À espera de um condutor
O panorama não é bom para Sergio Hernández, afinal, a não presença de Pablo Prigioni parecia se confirmar quando o até então titular Juan Pablo Figueroa se lesionou. E se fossem só esses os problemas na armação argentina Hernández estaria feliz. Juan Pablo Cantero não rendeu o esperado nos amistosos preparatórios e no Super4 de Rosário, enquanto o garoto Juan Manuel Fernández está com uma lesão no tornozelo direito e longe da plenitude física. Enfim, as quatro opções iniciais de Hernández estão em “stand-by”.
Desde o começo da preparação argentina a posição “1” é a maior incógnita. Prigioni (titular absoluto de Hernández) está em fase de transferêrencia na Espanha (deve sair do Tau Ceramica e ir para o Real Madrid). Com os problemas contratuais, Prigioni está impossibilitado de atender a convocação. Sem ele, Juan Pablo Cantero e Juan Pablo Figueroa eram as opções da Argentina para a Copa América. Os dois jogadores tiveram ótima temporada na Liga Nacional Argentina. Hernández passou a titularidade no início de preparação para Cantero, entretanto, o atleta de 26 anos não correspondeu as expectativas e acabou não conseguindo conduzir o time argentino contra a fraca Austrália (sem suas estrelas). Com isso, Figueroa assumiu a titularidade a partir da segunda partida preparatória e não saiu mais. O jogador do Atenas de Córdoba e apenas 23 anos se mostrou um ótimo condutor para o estilo argentino. Não forçou arremessos, controlou o tempo do jogo e conseguiu dar ritmo e organização ao time. Já Cantero continuou mal e Juan Manuel Fernández (18 anos, até então ganhando experiência na seleção principal) ganhou uma vaga no grupo que viajou até o Rio de Janeiro para a disputa do Super4 brasileiro. Os problemas pareciam estar resolvidos até que Figueroa e Fernández sentiram lesões.
Fernández já estava batalhando contra uma lesão no tornozelo direito, entretanto, depois de parecer recuperado voltou a sentir no Rio de Janeiro e com isso está longe do ritmo ideal (tanto físico como de jogo). Figueroa ao contrário, se lesionou durante a partida contra o Uruguay e não voltou mais para o jogo. A probalidade é que tenha sofrido uma distensão muscular na perna esquerda e fique de fora da Copa América (nessa segunda-feira irá realizar os exames que constatarão o que realmente aconteceu). Aliado as lesões, a situação de Prigioni passa a ficar cada dias mais complicada, deixando Hernández e a Argentina com apenas um armador – que não rendeu o esperado contra adversários fracos.
A situação fica crítica, afinal, caso Prigioni e Figueroa fiquem realmente de fora, é temerário ir para Porto Rico com Cantero em má fase técnica e com pouco ritmo, afinal, ficou de fora do Super4 carioca e nem chegou a treinar com a seleção nesse tempo. Além disso, Fernández (reserva imediato) é um garoto que inicialmente estaria ganhando experiência na seleção. Sair direto da fase de adaptção ao time diretamente para a rotação sem estar 100% em forma é arriscado demais. Ainda mais na falta de um armador consagrado como titular.
Diante da situação e eventual confirmação da distensão de Figueroa, o treinador argentino deve convocar um novo armador para a seleção. Porém, as condições desse que seria o quinto armador convocado também preocupam. Não existem muitos nomes disponíveis e tal atleta irá se intregar ao time completamente fora de forma. Os campeonatos ao redor do mundo acabaram há meses e além da falta de ritmo de jogo existe toda a parte física para se recuperar. O tempo para isso não é grande: 15 dias. É possível convocar um jogador e em 15 dias adaptá-lo ao sistema da seleção além de prepará-lo físicamente?
São perguntas que atormentam os argentinos desde a lesão de Figueroa. Hernández tem um problema e tanto e chegou a adiar a divulgação da lista definitiva de jogadores que irão para a Copa América – a divulgação ocorreria nessa segunda e foi adiada. Em meio a tudo isso só uma certeza: os argentinos continuam à espera de um condutor.
Raoni Moretto
raokiller@hotmail.com
Foto: Diário Olé