Ainda sem grife

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Publicado em: 21/03/2014

Nesta sexta e sábado, serão os 2 dias mais importantes para o basquete latino-americano de clubes, assim como o Rio de Janeiro será a capital do basquete da região. Ou deveriam ser, já que nestas datas no ginásio do Maracanãzinho, a LDA (Liga das Américas), a maior competição interclubes dos países que estão abaixo do Texas, será decidida. Mas calma. Este artigo não é para recriminar o torneio, que ainda enfrenta muitos problemas (e que estão longe de serem resolvidos) e sim para tentar enxergar que podemos ter uma competição continental mais consistente e saudável.

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Os pontos a melhorar na organização da LDA estão bem claros. Basta a cúpula da FIBA Américas e os clubes chegarem a um consenso.

Primeiramente, esta deve ter sido a edição mais organizada, disputada e tratada com um pouco de carinho pela FIBA Américas. Premiar o campeão com o direito de disputar 2 jogos com o campeão da Euroliga adicionou um catalizador à competição e o bordão de que ela é a “Libertadores do basquete” começa a fazer algum sentido. Porém, a Liga das Américas ainda não é uma coqueluche da bola laranja. Mesmo no cenário regional, ela ainda não pegou totalmente.

Os pontos a melhorar? Vamos a eles.

Seleção dos Participantes: Esta temporada, a seleção dos participantes foi muito boa, sendo obedecidos quase que só critérios técnicos. Lembremos que no ano passado, houve a presença de 2 catadões da Venezuela, desistência de times argentinos e time recém-criado (Osos de Guadalajara) disputando a competição. Apenas 4 (Capitanes, Bambuqueros, Leones do Chile e Mavort) dos 16 participantes não foram campeões ou vices de suas respectivas ligas nacionais, (Pinheiros era o atual campeão e o Brasília entrou via título da Liga Sul-Americana). Que a FIBA Américas mantenha o rigor nos critérios de participação e procure resolver algumas questões que melhorariam o nível do torneio – o campeão porto-riquenho, Piratas de Quebradillas, não participou e não tivemos representante da República Dominicana, escola tradicional do continente.

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Mesmo sem ser campeão nacional, o Pinheiros/SKY de Shammell terá a chance de defender o título da LDA de 2013.

Sistema de Disputa: O atual sistema talvez seja o indicado para uma competição na qual obrigatoriamente os participantes tenham que viajar grandes distâncias com um orçamento não tão folgado. A introdução do sistema “Final Four” também deve ser elogiada, já que impede que um time tenha que comemorar o título na arquibancada, como aconteceu com o Pinheiros ano passado, mas é mandatório que a FIBA Américas, se quiser que o torneio deslanche de vez, comece a pensar em como ter alguma etapa que haja jogos de ida e volta, para que o público possa “sentir” a competição de perto e estreitar os laços com a mesma, que a meu ver, será fundamental para a sua sobrevivência. Ter uma boa premiação em dinheiro também entra no ‘check-list’. Motivá-la apenas na expectativa de se enfrentar o campeão europeu, talvez não seja suficiente. Além disso, é extremamente desagradável ficar vendo o ginásio vazio toda vez que o time da casa não está atuando.

Calendário: Sincronizar os períodos de disputa das ligas dos países participantes ajudaria muita a organização do calendário da competição continental, porém se você acha que acertar o calendário brasileiro de basquete será uma tarefa árdua, saiba que a possibilidade de ser ter um calendário minimamente sincronizado entre os países da América Latina será uma tarefa digna dos “12 Trabalhos de Hércules”. Ao contrário do que acontece na Europa, não existe uma uniformidade no período de disputa das ligas domésticas. Porto Rico é um exemplo que ilustra isso. A liga ‘boriqua’, que ainda nem começou, é jogada de março a julho e o motivo dela não ser jogada de novembro a maio é no mínimo, curioso: os dirigentes argumentam que nos meses de dezembro e janeiro, devido às festas de fim de ano, haveria uma baixa procura pelos jogos. Em maio, como começam as férias escolares existe a possibilidade de famílias inteiras irem aos jogos e por consequência a quantidade de público seria maximizada. Se o torneio interligas (lembram-se dele?), competição disputada entre os melhores clubes das ligas brasileira e argentinas, não foi para frente devido a problemas de datas entre países que tem o mesmo calendário, tente imaginar alguém propondo uma unificação de datas para o basquete de toda a América Latina.

Clubes no Comando? Invariavelmente ocorrem melhoras quando os clubes assumem o gerenciamento das competições que disputam. Foi assim quando a Euroliga saiu das mãos da FIBA Europa e quando o campeonato nacional saiu do julgo da CBB. Não vejo a curto e médio prazo, nenhum sopro de “rebelião” contra a FIBA Américas. Até por que o sistema, por enquanto, agrada os clubes e ao contrário de seus similares europeus eles ainda não têm calibre para baterem de frente com a entidade mor do basquete das Américas. Sair formando ligas por aí também não é nada fácil. Basta ver a dificuldade que os clubes paulistas têm para sair das amarras de sua federação.

O Grande Dia: Aqui talvez o maior e mais urgente desafio, o de fazer o “Final-Four” no período mais importante da temporada na região. Ainda se está muito distante que isto aconteça. Aqui no Brasil, por exemplo, no dia 22, quando será jogada a final, o NBB estará realizando uma rodada (e um dos jogos será Franca X Bauru). Tudo bem que os horários serão diferentes, mas com uma grande possibilidade de termos uma final continental verde e amarela, ela deveria ser assunto único para todos os que gostam da modalidade. Conseguir a atenção irrestrita do público da cidade onde se realiza o evento também será importante e para se avaliar o quanto isso será complicado, tente responder estas perguntas: Qual será o público se a final não tiver a presença do Flamengo? E se for entre Aguada X Halcones? É bem provável que essa situação (de não termos o time local no jogo final) não aconteça agora, porém ela não deverá demorar muito para ocorrer.

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Já imaginaram qual será o público do Maracanãnzinho se o Flamengo de Marquinhos não estiver na final da LDA neste fim de semana?

Não vejo nos próximos anos o panorama da Liga das Américas mudando muito em relação ao que foi visto esta temporada, o que em relação aos anos anteriores não é uma coisa ruim, mas ainda não é o ideal. Uma boa comparação é com aquele sujeito que veste uma roupa esfarrapada e que um belo dia, ganha um terno usado de uma campanha de caridade. Houve uma melhora no visual, mas ainda está longe de ser elegante.

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