Após a elitização NBB, é hora da LNB massificar o basquete

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Publicado em: 18/08/2009

Fazendo um balanço da primeira temporada do Novo Basquete Brasil (NBB), é possível dizer que a LNB atingiu o seu principal objetivo, qual seja, atrair novamente a atenção do público para o basquete.

De fato, a competição superou todas as expectativas no quesito popularidade, principalmente quando comparamos com as últimas edições das competições nacionais.

Quando se busca avaliar a razão desse sucesso, não acredito na tese de que tal sucesso se deve ao apoio da emissora detentora do direito de transmissão do NBB. Na verdade, essa tese inverte a relação entre causa e consequência: a emissora não empolgou o público, mas sim o público empolgou a emissora.

Basta lembrar que no início da temporada, transmissões do NBB chegavam a ser cortadas no meio para dar lugar a transmissões de tênis, vôlei ou futebol, isso é claro, quando não ficávamos semanas inteiras sem basquete na TV.

Se não foi a TV, o que teria então realmente empolgado o público? A resposta é: um mínimo de organização e a qualidade técnica da competição. E sobre  último ponto devemos refletir um pouco mais.

O modelo de campeonato nacional oferecido nos anos anteriores pela CBB era completamente inviável. Num mesmo torneio misturava-se equipes poderosas, formadas por jogadores de seleção, e times semi-amadores (clique aqui para conferir).

O resultado é que o torneio não chamava a atenção do público e dos patrocinadores, tornando-o insustentável tanto para os “clubes ricos”, quanto para os “clubes pobres”.

Nesse aspecto, a rigidez da LNB na seleção técnica dos participantes do NBB, ainda que feita a partir de critérios não muito claros, foi muito eficiente. Para se ter uma idéia, 57% das partidas realizadas na 1ª edição do NBB registraram uma diferença no placar menor do que 10 pontos, enquanto que apenas 16,4% dos jogos registraram uma diferença maior do que 20 pontos.

O equilíbrio traz a emoção, a emoção traz o torcedor, o torcedor traz a TV, a TV traz os patrocinadores e, assim, o campeonato se valoriza.

Uma outra consequência dessa valorização técnica do campeonato é “darwiana”: apenas as franquias mais fortes sobreviverão.

Isso porque manter uma equipe competitiva custa caro e, enquanto o basquete não voltar efetivamente a ser um esporte popular no país, poucos clubes conseguirão fazê-lo.

E não há nada de errado nisso, desde que se pense em medidas imediatas para que a elitização fique restrita ao NBB e não ao basquete brasileiro como um todo.

Afinal, a modalidade precisa ser massificada no país, não podendo ficar restrita às poucas oporutunidades oferecidas pelo NBB. Para se ter uma idéia, se fossem usadas todas as 3 vagas de estrangeiros permitidas por equipe pelo regulamento, sobrariam lugar para apenas 126 jogadores brasileiros. É muito pouco, ou quase nada, para um país de 190 milhões de habitantes.

Assim, é responsabilidade da própria LNB a criação de alternativas ao elitizado NBB. Se evidentemente não se pode nivelar por baixo a principal competição do país, que se crie imediatamente outras divisões de nível inferior, a fim de que: a) sejam absorvidos os profissionais do basquete não contemplados pelo NBB, evitando que eles sejam estimulados a largar o basquete; e b) seja oferecida uma oportunidade de desenvolvimento dos jogadores e técnicos, principalmente os mais jovens.

Há que se pensar urgentemente em modelos de menor custo para pelo menos mais duas divisões no país.

Uma possibilidade é implementar um sistema de disputas regionais nas fases preliminares, como ocorre nos torneios de base promovidos pela CBB.

Ainda que sejam criadas outras ligas, a sintonia com a LNB é fundamental, pois apenas um sistema de hierarquia, com a ascensão/descensão dos clubes entre as divisões, tornariam esse projeto realmente atrativo para as franquias.

Por outro lado, a associação com outras ligas pode ser muito proveitosa, principalmente se for a única solução para não vincular as divisões menores ao predatório contrato de televisão firmado pela LNB. Assim, emissoras regionais poderiam transmitir essas outras divisões, o que ampliaria os investimentos.

Adriano Geraldes, que teve uma curta passagem pelo recém-extinto Univates/Bira na última temporada, traz ainda uma outra idéia: uma espécie de Copa do Brasil do basquete.

Seria um torneio que misturaria  as equipes do NBB com as demais, em sistema eliminatório, com uma partida em casa e outra fora (com o primeiro critério de desempate sendo o saldo de cestas).

Isso estimularia principalmente o basquete das regiões norte e nordeste, que poderiam contar com a presença de grandes franquias como Flamengo, Universo/BRB, Franca, Minas TC e etc, em suas cidades.

É uma proposta interessante e que poderia correr em paralelo aos demais campeonatos (NBB e suas eventuais divisões).

Seja como for, se a LNB não tomar rápidas providências para massificar o basquete, o NBB não se sustentará e o basquete brasileiro entrará numa nova e indesejada crise.

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