Allen Iverson irá jogar em Memphis. De fato uma novidade ?
O Memphis Grizzilies assinou contrato com o veterano armador Allen Iverson. Desta forma, Iverson provavelmente terá sua última oportunidade como titular de uma equipe durante sua carreira na NBA.
Após passagem apagada pelo Detroit Pistons, Iverson poderá mostrar que ainda tem gás para ser o brilhante cestinha que foi desde quando chegou na NBA, na temporada 1996-97.
Desde então, Allen Iverson é idolatrado por muitos pelo seu estilo de jogo, sua transparência nas atitudes, sua garra ao entrar em quadra e também por ser considerado um atleta com o físico “mais normal” em comparação aos gigantes supostamente “irrerais” da NBA. Tudo isso mexe bastante com o imaginário dos fãs. Por outro lado, é criticado por suposta falta de liderança, por seu pequeno envolvimento para com as franquias em que atuou e também por ser taxado como fominha e pessoa de dificil convívio.
Allen Iverson entrará na sua décima quinta quarta temporada na NBA em uma equipe recheada de atletas que gostam de ter a bola nas mãos e atacar a cesta. São eles, Zach Randolph, OJ Mayo e Rudy Gay.
Neste momento, a grande dúvida é como fazer todos jogarem de forma coletiva, com o pensamento nas vitórias e não nas estatísticas pessoais. Claro que o discurso oficial de todos é que o reforço de Allen Iverson é extraordinário, até porque se trata de um atleta que tem seu nome na história da liga. Porém, ao juntar Allen Iverson e OJ Mayo, por exemplo, o Memphis Grizzilies parece querer fazer um revival de uma dupla do passado, que não deixou saudades. O próprio Allen Iverson e Jerry Stackhouse conviveram por pouco tempo juntos (ambos cestinhas duraram uma temporada e um quarto no mesmo elenco), até mesmo pelas possibilidades limitadas de existir vinte arremessos para cada por jogo.
Se não bastasse Iverson e Mayo como referências evidentes do jogo de perímetro do Memphis, Zach Randolph, ala-pivô famoso por seu volume de arremessos que tende ao infinito no ataque, provavelmente não deixará de perder arremessos com os quais sempre acostumou em ter. Conhecido por não retornar a bola no perímetro, uma vez que a mesma chegue no poste-baixo, Zach terá uma prova de fogo para saber quais suas reais intenções neste momento da carreira. Continuar pontuando a esmo, mesmo que isso não tenha retorno para o time em vitórias ou parar de arremessar todas as bolas que imagina ser possível converter e jogue em conjunto para o bem da equipe. Novamente o Memphis repete o time de Iverson e Stackhouse de 1997. Naquele momento, o 76ers contava com o também problemático, pouco agregador e bastante fominha ala-pivô Derrick Coleman. Como não bastassem estas semelhanças com Zach Randolph, ambos são canhotos, pegam muitos rebotes e constantemente estão acima do peso ideal, em confusões fora de quadra e convivendo com lesões. Ou seja, OJ Mayo um possível Stackhouse, Zach um possível Coleman e Iverson, ele mesmo, a história se repete na NBA e na carreira de Iverson.
A outra peça que deixa o tabuleiro ainda mais confuso na montagem deste novo Memphis, é o ala Rudy Gay. Considerado promissor por muitos analistas, Gay não conseguiu realizar o papel de líder na temporada passada, mesmo sendo o principal cestinha e o atleta com mais bolas chutadas em média por jogo na equipe. Isso não fez de Gay um atleta melhor, aliás, caiu em alguns fundamentos e jogou um jogo um pouco mais inconsequente do que deveria. Incrível, mas o time de 1997 do 76ers tinha um atleta semelhante. O ala Clarence Weatherspoon tinha realizado boa temporada em 1996, com boas médias de pontuação e arremessos. Também considerado promissor na liga. Porém, a temporada ao lado de tantos atletas com potencial ofensivo se não maior, porém com certeza mais interessados em seus rendimentos pessoais, podaram Clarence dos arremessos que tinha e suas médias despencaram, assim como sua confiança.
Com isso, tento mostrar que a NBA se repete durante os anos. Iverson irá para uma equipe tão semelhante à equipe em que ele jogou pela primeira vez. O que difere e deixa esperanças é a própria experiência de Iverson naquele antigo time, ou seja, sabermos se ele amadureceu. Se hoje, ele se lembra daquele Phildelphia cheio de talento e de problemas. O Phildelphia de 1997 venceu somente 4 jogos a mais do que o Philadelphia de 1996. Saíram de 18 vitórias para 22 vitórias, ou seja, mesmo com tanto talento e possibilidades, o time sucumbiu nas intenções pessoais de cada um, que claramente ficaram como primeira opção dos envolvidos naquele time.
Hoje, Iverson terá o seu maior teste, ao final da carreira, como líder de um time, o atleta mais experiente, o exemplo a ser seguido. Mesmo que ele não queira ser, é possível que suas atitudes serão reproduzidas pelo resto do elenco, suas falas no vestiário terão um peso maior, sua vidraça (já estilhaçada com críticas), será ainda bombardeada de pedras em caso de novas derrotas.
O Memphis de 2008, das 24 vitórias em 82 jogos tem a possibilidade de melhora, pelo talento que tem, pela mescla de jovens e veteranos, pela sobrevida de Iverson na NBA, pela motivação extra que o grupo ganhou e claro, pela qualidade evidente de Iverson. De estagnação, pelos problemas táticos, que em curto prazo poderão se tornar de relacionamento, derivados da quantidade menor de arremessos que cada um deverá realizar (e isso mexe com os egos sempre inflados na NBA). Porém, caso o Memphis não consiga andar para frente e evoluir, não será nada de estranho, afinal, a franquia tem repetido tudo que o Philadelphia de 1997 fez. E para Allen Iverson seria a pior maneira de se despedir da liga da qual foi protagonista por vários anos, realizando cestas e mais cestas e perdendo bastante como no começo de carreira.