Brasil campeão Sul-Americano 2010

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Publicado em: 1/08/2010

Após o título da Copa América 2009, nada melhor do que começar a temporada 2010 de seleções com o título sul-americano. Em ano de Mundial o campeonato local pode até ficar meio de lado, porém, o título sul-americano em Neiva, Colômbia vale muito. Após a experiência de Puerto Montt, Chile o título da seleção B vem pra tranquilizar o torcedor brasileiro. Em 2008 com um time formado também por jogadores que não eram considerados da seleção principal, a seleção brasileira só se classificou para o Final Four (e para a Copa América) graças a uma vitória de um ponto contra os locais chilenos. O trauma daquele jogo só morreu ao final da primeira fase do sul-americano desse ano, quando a seleção de João Marcelo Leite classificou-se sem problemas para o Final Four e garantiu uma vaga no Pré-Olímpico 2011. A semifinal e final foram um bônus, diga-se de passagem, gigante, afinal, com todas as suas limitações esse time B do Brasil conseguiu de forma imponente vencer o título na Colômbia.

Primeiramente a seleção venceu a forte Venezuela (considerada favorita ao título por muitos). Nessa partida a seleção teve um segundo tempo muito bom e com ótima atuação de Murilo (25 pontos e 7 rebotes) garantiu uma importante vitória por 79×67. Com a vitória da Argentina na outra semifinal, clássico na final. E foi nessa final que Murilo brilhou. Com 30 pontos e 10 rebotes o pivô brasileiro garantiu as honras de MVP da competição e ajudou o Brasil a confirmar o bom momento nas seleções (campeão da Copa América 2009, vice-campeão da Copa América sub-18 e agora o título sul-americano). A vitória por 87×77 mostrou uma seleção que impôs seu jogo na segunda fase da competição. Se o nível do sul-americano não é excelente, a segunda fase tem sim suas dificuldades. Uruguay, Venezuela e Argentina são bons times. O Brasil bateu todos os três de forma autoritária. Contra os celestes um massacre na primeira fase. Contra os venezuelanos um segundo tempo excelente para garantir vaga na final e nesse último jogo uma partida sóbria que garantiu a vitória por 10 pontos contra o adversário mais forte da competição.

Além de Murilo (médias de 21 pontos e 9 rebotes na competição) , Jonathan Tavernari (11 pontos por jogo) foi fundamental na conquista. O ala mostrou que em nível sul-americano é jogador importante e talvez merecesse uma chance no grupo principal que treina no Rio de Janeiro. Fúlvio e Nezinho não foram brilhantes. Não se pode esperar isso dos dois porque não são jogadores brilhantes. Todavia, dentro do nível sul-americano e de acordo com suas limitações técnicas foram bons valores para nossa seleção. Ambos beiraram as médias de 8 pontos e 6 assistências por jogo, cabendo destacar seu papel. Nezinho por sinal ganhou como prêmio a chamada para o grupo principal. Duda com boas pontuações (média de 10 pontos por duelo) e JP Batista com sua qualidade também merecem citação. Duda assim como Fúlvio não foi chamado por Magnano para os treinos no Rio de Janeiro, já JP Batista, parece ter ficado sem chances com o incrível torneio realizado por Murilo.

Na disputa pela vaga no Pan-Americano, Uruguay e Venezuela jogaram uma partida emocionante na preliminar da final. Os comandados por Gerardo Jauri se mostraram superiores coletivamente, entretanto, um péssimo segundo quarto (21×8 para a Venezuela) parecia complicar as coisas. Entretanto, os celestes mostraram toda sua mística em um quarto período espetacular. Com muita defesa, raça e jogo coletivo, Martín Osimani, Mauricio Aguiar, Esteban Batista e Fernando Martínez colocaram a celeste no Pan-Americano. Osimani mostrou mais uma vez o incrível armador que é. Com passes ousados e uma dinâmica de quadra absurda, conduziu a reação e tirou elogios da comissão técnica venezuelana pós-jogo. Aguiar, cestinha na ausência de Leandro Garcia Morales fez de tudo. Além dos 21 pontos deu 2 ótimas assistências no final de partida. Esteban Batista voltou a ser o gigante que estamos acostumados. Com 18 pontos, 11 rebotes e bolas decisivas, o capitão celeste mostrou que na América do Sul é rei. Fernando Martínez, o baixinho chamado de “Enano” por sua vez mostrou que tamanho não é tudo no esporte da bola laranja. Com 5 bolas certeiras do perímetro foi o salvador uruguayo nos momentos complicados. Acabou o jogo com 19 pontos. No final, muita vibração dos vencedores e decepção dos venezuelanos. Alexis Sucre com 21 pontos e 10 rebotes foi o destaque no lado derrotado.

Por fim, cabe ressaltar a vitória do Paraguay sobre a Colômbia na disputa de quinto lugar. Os guaranís consideraram a vitória como um título do ‘outro quadrangular’, afinal, o nível entre os quatro primeiros é bem superior. A seleção de Arturo Álvarez voltou ao cenário sul-americano com dignidade. Fez bons jogos inclusive contra Brasil e Uruguay e acabou vencendo Chile, Colômbia e Equador. Javi Martínez, Guillermo Araújo e Bruno Zanotti mostraram ótimo nível. Já os colombianos ficaram com o gosto amargo de perder a classificação para os argentinos na última rodada após vencer a Venezuela. Além disso, a derrota de hoje mostrou fragilidades e muita dependência de Stalin Ortiz e Edgar Moreno. Os dois e Enielsen Guevara mostraram bom nível nessa que foi a melhor seleção colombiana em anos.

Os chilenos foram a grande decepção do torneio. Hoje venceram os equatorianos e ficaram com o sétimo lugar. Esperava-se muito da seleção andina, afinal, Patricio Briones (lendário pivô) está se aposentando da seleção e essa seria a última chance de figurar em um torneio latino-americano. Com os desfalques do Uruguay chegou-se a cogitar no Chile a classificação épica. Porém, Briones jogou mal em alguns jogos e a equipe chegou a perder para o Paraguay. Erick Carrasco foi o destaque dos andinos e deve virar líder das próximas seleções chilenas. Em relação aos equatorianos não existem palavras. Um time de nível amador em um campeonato sul-americano de seleções. Derrotas por 60 pontos foram corriqueiras e somente Vicente Díaz mostrou alguma qualidade.

Raoni Moretto
raokiller@hotmail.com

Foto: FIBA Americas

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