A vitória na estreia e o que realmente preocupa
Após dezesseis anos de espera, o basquetebol masculino retornou ao cenário olímpico e venceu o perigoso time australiano por 75 a 71.
Em uma partida cheia de altos e baixos, o Brasil fez um primeiro período ruim, um segundo período bom, um terceiro período que pareceu que venceríamos sem sustos e um quarto período horrível.
Todavia, o saldo final é positivo. Vencemos na estreia e contra um time bastante perigoso, com tradição em nos complicar em estreias e que está sem dois de seus principais jogadores: o ótimo pivô Andrew Bogut, principal arma deste time e o armador Kyle Irving. Claro que isso não é nosso problema, mas trata-se de um time bastante coeso.
No geral, me preocupa, e muito, o que fazer se ficarmos sem Huertas, seja por um problema de faltas ou uma indesejável lesão. Enfim, quando ele não estiver em quadra, como vamos jogar?
Ficou claro para todos que o armador brasileiro é o único do elenco que tem condições de conduzir o time ofensivamente. Além disso, é o único atleta de todo o elenco com potencial de fazer alguma coisa diferente nas bolas decisivas. Este é, sem sombra de dúvidas, outro problema grave deste time.
Leandrinho, Alex e Marcelinho Machado demonstraram que não podem ter o controle ofensivo do time nos momentos decisivos. Mais uma vez (e ao longo da carreira dos três na seleção já vimos este mesmo filme, mil vezes), eles se precipitaram, erraram passes bobos, tomaram decisões para arremessos ruins e não conseguiram driblar com qualidade. Ou seja, fizeram exatamente aquilo que nos distancia das vitórias e nos aproxima das derrotas.
Larry Taylor e Raulzinho (que foi o único a não entrar em quadra hoje) são caras que devíamos testar mais. Porém, fazer isso no meio da competição é algo temerário. E o pior, parece que não são os caras que podem guiar à ofensiva quando precisarmos mais.Ainda do jogo inicial, os cinco minutos de jogo foram muito confusos e demonstram que temos que melhorar, principalmente na concentração. Precisamos fazer um jogo mais sólido e pautado no que temos de melhor: o garrafão.
No geral, gostei da estreia dos pivôs. Os três (Nenê, Varejão e Splitter), fizeram uma boa partida, defenderam bem próximo ao aro e tentaram construir no ataque alguns movimentos interessantes. Mas senti falta de um jogo de dupla entre eles, com passes entre pivôs e deslocamentos próximos à cesta. Mas nada tão preocupante quanto à armação.
Espero correções contra a Grã-Bretanha, dia 31, porque no dia 2, contra a Rússia, será um jogo chave, onde deveremos ter mais respostas concretas do que as dúvidas que pautaram a partida de hoje.