Bradley in Rio

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Publicado em: 8/08/2009

Quem acompanha o basquete universitário com mais assiduidade talvez se lembre de Bradley. Afinal, há 3 anos atrás, essa universidade surpreendeu os EUA ao chegar ao Sweet 16 (oitavas-de-finais) do torneio da NCAA, num time encabeçado pelo pivô Patrick O´Bryant (draftado pelo Golden State Warriors).

Todavia, Bradley tem muito mais conexão com o Brasil do que se poderia supor num primeiro momento. Foi nesta universidade que Marcel de Souza, ex-astro da seleção brasileira, jogou durante a temporada de 1975/76, com uma média de 14,2 pontos por partida.

Também por esse motivo os Braves, como são chamados os atletas de Bradley, escolheram o Brasil como destino da primeira excursão da equipe de basquete para fora da América do Norte desde 1985.

A delegação norte-americana é formada por 11 atletas e 8 integrantes da comissão técnica, essa comandada pelo treinador Jim Les.

Os Braves desembarcaram ontem no Rio de Janeiro por volta das 8 horas da manhã e pouco antes das 17 horas já estavam no ginásio da Associação de Basquetebol de Veteranos do Rio de Janeiro (AVBRJ) para fazer o seu primeiro treinamento em solo brasileiro, acompanhado pelo Draft Brasil.

Jim Les comanda a equipe de Bradley há 8 temporadas, mas a sua história na universidade é muito mais antiga. Ele foi o armador de Bradley durante os anos de 1983 e 1986 e, quando se formou, era o segundo no ranking de assistências da história da NCAA. Do universitário, Les foi direto para a NBA, onde atuou pelo Utah Jazz, Los Angeles Clippers, Sacramento Kings e Atlanta Hawks.

Antes de comandar o treino, com muita simpatia Jim Les recebeu o Draft Brasil para uma entrevista. Também tivemos a oportunidade de conversar com Sam Maniscalco, maior destaque individual dos Braves na temporada passada.

Os dois bate-papos abordaram não apenas questões de quadra, mas também o aspecto acadêmico do basquete universitário norte-americano (vide áudio abaixo).

É incrível constatar a capacidade dos norte-americanos não apenas de formar atletas em massa, mas principalmente de graduar uma quantidade incrível de jogadores.

Nos EUA, se você é “mal-sucedido” em sua carreira de atleta, recebe um diploma universitário como “prêmio de consolação”.

E pela conversa com Maniscalco, é possível comprovar que, ao menos em Bradley, a carreira universitária não é uma mero meio para um jogador de basquete poder disputar a NCAA.

Trata-se de um jogador extremamente educado, focado em seus projetos para o futuro e consciente de que o basquete poderá não ser a sua fonte de sustento. E ele nem precisa que seja…

O treino do Braves durou aproximadamente 1 hora e foi praticamente integralmente comandado pelos 3 assistentes técnicos, cada qual com um papel bem definido, sempre sob observação atenta de Jim Les.

A equipe fez um breve aquecimento, depois os jogadores foram divididos entre armadores/alas e pivôs, cada grupo de um lado da quadra, treinando movimentos específicos da posição.

Em seguida, um treino de transição, utilizando-se os 5 jogadores e sem que houvesse adversário do outro lado da quadra. As diversas saídas de transição eram ensaiadas à exaustão.

Depois, o treino encerrou-se com o ensaio (também exaustivo) de jogadas de meia quadra. Neste caso, os 5 jogadores também treinavam sem adversários do outro lado.

Se considerarmos que se trata apenas da 98ª universidade norte-americana no ranking atual da NCAA, chama muita atenção a capacidade atlética dos jogadores de Bradley. Durante o treino, pude presenciar enterradas impressionantes exibidas por pelo menos a metade do elenco.

Dá para afirmar categoricamente que pelo menos 3 atletas de Bradley estão, no mínimo, no mesmo nível atlético de Júlio Toledo, campeão de enterradas pelo NBB.

É dessa incrível massa de atletas que os norte-americanos conseguem extrair aberrações físicas como Dwight Howard e Lebron James…

Ao fim do treino, a equipe, sempre muito solícita, posou para o Draft Brasil tirar algumas fotos.

Segundo a informação do ex-jogador Cesar Charuto, que acompanha a delegação do Braves no Brasil, os jogadores fariam visitas culturais na cidade, enquanto que a comissão técnica acompanharia os jogos do Super4 no Maracanãzinho (de fato, Les e cia estavam lá ontem).

Hoje, Bradley disputaria um amistoso contra a equipe juvenil do Fluminense, nas Laranjeiras (ATUALIZAÇÃO: Bradley 84 x 61 Fluminense – Estatísticas dos Braves). A partir da próxima 4ª feira, os Braves disputarão a Copa EPTV em São Paulo, competição que reunirá ainda Amigão/Andorinha/Assis Basket, GRSA/Bauru, Lupo/Palmeiras/Araraquara, Paulistano/Amil, Rio Pardo F.C., São José/Vinac, XV/Cosan/Piracicaba.

É uma boa oportunidade de intercâmbio entre equipes do NBB e do basquete universitário norte-americano.

Entrevista com Sam Maniscalco:

Entrevista com Jim Les:

Artigo de Alfredo Lauria, com agradecimento especial ao ex-jogador Cesar “Charuto”, que está acompanhando Bradley no Brasil e ajudou na tradução ouvida nas entrevistas.

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