A arte da má condução
O mais novo episódio envolvendo a CBB, a dispensa do ala/armador Leandrinho Barbosa, mostra claramente o quanto a administração do basquetebol nacional está perdida e sem rumo e o quanto a incompetência por lá é gritante.
Esta nova polêmica, que tem o atleta do Toronto Raptors como pivô da situação, é somente mais uma que daqui alguns dias irá passar, muitos esquecerão e provavelmente nada será feito para que num futuro próximo, não ocorra mais. A triste constatação é que, qualquer convocação da seleção brasileira de basquetebol nos últimos anos, tem o mesmo questionamento pontual quando é divulgada: Quantos destes não irão se apresentar ?
Logo, seria razoável pensar que a CBB deveria criar qualquer fórmula, seja ela qual for, para evitar este tipo de polêmica, que não é boa para ninguém. Se Leandrinho mencionou em março que não iria se apresentar e reafirmou o mesmo em 29 de junho para o diretor da CBB, Vanderlei Mazzuchini, por qual motivo o atleta ainda estava na lista final de Rubén Magnano ? Por que a CBB contava com um atleta que dias antes da convocação deixou claro que não iria se apresentar ? É mais do que evidente que a Confederação queria criar uma indisposição do atleta com quem quer que fosse. E claro, conseguiu. Não justifica somente o fato de não ter ficado claro para o responsável qual foi o motivo. Existiu um motivo, o atleta mencionou qualquer motivo que seja e pediu para não ser convocado e claro, não foi atendido.
Porém a pergunta tem que ser feita novamente, qual a vantagem deste episódio para os envolvidos ? A CBB, claro, sai perdendo, pois cria um problema com um dos principais atletas da nossa modalidade. E mais, cria mais um problema às vésperas da competição mais importante da temporada, como se não existissem outros mais importantes para resolver. O atleta sai perdendo pois tem que se explicar em vários programas esportivos e perde ainda mais tempo para resolver a situação do seu corte, seja a situação que for. Os fãs e a mídia perdem tempo para discutir algo que já estava resolvido: o atleta não iria atuar pela seleção neste inverno e os responsáveis pela convocação sabiam dessa decisão.
Leandrinho é o pivô de um problema que deveria ter sido evitado. Até quando vamos conviver com os mesmos erros sendo cometidos pela CBB ?
Se o Confederação sonha em tratar o basquetebol com o mínimo de seriedade possível, algumas lições com este episódio devem ser aprendidas. Primeiro, ouvir o atleta. Ele é quem vai decidir se jogará ou não. Neste caso, ele decidiu e comunicou antes. O que mais ele deveria fazer ? Não existe mais nada a ser feito por ninguém após a decisão ter sido tomada pela atleta. Segundo, ter as pessoas certas nas funções certas. Fica claro que não temos gente capacitada para desempenhar a função para qual foi designado. A função de conversar com os atletas, entende-los e passar o recado adiante dentro da CBB, não teve êxito por quem conseguiu fazer este carnaval todo acontecer. Terceiro, preocuparmos mais com os que estarão aptos a defender nosso basquetebol do que com os que não poderão ir. Leandrinho fará falta, assim como Nenê e qualquer outro da lista que não puder atuar. Porém, ao invés de lamentarmos sobre os que não vão, deveríamos gastar mais tempo e trabalho com que estarão em quadra. O atleta avisou que não iria, ponto final. A partir daí era começar a pensar em outros para suprir sua ausência e não forçar a barra para que o mesmo se apresentasse.
São pontos simples e de fácil correção, porém já faz um bom tempo que a CBB prefere bater de frente com atletas que pedem dispensa e perder tempo tentando justificar o que é injustificável. O atleta pediu dispensa em março e em junho. Jamais deveria ter sido convocado, porém foi e claro, não se apresentou como disse que assim faria. E não duvide caro leitor, que daqui alguns meses será a vez de outro atleta, que não será ouvido e será novamente convocado e não se apresentará. E teremos todo este problema de volta, porque ao que consta, a CBB não consegue corrigir seus erros e quem perde com tudo isso é o basquetebol brasileiro, que não tem uma administração capaz de ser racional e objetiva.