Com salários atrasados, jogadores do Flamengo ameaçam não estrear

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Publicado em: 24/01/2009

O caos na gestão do Clube de Regatas Flamengo que, até onde se sabia, afetaria todos os esportes olímpicos menos o remo e o basquete, bateu nas portas do NBB.

Hoje, matéria assinada por Ary Cunha, no jornal O Globo, afirma que os jogadores de basquete do rubro-negro ameaçam não viajar para São Paulo, onde o time fará a sua estreia no Brasileiro, quarta-feira, contra o Pinheiros.

E não é para menos. Afinal, os jogadores estariam suportando 4 meses de salários atrasados, fora o fato de não terem recebido ainda a premiação referente à conquista do Campeonato Estadual.

O pior nesta história é que não se pode culpar a crise mundial ou o fato de que o basquete não é supostamente um esporte sustentável financeiramente, desculpas largamente utilizadas pelos dirigentes para explicar o caos.

A velha ladainha que sempre se repetiu é que “o futebol sustenta as demais modalidades”. Essa desculpa mata dois coelhos com uma só cajadada, pois também serve para justificar os fracassos no futebol.

Ora, ninguém nega que o futebol gera uma quantidade de recursos infinitamente superior a qualquer outro esporte no país. O que ninguém nunca explicou é que as despesas, principalmente salariais, nas outras modalidades são incomparavelmente menores do que as do futebol.

Especula-se, por exemplo, que o maior salário da equipe rubro-negra, atual campeã brasileira, seja de R$ 40 mil (já seria uma exceção no elenco), o que equivaleria a um salário de um junior recém promovido ao profissional no futebol. E mais, a folha salarial mensal completa do time de basquete não ultrapassaria o soldo mensal do volante Kleberson.

Mas essa não é a pior parte. No caso específico do basquete, o Flamengo recebe uma cota do patrocínio da Petrobrás especialmente designada para a modalidade. E não é de se estranhar, afinal, por contar com a marca “Flamengo”, por ser uma equipe vitoriosa e, principalmente, por contar com transmissões de partida ao vivo na televisão, o basquete rubro-negro dá sim retorno à empresa patrocinadora.

Contudo, é esclarecedora a matéria assinada por Claudio Nogueira e Jorge Luiz Rodrigues e publicada ontem no Jornal O Globo, com essas palavras: “Enquanto isso, no time de basquete do Flamengo (atual campeão brasileiro e tetra estadual), os atrasos de salário variam de três a quatro meses, com o dinheiro claramente sendo desviado para o futebol” (sem destaque no original).

Ou seja, o clube não paga os salários aos seus jogadores há 4 meses, pois a receita específica do basquete é utilizada no futebol, de onde se conclui que não se trata de “uma modalidade não sustentável”, mas sim de uma gestão temerária da diretoria que, pelo visto, não consegue manter um balanço financeiro positivo sequer no “tão rentável futebol”.

E enquanto a história de um dos clubes mais tradicionais do país vai se denegrindo, a mesma série de reportagem do Jornal O Globo aponta que clubes como o Minas Tênis Clube e Esporte Clube Pinheiros vivem fase de certa bonança, na medida em que, através de projetos bem elaborados voltados à formação de atletas, conseguem captar recursos milionários com a Lei de Incentivos Fiscais.

Assim, o jogo de quarta-feira entre Flamengo e Pinheiros, se é que acontecerá, marcará as diferenças entre um clube já aprendeu a tratar o esporte com profissionalismo e outro que prefere manter-se no mais profundo amadorismo, sempre calcado em desculpas que não mais colam.

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