A cara do dono

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Publicado em: 8/12/2013

Sério, tímido, extremamente dedicado e um competidor feroz. Estes são alguns adjetivos que descreveriam a carreira de Larry Bird como jogador e, por que não, a de técnico e dirigente – não custa nada lembrar que ele é o único cidadão no planeta a ter recebido da NBA, os prêmios de melhor jogador, melhor técnico e melhor dirigente. Bem, esta coluna não tratará da carreira do ex-jogador dos Celtics, mas sim de uma criação do mesmo: o Indiana Pacers, afinal, juntamente com os Spurs, a franquia com a melhor campanha da liga consegue ser tão “low profile” quanto competitiva, assemelhando-se muito ao comportamento de seu atual presidente de operações.

Bird, um dos símbolos do Estado de Indiana, onde nasceu, cresceu e jogou basquete até a universidade, começou sua relação com os Pacers um tanto que tardia: apenas em meados de 97, quando aceitou substituir Larry Brown no posto de técnico principal. Herdou uma equipe que havia sido treinada por Brown durante quatro anos e que alcançou a final da conferência duas vezes (perdeu ambas), mas que vinha de uma temporada com 39 vitórias e 43 derrotas e que ficava fora dos playoffs pela primeira vez desde 1989. E os resultados apareceram rapidamente. Praticamente com o mesmo elenco, onde se destacavam Reggie Miller, Mark Jackson, Jalen Rose, Dale Davis e Rik Smits e mais o acréscimo de um veteraníssimo Chris Mullin, a campanha no final da temporada regular saltou para 58 vitórias e 24 derrotas, o que rendeu a Larry o prêmio de técnico da temporada.

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Nascido e criado em Indiana, Larry Bird teve toda sua carreira no basquete ligada ao estado norte-americano.

Sua marca nesta campanha foi a eficiência. Com um time não tão atlético e nem tão jovem (suas principais estrelas ou tinham mais ou estavam beirando os trinta anos), mas cerebral, o ritmo foi o terceiro mais lento (87,9 posses/48 minutos), mas o ataque foi o quarto mais eficiente (108,4 pontos /100 posses). Os Pacers só foram barrados de ir a final pelos Bulls de Michael Jordan, em uma série que a turma de Chicago teve que rebolar para fecha-la em um apertado 4-3. Na temporada seguinte, que devido ao lokout, iniciaria em janeiro de 1999 com cada equipe realizando apenas 50 jogos, mais uma ação que mostrou sua competitividade e a obsessão pela excelência. Mesmo com a greve em andamento, ele convenceu seus atletas a treinarem juntos (na época, Indiana tinha 11 jogadores sob contrato e não haveria grandes mudanças quando tudo voltasse ao normal).  Bird, que era fanático pelo condicionamento físico (costumava correr provas de rua em Boston para apurar a forma) acreditava que em uma temporada atípica como aquela, com uma pré-temporada reduzida, a condição física seria fundamental. Depois de terminar a fase regular na liderança do leste, os Pacers chegariam a mais uma final de conferência, todavia seriam parados por um obstinado e encantado Knicks (primeira equipe a entrar nos playoffs como oitava colocada a vencer a conferência). Em 2000, finalmente conseguiu chegar a final da liga. Do outro lado, o eterno rival da época de jogador, os Lakers, de Shaq e Kobe. Apesar da luta, teve que contentar-se com o vice. Os californianos venceriam por  4 x 2.  O sexto jogo da série seria o último de Bird como técnico.

Em 2003, ele retornaria aos Pacers, agora como gerente geral. Uma de suas primeiras atitudes foi demitir o técnico que o havia substituído em 2000, o antigo rival das quadras, Isiah Thomas. Em 2004, aconteceria o episódio que ratificaria o caráter de Larry e sua forma de enxergar basquete: no dia 19 de novembro, Pacers e Pistons protagonizariam um dos episódios mais lamentáveis da história da liga, uma pancadaria envolvendo jogadores e torcedores que não ficou devendo em nada para uma rodada de MMA (clique aqui para ver). Bird, que foi uma dos ícones da mudança do padrão de comportamento da NBA na década de 80 não engoliu a arruaça e resolveu fazer uma reformulação radical (além do prejuízo técnico devido a suspensões de Ron Artest, Stephen Jackson e Jermaine O’Neal, a confusão ocasionou prejuízo financeiro a franquia, já que após o ocorrido, a média de público despencou de 17mil para 12 mil espectadores por jogo). Ao lado de Donnie Walsh, adotaram o a política de que não bastaria trazer só bons jogadores, mas também bons cidadãos.

O resultado começa a ser colhido agora. O título de executivo do ano em 2012 talvez seja encarado por ele apenas como um prêmio de consolação. Larry quer o título. Com um time bem a sua semelhança (silencioso, focado e que adora competir) não deve demorar muito.

Alerta

Se a defesa reina absoluta como a menos vazada, o ataque ainda segue sendo um problema para os Pacers. Com média de 97,8 pontos por jogo, é apenas o 19º que mais pontua.

Bons presságios

Os Pacers são o segundo em margem de eficiência (a diferença entre as eficiências ofensiva e defensiva). 13 dos últimos 16 campeões estava entre os três primeiros neste quesito.

Xodó

A situação de Danny Granger ainda é uma incógnita. Será trocado? Será o descanso que manterá Paul George sempre com fôlego? Granger, draftado em 2005, foi o jogador que iniciou esta nova fase em Indianápolis.

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