como ele poderia ter algum impacto no jogo. Eu acredito que ele vai acabar percebendo isso em algum momento, mas com toda a conversa sobre o quão grande é o seu potencial, nós só precisamos tomar o cuidado de avaliar o quão ele poderá decepciona, da mesma forma.

Eu gosto um bocado do Splitter…só é decepcionante que ele tenha que esperar outro ano, pois ele já está preparado.

Se a negociação que bastante gente comenta realmente acontecer – na qual a terceira escolha do Bobcats iria para Toronto, possivelmente com Brevin Knight, em troca da primeira escolha e mais Alvin Williams – não se sabe o quão longe poderá Bargnani cair no Draft caso ele não seja escolhido por Toronto. Especialmente se ele não convencer nos treinos e nos testes físicos.

2. Seria uma boa opção para o Toronto Raptors trocar a sua primeira escolha, uma vez que os melhores jogadores deste draft jogam na mesma posição de suas duas jovens estrelas? Caso a escolha não seja trocada, quem poderia contribuir mais? (Guilherme Struecker, Santa Cruz do Sul/RS)

Jonathan Givony: Eu realmente não entendo porque não existe mais barulho sobre manter a escolha e draftar Morrison com a #1. Eu acredito que ele definitivamente preenche uma necessidade da equipe e complementa Mo Peterson muito bem. O quanto mais eu penso sobre isso, mais eu chego a conclusão de que Morrison é o principal jogador deste draft, e não algum dos ala-pivôs.

E se você pergunta sobre contribuição imediata, eu acho que a resposta para isso é também muito óbvia. Se os Raptors puderem “trocar para baixo” umas poucas posições e pegar um jogador que já demonstrou estar preparado para a NBA na posição mais necessária, como Marcus Williams ou Brandon Roy, eu acredito que esta seria uma opção legítima, mas em outra hipótese, minha escolha seria definitivamente Adam Morrison. Toda a conversa agora parece envolver equipes como Charlotte e Indiana tentando trocar para cima para se certificarem que eles podem escolher esse jogador. Então, isso deve significar alguma coisa.

3. Escolher Robert Swift, e no ano seguinte Johan Petro, dois pivôs extremamente jovens e de potencial foi uma boa ideia? Dos dois, quem deve se sobressair nos próximos anos? Para esse ano, qual será a melhor opção para a equipe? (João Finkler Filho, Mogi Guaçu/SP)

Eu não creio que eu já tenha visto os dois garotos o suficiente para ter uma opinião estudada sobre o assunto. Pelo pouco que eu vi dos dois na temporada passada, eu diria Petro, mas eu poderia estar equivocado. E pelo que eu tenho escutado, parece que todas as necessidades do Seattle se voltam para o balanço de suas contas e no estancamento dos gastos do seu proprietário, sem se preocupar em fazer o time melhor, infelizmente.

4. O que você acha que o 76ers poderia fazer neste Draft? Selecionar um PG puro seria uma boa opção? Ou a equipe deveria optar por um homem de garrafão, pensando numa eventual troca envolvendo os “superpagos” Webber ou Dalembert? Eu espero que Billy King finalmente invista em alguma defesa para esse time… (Felipe, Rio de Janeiro/RJ)

Eu gosto da idéia de draftar um armador principal, talvez Rondo ou Sergio Rodriguez. Permitiria que Iverson jogasse na sua posição mais natural, como ala-armador, e talvez trouxesse uma movimentação de bola maior do que os Sixers têm no momento. A questão é: os Sixers estão falando para todos que eles vão draftar um “swingman” (SG/SF) – e o nome de Rodney Carney vem em mente. Isto se eles não forem capazes de “trocar para cima” (uma escolha melhor), o que eles esperam fazer.

5. Guillermo Diaz seria uma boa escolha para o Indiana Pacers? Ele é capaz de armar um time e manusear a bola sob pressão? Seria válida uma comparação entre ele e Steve Francis? (André Bitous, São Paulo/SP)

Eu acredito que ele estará sim disponível na 17ª escolha. No momento, eu acho que o máximo que ele poderia ir seria na 19ª escolha, do Sacramento, e ele provavelmente será draftado pior, mais abaixo do que isso. Eu não acho que ele seja um armador puro. Na minha cabeça, ele se projeta mais como um armador pontuador, para contribuir do banco. Se a sua vocação defensiva combina com Rick Carlise, eu não sei. Donnie Walsh e Larry Bird (e representantes de 14 outros times) estavam no mesmo treino que nós estivemos na semana passada em Orlando, onde Diaz jogou extremamente bem, mas eu diria que é mais provável que eles escolham um outro jogador projetado para o primeiro round que estava lá – Alexander Johnson. Não se surpreenda nem um pouco se isto acabar acontecendo.

6. Porque um jogador com tanto potencial como Rajon Rondo está tão mal nas projeções? (Guilherme Struecker/Santa Cruz do Sul/RS)

Rondo é projetado para ser escolhido em 13º no momento. Essa parece ser mais ou menos a posição na qual ele vem sendo projetado durante todo o ano pelo DraftExpress. Ele é um verdadeiro coringa neste draft, no sentido de que ele tem treinado para equipes que draftam no Top 5, como Toronto e Atlanta, mas ele também tem feito treinos para times na casa dos vinte e pouco, como Phoenix e New York. A sua cotação segue os mesmos trilhos das diferentes opiniões existentes sobre ele, mas eu acredito que ele vai acabar sendo um Top 20 quando tudo tiver terminado.

Ele ainda não teve a chance de treinar com um dos mais bem rankeados armadores do Draft, Marcus Williams, e de acordo com o que o agente de Williams, Calvin Andrews, falou-nos, a única chance que Rondo terá de treinar com Williams será no próximo dia 19, com o Atlanta Hawks, em razão das agendas conflitantes.

7. Em quanto tempo jogadores estrangeiros mais novos, como Ersan Iliyasova e Yaroslav Korolev já devem estar prontos para contribuir na NBA (se é que vão conseguir algum dia). (Lucas Souza, Recife/PE)

Eu acho que tudo dependerá de quanto tempo de jogo eles obterão. Garotos da idade deles precisam estar jogando competitivamente 1 ou 2 vezes por semana, além dos treinos que eles participam. E eles não vão conseguir isto, ao menos que sejam encaminhados para a NBDL (Liga de Desenvolvimento da NBA). Os Bucks parecem MUITO felizes com o resultado do envio de Ilyasova para a NBDL, então eu não me surpreenderia se o visse por lá novamente neste ano.

Para o Korolev, estar esquentando o banco no momento é provavelmente a pior coisa que poderia lhe acontecer, e eu acredito firmemente que, descendo um degrau (leia-se NBDL), ele poderá acabar alcançando todo o potencial previsto. Se você der uma olhada nos jogadores internacionais dos playoffs deste ano que contribuiram solidamente para as suas respectivas equipes, seja Nowitzki, Parker, Radmanovic, Ginobili, Diaw, Nocioni, Krstic, Varejão ou Barbosa, desde o início de suas carreiras, todos estes jogadores ao menos participaram da rotação de suas respectivas equipes da NBA. Agora veja aqueles caras que terminaram decepcionando, e quase todos eles passaram um tempo excessivo no banco em suas primeiras temporadas e nunca acabaram alcançando o seu potencial pleno.

8. O que você acha de Mile Ilicic? E Antonie Wright? Já pode ser oficialmente considerado um bust? (Breno Pequeno, Belo Horizonte/MG)

Eu não vi Ilic jogar neste ano, então eu não tenho certeza do quanto ele se desenvolveu desde o ano passado, quando nós o acompanhamos fortemente no caminho para o Draft. Aqui está o que eu eu escrevi sobre ele no ano passado antes do Draft. Aparentemente, ele estará no próximo ano com os Nets. Então, nós vamos descobrir logo logo se nós o “scoutamos” bem.

Aqui está o artigo original caso você queira dar uma lida sobre os outros jogadores internacionais do último draft.

9. Na maior parte dos casos, os estrangeiros escolhidos no final do 2º round são draftados mais pelo hype, pela técnica comprovada pessoalmente por scouts ou pelas suas atuações na Europa? Como exemplos, cito Sofoklis Schortsanitis, Marcin Gortat, Mile Ilic, Cenk Akyol, Sergei Karaulov, PJ Ramos, Xue Yuyang e etc. (Lucas Souza, Recife/PE)

Eu não tenho certeza exatamente do que ocorreu por trás de cada um desses caras, mas eu posso lhe assegurar que eles foram todos “scoutados” pesadamente pelos times que os draftaram e, em alguns casos, participaram de treinos privados para as equipes ou mesmo participaram do Pré-Draft Camp da NBA. Seja pelo hype, ou seja pelas atuações…a resposta está provavelmente no meio, o que tem muito a ver com o potencial. Akyol será um grande jogador de basquete…na Europa, ou na NBA, eu já não tenho certeza, mas os Hawks fizeram uma grande escolha capturando-o no fim do segundo round no ano passado. Baseado nas gravações que eu vi neste ano, Schortsanitis está ressurgindo. Ele poderá acabar sendo um jogador de rotação na NBA após mais uma temporada na Europa, especialmente se ele puder continuar a perder peso.

Sobre os brasileiros:

1. Existe alguma possibilidade real de JP Batista ser draftado no segundo round do próximo draft? (Guilherme Martins, São Paulo/SP)

Eu acho que ele tem uma chance, da mesma forma que muitos outros jogadores neste ano têm uma chance. Sempre há 50 bons jogadores ou mais que são candidatos a uma vaga entre a 30ª e a 60ª escolha, e ele é definitivamente um deles. Com certeza ele não machucou as suas chances da maneira com que ele jogou no Pré-Draft Camp. Pessoalmente, sinto que ele não tem o tamanho, velocidade, impulsão ou habilidades de perímetro para ser algo mais do que um jogador ordinário na NBA, mas eu sei de gente na NBA que discorda de mim. Outrossim, com 24 anos, é difícil dizer que ele tem um grande potencial.

2. Existe alguma chance de Tiago Splitter permanecer neste Draft? Qual é a sua expectativa com relação a Tiago Splitter e Marquinhos na NBA? (Vagner, Brasília/DF)

Parece que a resposta é não, mesmo que nós não tenhamos uma palavra final em um sentido ou em outro. Se ele permanecer, eu tenho certeza que isso significa que o time que o draftar (provavelmente na loteria) pretende esperar mais um ano. Se eu fosse uma equipe como o Golden State, Seattle, New Orleans, Utah ou Chicago, seria algo que eu faria em um segundo. O fato é, os times que estavam draftando muito lá embaixo tinham uma chance de fazer isso dois anos atrás e burramente decidiram não fazê-lo. A maioria dos dirigentes na loteria precisa sentir que está melhorando a sua equipe imediatamente, e se eles acham que não colherão os benefícios porque serão demitidos antes de Splitter chegar, então por que se preocupar?

3. Você poderia fazer uma sintética análise dos brasileiros até então draftados (Nenê, Barbosa, Araújo e Varejão) com relação à realização do seu potencial? (Tales Pagni, Americana/SP)

Nene: Em termos de atributos físicos, é muito óbvio o porquê de ele ter sido draftado na mesma região que Amare Stoudamire. O cara é um verdadeiro monstro. O seu tato para o jogo provavelmente não é maravilhoso, mas eu continuo achando que ele estava na iminência de ter um ano arrebentador antes de se contundir. Nós vamos ver como ele se recupera, mas ele tem as ferramentas para ser um jogador fenomenal na NBA. Se ele tiver tempo em quadra, ter 15 pontos e 9 rebotes de média será ridículo para ele. Com Kenyon Martin na lista negra do George Karl (técnico do Nuggets) e provavelmente na iminência de ser trocado, espere que Nenê evolua no próximo ano.

Barbosa: De uma forma ou de outra, possivelmente o jogador mais veloz da NBA. Ele evoluiu consideravelmente ao longo dos últimos anos, e não tem mais tantos problemas com a sua mão esquerda, como antigamente. O mecanismo de seu arremesso não é uma pintura perfeita, mas você certamente não pode argumentar com os resultados, particularmente quando ele usa o seu arremesso para cortar os seus adversários, como ele faz. Ele esteve ótimo nos playoffs e basicamente foi o perfeito sexto homem vindo do banco de reservas. Considerando a sua altura, ele poderia provavelmente ser titular por algumas poucas equipes, mas ele ainda não foi realmente testado como armador puro. Suas assistências estão aumentando e seus erros diminuindo, comparando com o início de sua carreira, então não seria loucura dizer que ele pode ter um futuro como armador principal. Ele deveria ter sido draftado numa posição melhor do que a 29ª posição, então ele definitivamente excedeu às expectativas.

Anderson Varejão: Outro cara impressionante que ainda terá os seus melhores anos de carreira. Suas habilidades estão gradualmente melhorando, e ele sempre será um sólido defensor e reboteiro, em razão do seu tamanho e dos seu excelente motor. Na NBA de hoje em dia, ele poderia definitivamente jogar de pivô, mas ele precisa continuar trabalhando o seu arremesso e o tempo de bola, para evitar os problemas com as faltas. Ele é a perfeita ignição para o garrafão vindo do banco de reservas, e um absoluto achado, considerando a posição em que ele foi draftado.

Rafael Araújo: Eu fiquei muito feli em vê-lo negociado para Utah, onde ele originalmente estourou por BYU. Ele é um jogador que cede à emoção, e nunca conseguiria sucesso em Toronto, considerando o quão alto ele foi draftado e quanta pressão foi colocada sobreele. Ele pode ser um pivô reserva muito útil, nada especial, mas bom para jogar uns 10/15 minutos por jogo e trazer energia do banco.

Alex Garcia: Na verdade eu não o vi suficientemente para formar uma opinião.

Geral:

1. Na sua opinião, qual foi o seu maior erro de avaliação com relação a um jogador que esteja atualmente na NBA? E qual foi a sua avaliação mais acertada e que contrariava todos os prognósticos? (Alfredo Lauria, Rio de Janeiro/RJ)

Existem muitas coisas sobre as quais eu me penitencio, mas você não pode se martelar tanto sobre essas coisas, pois errar neste negócio é natural e se você está certo em 60% das ocasiões, estará em rara companhia.

Mesmo que 2004 tenha sido o nosso primeiro ano fazendo este trabalho e que nós não tínhamos toda a manha de “scoutar” jogadores, naquele Draft, eu acho que nós bobeamos com o Delonte West (quem acabou me ensinando uma grande lição sobre o valor dos chamados armadores combo – que podem jogar tanto de PG ou SG) e Peter John Ramos (altura maravilhosa e grande físico não significam sucesso, especialmente quando o jogador não leva jeito para a coisa).

Kirk Snyder acabou me mostrando o quão importante é analisar como um jogador se comporta fora das quadras em termos de atitude e facilidade de ser treinado. Sobre o Christian Drejer, eu tive uma expectativa grande, o que, novamente, mostrou-me muito da importância do preparo mental e da capacidade do atleta para suportar jogos mais duros. Kevin Martin (projetado por todos para não ser draftado quando nós dissemos que seria um verdadeiro achado no fim do primeiro round) pode ter sido o nosso maior acerto naquele Draft e, na maior parte, nós fomos OK com a maioria dos outros jogadores, exceto possivelmente por Dwight Howard, que nós gostávamos mais do que Okafor.

No ano passado, eu diria que Channing Frye pode ter sido o nosso mais destacado erro, mesmo que ainda não haja um veredicto definitivo sobre ele. Marvin Williams é um cara que me fez sentir mal quando eu assisti ele jogar neste ano, somente por causa de termos assumido que ele seria a escolha #1 ou #2 e nunca questionamos todo esse hype sobre ele. Sobre Ian Mahinmi, nós perdemos o bonde, como todos os outros. Jogadores sobre os quais nós fizemos uma boa análise, na minha opinião (mesmo que ainda esteja muito cedo para julgar), foram Jarrett Jack, Ike Diogu (quem ninguém achava que seria escolhido até um mês para o Draft), Ryan Gomes, Danny Grander, Orien Greene, Linas Kleiza, Robert Whaley e poucos outros.

Existem certos caras que eu firmemente acredito que poderiam ter sido draftados mais acima (Johan Petro) ou mais abaixo (Rashad McCants), mas continua sendo necessário que isto seja provado em quadra. A razão pela qual eu tento voltar atrás e olhar sobre quem nós erramos e sobre quem acertamos serve somente para nós avaliarmos o porquê daquilo ter acontecido e como nós poderemos melhorar no futuro. Nós não temos uma bola de cristal e certamente não temos a experiência de 30 anos “scoutando” na NBA, então nós estamos sempre aprendendo dia após dia.

2. Foi uma decisão acertada da NBA impor um limite de idade? Caso sim, 19 anos é o limite ideal? (João Finkler Filho, Mogi Guaçu/SP)

Pessoalmente, eu adoro. Parte por razões egoístas, e parte porque eu realmente acredito que foi uma decisão acertada.

A razão egoísta seria o fato de que pegar vídeo – tapes e avaliar jogadores de escola é dificílimo, e nós queremos ser capazes de aprender o máximo possível sobre cada jogador no Draft.

A razão mais objetiva seria o fato de que eu acho que é maravilhoso para a NCAA e até mesmo melhor para os jogadores que acabam atuando no basquete universitário. Não existe dúvida de que a NBA está privando alguns poucos jogadores de milhões de dólares de potencial receita, ao obrigá-los a entrar na NBA um ano mais tarde do que eles normalmente entrariam. O que que a maioria não pensa é que, para cada jogador que terá que esperar um, dois, três ou até para sempre, pelo fato de ser obrigado a ir para a universidade, existem 100 jogadores, os quais absolutamente não têm condições de pensar sobre NBA, mas acabam o fazendo mesmo assim, e muito cedo em suas vidas. Garotos com 14 ou 15 anos começam a ser preparados para a NBA e por isso negligenciam coisas importantes da vida, como ter notas para entrar para uma universidade, trabalhar nos fundamentos de seu basquete, manter os seus pés nos chão, no sentido de ser um garoto como todos os outros, e ter uma perspectiva da vida que eles de outra forma poderão nunca ter. Alguns jogadores conseguem enfrentar bem essa situação, mas outros nunca terão a chance de ter uma vida normal e adquirir a experiência capaz de lhe fazer enfrentar o tipo de adversidade que geralmente tornará uma pessoa mais forte no futuro. Eu não estou dizendo que ter aulas de Cálculo 1 é essencial para o processo de crescimento de uma pessoa como ser humano, mas eu acho que o ano extra em que o jogador é forçado a sair de casa, sem ir direto para a NBA, podem torná-los mais preparados para o que eles vão ter que enfrentar pela frente.

Não é uma ciência exata, mas eu acredito que isso ajuda mais do que prejudica. O que eu acho que vocês vão acabar vendo é que os Top 10 das escolas secundárias irão para a universidade e notarão que não são de longe tão bons o quanto eles pensavam, o que fará com que trabalhem mais duro para chegar a NBA, como um produto mais polido, mais capaz de contribuir para a sua equipe. Como eu mencionei antes, eu acho que a idade entre 18/20 anos na carreira de um jogador é de longe a mais importante para o seu desenvolvimento, e quanto mais eles jogarem, ao invés de ficarem sentados no banco, melhor eles serão.

3. Você poderia resumir, de uma forma abrangente e rápida, o seu dia-a-dia, no que diz respeito a acompanhar os jogadores, viajar, a rotina dos treinos e etc? (Tales/ Americana/SP)

Depende do período do ano. O DraftExpress não é a única coisa que eu faço, então, “em tese” é algo que eu faço apenas no meu tempo livre, mesmo que nesta época do ano acaba sendo muito mais do que isso.

Durante a temporada do basquete universitário, eu usualmente acordo cedo, indico os artigos mais relevantes na nossa seção de “manchetes”, tento absorver as notícias do dia e, então, dedicar-me a minha “outra vida” até o final da tarde. Quando eu chego em casa, eu tento conversar com a minha equipe e tocar o que nós havíamos planejado para os próximos dias. Por volta das 7 horas da noite, geralmente começam as transmissões da NCAA, e é quando eu folheio a agenda de transmissões da “ESPN Full Court” (serviço pago do site da ESPN que transmite de 5 a 6 jogos universitários diariamente para os EUA) e tento perceber quais são os jogos mais importantes para assistir naquela noite. O maior desafio ao longo da temporada é ser o primeiro a descobrir quais são os “prospects” e, então, assistir jogos deles, uma, duas, quatro, cinco, dez, quinze vezes, dependendo: do quanto bom eles são, os confrontos que eu quero ver, e com que freqüência o time deles estará na TV. Eu tenho o notebook com a aparência mais tosca do que vocês já viram, absolutamente coberto com notinhas em todas as partes, com tudo o que eu avaliei ao longo da temporada.

Uma vez terminada a temporada do basquete universitário, a politicagem começa, com a gente fazendo o possível para conversar em nossa rede com a freqüência necessária, sempre tentando se manter no topo das novidades nos EUA e nos outros continentes, e avaliando os jogos que nós gravamos, as fitas que nós recebemos das universidades, as trocadas entre nós, etc. Eu tento gastar 2 ou 3 horas semanais escrevendo sobre avaliação de jogadores, mesmo que eu sempre acabe gastando mais do que isso, quando eu sento para escrever.

Eu tenho um outro notebook que eu uso para anotar a maior parte de conversas que eu tenho com pessoas envolvidas com o basquete. Assim, eu não esqueço de nada e mantenho uma organização de quem está falando o que, quando e porque. Em termos de falar com os olheiros, o telefone toca durante todo o tempo nesta época do ano e eu tento ligar eu mesmo para pessoa quando eu quero conversar sob o que eles estão escutando sobre várias questões e, então, tento confirma-las pessoalmente. Responder a emails me tira bastante tempo. Eu realmente tento responder a cada um, ao menos que a pessoa queira que eu escreva um artigo inteiro apenas para ela. Nós conseguimos freqüentar os treinos individuais conversando com os agentes dos jogadores, somente tentando negociar um horário para ambos os lados, o que na verdade é mais fácil do que parece. Ir aos “Camps” (Portsmouth e Orlando) é muito divertido, mas cansativo tanto fisicamente, quanto mentalmente, quando você pensa em quantas horas de basquete você precisa assistir, para então ir para casa, e escrever. Honestamente, eu não posso reclamar, mesmo que essa não seja uma função com que a pessoa consiga sobreviver, mas é muito gratificante e certamente uma coisa que nós gostamos de fazer. O objetivo é ser capaz de fazer carreira com isso, e parece que é algo que vai acontecer, se nós conseguirmos continuar a colocar tempo e esforço nesta empreitada.

Para conhecer mais o Draft Express e os artigos de Jonathan Givony, acesse http://www.draftexpress.com

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