A tal da identificação

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Publicado em: 19/06/2011

com-show-de-larry-bauru-atropela-o-paulistano1302607267[1]A discussão de momento no basquetebol nacional tem nome e sobrenome: Larry Taylor. Rubén Magnano convocou o norte-americano, que está em processo de naturalização, para reforçar nossa carente armação no Pré-Olímpico das Américas.

Entre as mais variadas opiniões, contra ou a favor, me deparei com uma que achei singular e que não li por aí em nenhum outro lugar. Opinião que me levou a escrever esse texto. Rafael Menta, editor e administrador do Draft Brasil, me disse que acha similar termos um Larry Taylor na seleção, embora sua identificação com o país seja de apenas três anos (o tempo que está por essas bandas) do que os garotos que saem do país com 14, 15 anos para jogar fora e nunca mais retornaram, a não ser nas férias.

Faz sentido. Quantos atletas saem cada dia mais cedo para o exterior, sem ao menos ter jogado uma vez por aqui. Atuando apenas na base e quando retornam, o fazem somente pela Seleção em pouquíssimos jogos pela carreira. Provavelmente ao final de carreira, muitos estarão por aqui novamente, mas no auge (e em vários casos, também durante sua formação), o atleta atuou quantas vezes para um público nacional ? Dez jogos ? Quinze jogos ?

Larry Taylor, apesar de não ser brasileiro nato, deve ser dos atletas que mais atuou dentro do país, como profissional, nesta lista de Magnano. Vejamos, se ele é dos que mais atuou e brindou a nós brasileiros com sua qualidade, como ainda questionar se existe uma identificação dele conosco ? É claro que existe. Afinal, eu mesmo já vi Larry atuar, em Belo Horizonte, nestes nacionais e ter o prazer de ver sua qualidade de perto. E não apenas uma vez. Além do fato de esperar vê-lo novamente na temporada que vem e ter quase a certeza que ele estará vestindo as cores de Bauru.

Neste hipotético levantamento, de quantos jogos cada atleta realizou dentro do Brasil (como profissional), é possível que Larry tenha mais jogos realizados em nossa terra do que Tiago Splitter, Anderson Varejão, Marcelo Huertas, Augusto Lima, Caio Torres, Paulão Prestes, Rafael Hettsheimeir e Nenê. Deve estar com uma quantidade de partidas similar a Leandrinho Barbosa e Marquinhos, por exemplo. O resto da lista fez a carreira praticamente dentro do país (casos de Arthur, Diego, Nezinho e outros não citados aqui). Logo, existe a possibilidade (e não existe o banco de dados para checarmos e termos certeza) de que Larry seja mais familiar ao público do basquetebol do que 40% da lista de sexta-feira.


Local de onde os garotos, cada vez mais cedo, saem para o exterior. Aeroporto de Garulhos se torna a única referência para muitos jovens atletas que deixam o país cedo demais. O público nacional, com certeza, não os conhecem e nunca os viram jogar ao vivo.

Dúvido que um guri em Bauru, que goste de basquetebol e vá ao ginásio ver sua equipe, questione a identificação de Taylor conosco. Assim como dúvido que ele conheça e talvez tenha visto pelo menos uma vez na vida, o recém repatriado Caio Torrres ou o jovem Augusto Lima. Os dois brasileiros devem ser completamente desconhecidos em boa parte das quadras do seu país, afinal, quem já os viu atuar aqui ??

Logo, a identificação não é sinônimo de nacionalidade. Do local de onde a pessoa nasceu. Garanto que todos os atletas que citei tem identificação com o país, saindo aos dez, doze, quinze ou vinte anos de vida. Todos devem estar contentes com a convocação para a seleção e todos devem ter planos para treinarem e atuarem da melhor forma possível por nossa equipe.


O mítico Pedrocão em Franca. Será que todos os atletas da Seleção já pisaram aí como profissionais em uma partida oficial ?

Mas, de forma alguma, podemos fechar os olhos para um cara que está aqui, fala nossa língua, mora em nosso país e atua no nosso basquetebol. Não é um E.T. vindo de Marte ou um cidadão que nunca ninguém viu por aqui que irá se juntar ao selecionado. E sim, um cara que tem uma ligação, que tem jogos, que já está na história da nossa liga nacional. História feita dentro de nossas quadras, história maior do que boa parte de nossa lista.

Devemos respeitar a escolha de Larry, torcer muito para que ele nos ajude com sua qualidade e fique por muitos anos em nossa terra e atuando em nosso campeonato.

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