O medo como ação preventiva, por Carlos Alex Soares

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Publicado em: 24/12/2008

É sabido que abrimos o espaço para debate em relação às eleições da CBB. A lacuna está aberta e será preenchida a medida que recebermos aqueles que tiverem algo de importante a dizer sobre o basquete nacional. Nesse intuito, Carlos Alex Soares volta ao DB repercutindo o texto de semana passada. Seguimos à espera de pronunciamentos das outras partes interessadas.

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Essa semana publiquei em meu blog um e-mail que circulou no RS. Nele, Carlos Nunes repassava o e-mail recebido de José Medalha, indicando a matéria anterior do Draft Brasil, com o assunto de “Carlinhos leia essa matéria”. Logo em seguida o jornalista Juarez Araujo manda rasgados elogios para o Carlinhos, chegando a chamá-lo de “meu presidente” e dizendo que esse era caminho para a vitória. Contestei os dois e, óbvio, os dois responderam. A surpresa é a resposta do jornalista Juarez Araujo, com grosserias que em nada tem de positivo para o debate que ora estamos propondo. Já José Medalha assume sua posição, dizendo que caso Carlos Nunes seja candidato a presidência da FGB terá o seu apoio. Tudo isso está no mais basquete.

O que há de importante nisso para o basquete gaúcho? Diz muito do que é capaz Carlos Nunes, pois ele usou uma correspondência pessoal para promover-se, ou seja, duas pessoas que confiam nele, crêem que podem dialogar, trocar idéias com ele, que seu nome é o mais adequado para a administração do basquete brasileiro (que engano triste…) e que possuem respaldo nacional por suas histórias, foram usadas para que, no RS, outras federações e pessoas de renome no basquete brasileiro vejam que ele tem o apoio de José Medalha e de Juarez Araujo – o cara que criou a revista Super Basquete.

Exatamente o que me chegou por e-mail, como conseqüência do publicado no blog, com o assunto “Frases de CN em um jantar em Santa Catarina”:

“O Mauricio Fregonezi esta do meu lado ( e depois meteu o malho no tal de Mauricio)”
“Toni sabe que esta sem chance e esta se chegando para o meu lado”
“Brunoro esta bancando tudo na minha campanha”

Dito isso, pergunto: a Brunoro Marketing Esportivo fez a lição de casa ou pegou a primeira possibilidade de vitória e, lógico, colocar a mão na grana de patrocínios para o marketing da CBB? Toni Chakmati, o que vai me dizer disso?

Isso reforça o que quero dizer sobre o uso da influência alheia para benefício próprio. Quando lemos que Pelé apóia a copa do mundo no Brasil, pensamos que o evento pode ser saudável para o nosso futebol – Pelé apóia o futebol brasileiro, não a CBF, mas é política, abe como agir. Guardada as proporções, José Medalha apoiar Carlos Nunes soa semelhante, já que ele é o assistente técnico de uma de nossas últimas grandes vitórias e ex-candidato ao cargo máximo da CBB em 2004, contestando Grego e Carlos Nunes. Não é engraçado?

José Medalha possui o nosso respeito – o meu ele permanece tendo, principalmente por sua resposta a um desconhecido, mas com a discordância que o processo democrático nos permite. Mas quando conto que houve uma Assembléia Geral Extraordinária, convocada para alterar o estatuto da FGB, favorecer o Carlinhos e que teve 21 presentes, sendo que 10 deles representados por procurações e, pasmem, os procuradores eram… Árbitros da FGB, não dá pelo menos um coceirinha na cabeça? Sim, árbitros representavam os clubes na AGE e votaram no que era melhor para os representados (deixar como está) ou no que queria e levou o mandatário do basquete gaúcho?

Esse é o tema de hoje: o medo como ação preventiva. Muitos dos interlocutores que mantivemos contato e que votaram pela prorrogação do período eleitoral disseram isso: se vou contra, terei prejuízo, se o trabalho de vocês vingarem, em junho voto com vocês. Mas qual será o truque que ocorrerá em junho? Outro me escreveu pedindo para não citar o nome do clube dele (e o dele também, é lógico), pois poderia lhe causar constrangimento internamente, mesmo que o clube dele, via diretoria, queira mudança, se a idéia partir dele, pode ser alcançado pelas garras do dragão.

Medo minha gente, medo. Esse é o sentimento que move o basquete gaúcho. Não é vergonhoso ter medo. É saudável. É na adversidade que conhecemos nossa força e nossa capacidade de reagir, como um conserto da postura que deveríamos sempre ter tido: agir, ser dono de nossos desejos e decisões e externá-los. Mas o medo, em si, ainda mais quando se coloca em jogo nossas conquistas, nosso trabalho de anos, é válido. Eu tenho medo, por mim e por minha família. Temo por minha vida, pois o recado já foi dado: “o Carlinhos é do mal…”. O problema é que quem deu o recado, achou que eu iria me acovardar e que meu silêncio, por uns dias, foi em função de suas palavras. Foi em função de eu ter pensado que queria o bem do basquete, como nós e que poderíamos compor um única oposição. Nem tocar no meu ego foi capaz de me tirar do prumo, mas o amor pelo basquete [leiam Amor ao Brasil (amor ao basquete) e compreendam minha posição].

Então, para alguns são só negócios e interesses. Para outros é só trabalho, para os diretores e técnicos que são empregados, ter medo é sinônimo de manter o trabalho. Proteger o sustento de alguém inescrupuloso, sem caráter e mal intencionado ou mal administrador é uma atitude normal – haja visto todos os processos judiciais que a FGB responde e outros que é autora, com destaque para a execução de dívida fiscal pelo governo do estado do RS. Por isso que quando li o Blog do Juca e vi o título dessa postagem no seu texto, percebi que ele se encaixava como título do que esotu escrevendo aqui: estamos tão acuados, tão medrosos que nossa racionalidade some, não pensamos mais, agimos por instinto e o instinto é proteção. Assim dizemos o que o interlocutor quer ouvir, no caso, aprovação do que diz. É um assédio moral, um bullying entre adultos, entre instituições.

Imaginem, agora, esse senhor gerindo a CBB? 1,5 milhão da lei Agnelo/Piva, mais 5 milhões da Eletrobrás e outras receitas menores. Não venham me dizer que existe controle por que isso é o que menos há em nosso esporte. Exemplo disso é o fiasco do controle do Pan 2007 ou o passeio pós derrota no pré-olímpico mundial em Atenas e que ninguém mencionou ou, ainda, a CPI do senado que está sendo abafada.

Mais uma coisa: foi pedido cópia dos documentos e da ata da AGE realizada dia 11/12/2008, dando prazo de 5 dias para a FGB responder. Tudo bem, vai estar disponível. Ontem, findava o prazo. O que encontramos na FGB? Um cartaz, na porta, dizendo que estão de recesso até 05/01/2009, inviabilizando a realização da eleição dentro do estatuto da FGB, pois atrasa o trabalho da oposição, mas através de negação ou adulteração de documento público – está no código penal isso, correto? Creio que diga lá pena de 2 anos de reclusão e multa. Manobras, enrolações, pressões… Parece que logo será lançado o AI-5 do basquete gaúcho…

Então, Carlos Nunes e seu sorriso, suas gentilezas, tom de voz baixo, cunhado em anos de experiência, “embrometion” e “enrolation” continua o cordeirinho? O grande nome para quem me lê? Levem em consideração que as mentiras podem ser foco de um processo judicial, mas não ocorrerá, por que não escrevo mentiras. aliás, que mentiroso dura tanto tempo impune? Seria magnífico ter a oportunidade de responder por isso que escrevo em juízo, talvez provando judicialmente que são relatos da verdade, fosse tomada alguma atitude contra tudo o que denuncio há anos, contra esse câncer do basquete gaúcho que quer se espalhar pelo país.

Prof. Carlos Alex Soares

carlosalexsoares@gmail.com

Blog Mais Basquete

Carlos mora em Pelotas, no RS, tem 39 anos e é professor de educação física, especialista em educação e técnico de basketball. Apaixonado pelo basquete desde os 9 anos, resolveu escrever sobre o basquete como exercício de escrita e não quer parar mais. Longe dos grandes centros e da velocidade que a notícia circula, produz textos apaixonados, ácidos e irônicos baseados na realidade da modalidade.

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