O que esperar da Seleção Brasileira
Durante todo o período de preparação da Seleção Brasileira, aliás, até antes, na expectativa dos convocados para a realidade dos que chegaram, li e ouvi muitas vozes principalmente entre os comentaristias das emissoras que transmitem basquetebol, que o Brasil teria chances (e em alguns casos, até soava como certa obrigação) de chegar entre os quatro primeiros lugares deste Mundial. Sim leitores, não estamos falando do selecionado espanhol ou argentino, presenças constantes em podiuns seja do torneio que for, nos últimos anos. Estamos falando do Brasil.
Sim, o mesmo Brasil que visitou o podium 8 vezes nos primeiros 10 torneios mundiais, entre eles nosso bi campeonato em 59 e 63 ( sob o comando dos monstros Wlamir Marques e Amaury Passos) além de quatro medalhas (duas de prata e duas de bronze) e hoje é apenas figurante dentro do cenário mundial. Do quinto lugar de 1990 à eliminação na primeira fase em 2006, o Brasil foi perdendo prestígio internacional, foi causando desgosto a cada participação e principalmente, começou a ser o país do futuro dentro dos Mundiais. Sempre o Mundial do momento, serviu como preparação para o próximo, a experiência para os mais jovens que iriam trazer as vitórias. Essas, infelizmente nos últimos 16 anos, são poucas e podemos conta-las nos dedos das mãos.
O que de fato devemos esperar da nossa Seleção é a disputa pelo segundo do lugar no grupo da primeira fase. Uma vitória hoje sobre o Estados Unidos, seria algo tão incrível e genial, que apesar de torcer demais, não acredito ser possível. Porém, fazer jogos parelhos com Croácia e Eslovênia e por que não, derrota-los, esta tarefa é realizável e acredito que o trabalho do excelente Ruben Magnano se voltou a isso na primeira fase. Sim, o segundo lugar é possível. Como também o quarto. Não devemos esquecer que Eslovênia e Croácia vem fortes para o Mundial. A primeira foi quarta coloada no Europeu de 2009. Se Erazem Lorbek fará falta, com certeza fará. Porém ainda tem um perímetro dinâmico, com boa leitura das ações ofensivas e com possibilidades de dominarem o jogo. Além disso, é um time que mostrou uma defesa muito forte e bem orientada. A Cróacia por sua vez foi sexta colocada no Europeu de 2009. Mesma posição conseguida nos Jogos Olímpicos de Pequim. É um time com muito poder ofensivo. O ataque normalmente faz um trabalho melhor do que a defesa. Tem atletas versatéis e muita gente para pontuar. Apesar dsso, é criticada pela irregularidade dentro de um mesmo torneio, alternando partidas muito boas com outras desastrosas.
Estes dois times são nossos adversários diretos para conseguirmos o segundo lugar do grupo. Mais do que isso, estas duas equipes podem nos dar a medida exata do que esperar em um confronto contra outras equipes que podem ser listadas como forças intermediárias dos torneios, tais quais, Lituânia, Rússia, Turquia, Porto Rico, Sérvia e e Austrália. Com o nosso cruzamento com o grupo A (Argentina, Sérvia, Austrália, Alemanha, Angola e Jordânia), a expectativa em caso de sermos quarto lugar ou terceiro lugar é de enfrentarmos Argentina (relembrando as quartas de final do Mundial de 2002, nos EUA) ou Sérvia (prata no Europeu-2009, bi-campeã mundial 98/2002), possíveis primeiro e segundo lugares de tal grupo. Escapar de um possível confronto contra estas seleções seria um passo importante para chegarmos nas quartas.
Caro leitor, a idéia de que podemos chegar na semi-final do Mundial se torna real se conseguirmos o segundo lugar do grupo. Não somente o segundo lugar é importante, que pode vir tanto com uma vitória apenas sobre Croácia ou Eslovênia ou claro, virá se vencermos ambas. O motivo maior é, se vencermos as duas seleções, a possibilidade de mostrarmos um basquetebol afiado, bem treinado e com nosso time jogando com maturidade é muito grande. Neste caso, o confronto nas oitavas seria contra o terceiro lugar do grupo A, Austrália parece favorita a esta vaga, com Alemanha e Angola com ligeiras possibilidades de lutar por esta posição. Austrália aliás, que enfrentamos domingo passado pelo Torneio de Lyon e após três quartos de boa defesa, preciptamos no ataque, nos perdemos na defesa e sucumbimos ao melhor jogo coletivo do time da Oceania.
Ainda que possamos vencer Eslovênia e ou Croácia, de maneira alguma devemos achar que os atletas tem a obrigação total e seria um sonho achar que somos favoritos nestes dois jogos. Não somos. Melhoramos muito desde quando Moncho Monsalve assumiu o time principal e de certa forma, o espanhol conseguiu mudar o pensamento de alguns atletas (não podemos dizer todos, infelizmente) e as atitudes dentro da quadra. Porém, o caminho é árduo e não é simples realizar 5 jogos em 6 dias com toda a pressão dos resultados.
Irã e Tunísa, com todo respeito que merecem, são adversário que nossa seleção tem obrigação de vencer. Não podemos esperar um Mundial decente da nossa parte se tivermos aperto contra estas duas seleções, teoricamente as mais fracas do grupo. Seria catastrófico perder para uma das duas, o que dirá para ambas. Acredito que estamos na frente dos dois times.
Dessa forma, temos chances de avançar nas próximas duas semanas. Resumidamente, seria ótimo para nosso país conseguirmos disputar de quinto ao oitavo lugar. Uma posição que nos pode dar a real leitura do nosso momento. Não, estamos longe de termos tudo organizado internamente, porém também estamos longe de ser um porcaria de time. Um possível oitavo lugar nos remeteria ao torneio de 2002. Sim, ali não estávamos no fundo do poço absoluto (e infelizmente cavamos ainda mais neste poço sem fim) mas também não erámos mais uma potência como nos anos 50 ou 60. Estávamos em um meio termo. Porém, nos anos que vieram pegamos a estrada errada. Descemos ladeira abaixo. Hoje, um oitavo lugar após o Mundial de 2006, após a conquista da Copa América, seria a afirmação de que melhoramos alguma coisa e por algum motivo. De que algo mudou na nossa seleção e que dias melhores de fato podem vir com as gerações que estão começando a ser utilizadas no time principal.
E deixo claro, uma eventual semi-final seria a realização de um sonho. Algo que ultrapassa qualquer análise feita sob as atuações dos últimos quatro ou seis anos (embora exista a melhor nos últimos dois). Porém, como todos os sonhos, devemos acordar depois para a realidade.
A torcida para irmos bem no Mundial existe e é verdadeira. Serão duas semanas em que todos nós estaermos respirando basquetebol. Todos nós amantes do jogo da bola laranja, estaremos aqui pelo Draft Brasil debatendo, discutindo, torcendo, sofrendo e nos alegrando. Serão duas semanas que vamos medir como estamos perto das outras forças. Que o Brasil consiga realizar um Mundial digno da nossa tradição e importância dentro do basquetebol mundial. Boa sorte e bom trabalho, Brasil!