A ‘’zona-covarde’’

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Publicado em: 6/06/2010

O armador Nezinho, após se sagrar campeão nacional de basquetebol, proclamou uma frase que de tão inusitada, saltou aos ouvidos de todos: “O Flamengo foi covarde, jogou 2-3 o jogo inteiro”.

Deixo aqui registrado que, se ouvi errado, me desculpe Nezinho, porém ao confirmar com o editor do site, Guilherme Tadeu e questiona-lo mais de uma vez se esta foi a frase de fato, não tem como passar batido.

Não compreendo como um atleta do nível de Nezinho, (atleta que já atuou pela seleção várias vezes, Mundial até) considera covardia o uso da defesa x ou y. Caberia ao atleta pensar em como quebrar a defesa, seja ela qual fosse. O Flamengo jogou dentro das regras, logo, poderia marcar qualquer coisa. Escolheu uma zona que considero universal nas quadras brasileiras. Qualquer pelada 5 contra 5, vemos a zona 2-3, a ‘’zona-covarde’’, sendo armada e jogada. Logo, um atleta profissional, deveria é saber como o que fazer contra encontra a defesa armada e não soltar aos microfones, que o time adversário foi ‘’covarde’’.

A ‘’zona-covarde’’ aliás é o tema da clínica que um dos principais técnicos norte-americanos, Jim Boeheim (Universidade de Syracuse), ministrará em São Paulo, nos dias 25,26 e 27 de julho. Com a ‘’zona-covarde’’ Boeheim fez seu trabalho, conquistou títulos, prestígio e conseguiu deixar um legado e transmitirá parte disso para nós brasileiros.

A covardia que Nezinho mencionou veio a calhar. Chega no mesmo instante em que mais técnicos e atletas irão aprender sobre a ‘’zona-covarde’’, a zona 2-3. Irão aprender com quem a realiza de forma estupenda e principalmente, irão perpetuar estes ensinamentos para os jovens atletas. Será isso um erro ? Na visão de Nezinho, talvez.

Será que o Flamengo errou ao usar a defesa 2-3 durante toda a partida ? Somente quem pode responder é o técnico, Paulo Sampaio. E ironicamente concordo com Nezinho, é mesmo uma covardia mostrar que o atual campeão brasileiro de basquetebol não consegue quebrar uma defesa 2-3. É uma covardia expor o time campeão desta forma. E ainda mais covarde, manter o jogo inteiro uma defesa que o time armado por Nezinho não fazia a menor idéia de como quebrar.

Me questiono agora, será que Nezinho, ao ser derrotado pela defesa pressão da seleção da Grécia no Pré Olímpico Mundial de 2007, saiu aos microfones reclamando que a defesa pressão quadra toda foi uma covardia por ter sido utilizada o jogo todo?

Me questiono novamente, será que Nezinho, se jogasse contra a seleção dos EUA, da qual Boeheim é auxiliar técnico, sairia da quadra reclamando de uma eventual covardia por parte da tática defensiva implementada por este time ?

Acredito que ele não reclamou do jogo contra os gregos e tão pouco reclamaria do hipotético encontro contra os norte-americanos. Então por que reclamar aqui ? Por que se prestar a este papel?

Por que pautar e criticar duramente o que o time adversário fez, e aliás, fez bem feito por boa parte do jogo ? Por que reprovar o que o jogo pode conceder, aliás, o grande dilema que o jogo que ele atuou segundos antes concedeu: como quebrar a zona 2-3 do Flamengo.

Frases como esta de Nezinho mostram que estamos muito atrás sobre o pensamento tático do jogo, sobre a reflexão do que é feito em quadra, sobre os ensinamentos que uma final pode nos concede. Flamengo nada mais fez do que o Phoenix Suns, dias antes na final da Conferência Oeste contra o Los Angeles Lakers fez, ou seja, marcou zona 2-3.

Será o Suns, mais um time covarde então ? Será que todos que usam a zona 2-3 como defesa, estão sendo covardes?! Temos agora que abolir as defesas por zona?!

Não tenho as respostas para estas dúvidas mas a clínica de Jim Boeheim poderá nos dar algumas luzes. E seria interessante vermos atletas lá. Ao menos, teríamos certeza de que frases tão infelizes não seriam proclamadas.

Que venha a clínica da ‘’zona-covarde’’.

Editando: aí vai uma dica para quem quiser entender algumas possibilidades de se atacar uma zona. Uma aula de Coach K.

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