Bombardeado
O lendário treinador Ettore Messina parecia chorar no banco em cada cesta absurda que Juan Carlos Navarro fazia. Ele simplesmente não tinha resposta.
Se no jogo 2, em Barcelona, uma vitória inédita na temporada pode ter dado a impressão que os merengues teriam chance, La Bomba reapareceu e simplesmente aniquilou qualquer tentativa dos rivais.
Foram dois jogos primorosos. Eliminar os blancos, em Madrid, sem dúvida tem um sabor especial. Voltar ao Final Four, não passa de uma obrigação.
Obrigação que os de Messina também tinham. O Madrid investiu pesado na temporada (a chegada desesperada e oportuna de Jaric, na reta final, é a comprovação do constante investimento que não parece perto de parar em Madrid – nomes como Manu Ginóbili e Rudy Fernandez já circulam, sem muito crédito, nas especulações) e o mínimo que se esperava era que chegasse a Paris. O tropeço no Top 16 lhe colocou na frente o rolo compressor catalão. O treinador italiano não conseguiu fazer o time jogar. Assim como, se vencesse, estaríamos aqui elogiando seu trabalho, quando perde, tem que ser também cobrado. Subutilizou jogadores que poderiam colaborar demais, casos de Felipe Reyes e Novica Velickovic. Insistiu sem motivos no péssimo ex-BYU Travis Hansen, que foi humilhado por Navarro em todos os momentos em que se enfrentaram na série. Tinha armas suficientemente talentosas para não deixar um armador como Ricky Rubio dominar sua equipe na partida decisiva (jogo 4, em casa, valendo a sobrevivência, com Prigioni e Jaric no elenco, não pode ser ditado por um menino de 19 anos, ainda menos um menino que vinha de jogos bem difíceis, seja ele Rubio ou Raulzinho).
Ponto para Pascual, que recebeu também uma porção de reforços galáticos mas conseguiu estruturá-los a ponto de evoluírem diariamente e parecerem, em algumas vezes, imbatíveis.
4-1, e Paris para o Barcelona.
Que conta com o time mais poderoso e com opções da Europa. E chegará à França como favorito ao bicampeonato. Conquistou, pela primeira e última vez, em 2003, jogando em casa com outro elenco estelar, com Jasikevicius, Bodiroga, Fucka, Fermerling, Dueñas, o jovem Navarro e o ainda mais moço Anderson Varejão. Na época, fez a tríplice coroa com a Copa e a Liga.
Dessa vez, Rubio, Navarro, Pete Mickael, Terrence Morris, Erazem Lorbek, Fran Vázquez, Roger Grimau, Jaka Lakovic, Gianluca Basile, Boniface Ndong já venceram a Copa, lideram a liga e estão no Final Four do torneio continental. Falta muito para repetir a dose, mas é meio caminho andado.
E o La Bomba Navarro segue o caminho para se tornar o maior jogador de basquete do Barcelona de todos os tempos.
Foto: Marca.