Abram caminho para os Blazers
A temporada da NBA começou ontem com pelo menos três mega favoritos em quadra: Cleveland, Boston e Lakers.
Mas há um time que há algum tempo chama atenção daqueles que acompanham NBA até mais tarde, nos últimos horários, pela incrível capacidade de seus dois principais homens e a sua inesgotável fonte de jogadores definidores: o Portland TrailBlazers.
É inegável que Brandon Roy e LaMarcus Aldridge são os dois principais talentos da equipe. O sistema do time titular, aliás, é baseado constantemente no pick and roll desses dois jogadores. Sendo o primeiro absurdamente talentoso e um infiltrador muito efetivo e o outro um grandalhão muito técnico e com bom chute de média distância, nos mismatches provocados pela saída dos bloqueios costuma estar a chave da vitória desse ótimo time. Talvez isso possa explicar o motivo do ótimo André Miller ter saído do banco e Blake, titular. Pesou, imagino, a qualidade dos chutes de fora de Blake e as características do jogo de Miller, que costuma ser um armador que passa bastante tempo do ataque com a bola na mão.
Restando a Miller a segunda rotação, surge aí outro ponto extremamente favorável da equipe de Portland. Se o time titular é absurdamente equilibrado, com Blake, Roy, Batum (machucado, deu lugar ontem a Webster), Aldridge e Oden, do banco vem dois jogadores de altíssima compreensão do jogo de basquete: além do já citado Andre, o talentosíssimo espanhol Rudy Fernandez, campeão europeu há pouco mais de um mês. Completam a “segunda unidade” o explosivo Travis Outlaw e o pivô batalhador (e só) Joel Przybilla .
Na estréia de ontem, em casa, o time reencontrou um rival que ao contrário de algumas previsões, julgo respeitável. É verdade que quando o mesmo Houston eliminou os Blazers nos playoffs da temporada passada, o time teve em Yao Ming, hoje fora, um jogador absolutamente dominante. Os Rockets ainda perderam o ótimo Artest e receberam o limitado – porém campeão Ariza, no rolo. Isso tudo obriga o time texano a se reinventar, um processo que vai se consolidar ao longo das partidas na temporada. Aaron Brooks, Shane Battier, Trevor Ariza, Luis Scola e Chuck Hayes é um núcleo interessante e se jogar um basquete mais coletivo do que o apressado de ontem, poderá render melhor. E que se diga: apesar de toda a superioridade mostrada pelos Blazers, de um Scola irreconhecível e da gigantesca vantagem aberta no terceiro período, o time conseguiu juntar cacos e até ameaçou os donos da casa no finalzinho. Se os calouros David Andersen e Chase Budinger conseguirem se adaptar com mais velocidade, acho que Houston pode se recuperar a tempo de brigar pelas últimas vagas aos playoffs.
Se a longa e as vezes entediante temporada de 82 jogos da NBA pode permitir imprevisíveis montanhas-russa de rendimento que levam times do inferno ao céu e vice-versa, repetidas vezes, é possível dizer que o caminho para o Portland se abriu com esperança. O time recebe esta semana o Denver, na quinta-feira, visita Houston no sábado, domingo o Oklahoma City Thunder e volta pra casa para receber, na terça o Atlanta e na quarta os Spurs. Destes, apenas o Oklahoma não foi aos playoffs o ano passado. Todos os outros não só foram, como passaram às semifinais de Conferência. É uma ótima oportunidade pra medir o real peso deste time que nos parece, desde já, ótimo e amadurecido.
Guilherme Tadeu de Paula (guilhermetadeudepaula@gmail.com)