Começou com o pé direito
Pela primeira vez em quase uma década deixei de acompanhar o Draft da NBA ao vivo pela internet. Afinal, a curiosidade para ver a primeira atuação da equipe treinada por Moncho Monsalve foi mais forte.
E valeu a pena. Eu e não mais do que 300 gatos pingados comparecemos ao Maracanãzinho para torcer pela seleção brasileira de basquete. Uma triste constatação agravada pelo fato de a entrada ter sido franca.
Infelizmente, isso é fruto de uma (des)organização que não sabe promover o seu produto. Pobre da Eletrobrás (e dos nossos bolsos!) que deixa de alavancar a sua marca.
A verdade é que a simples visita ao “Novo Maracanãzinho” já teria sido motivo suficiente para sair de casa nesta quinta-feira gelada.
E a primeira novidade para quem chegava ao ginásio era o novo uniforme da seleção brasileira. O modelo da nova fornecedora de material esportivo ficou similar àquele apresentado pela seleção feminina. Pessoalmente, gostei das cores mais fortes e a minha única crítica fica por conta da fonte utilizada no nome do país. Parece uma fonte tosca e achatada da época do Windows 3.11.
Enfim, vamos ao que interessa…
A partida em si não serviu para analisar a força dessa “nova” seleção brasileira. Afinal, a Venezuela ainda consegue estar anos luz atrás do nosso basquete. Para piorar, os venezuelanos também vieram muito desfalcados (Hector Homero, Richard Lugo…). O elenco dos adversários chamou mais atenção pela baixa estatura de seus jogadores (Tiago Splitter nunca deve ter vencido um “bola ao alto” com tanta facilidade).
No entanto, apesar da fragilidade dos venezuelanos, já foi possível notar uma mudança positiva na postura da seleção brasileira, que atuou com uma defesa agressiva e fez a bola girar incansavelmente no setor ofensivo, sempre valendo-se de intermináveis bloqueios. O resultado é que, mesmo com dezenas de substituições ao longo da partida, a seleção brasileira dominou facilmente a equipe venezuelana, do início ao fim. Resultado: 97 x 69.
Resta saber se a seleção conseguirá manter essa paciência, principalmente ofensiva, quando enfrentar as defesas européias.
Eis os destaques individuais:
Tiago Splitter
Não é só por causa da partida de hoje e muito menos por conta da postura dos atletas da NBA, mas já é hora de admitirmos que Tiago Splitter é o melhor jogador de basquete brasileiro em atividade.
A diferença técnica e física de Splitter para os demais jogadores (inclusive da seleção brasileira) saltava aos olhos de qualquer torcedor no ginásio. Unindo agressividade e habilidade, Splitter brincou com os pivôs venezuelanos, pegando rebotes ofensivos, acertando ganchos, enterrando bola de costas, dando tocos…Enfim. Para completar, parece ter treinado arremesso livre ultimamente.
Podem anotar, se tiver o mínimo de ajuda e continuar recebendo bolas, Tiago Splitter vai dar muito trabalho a todos os adversários do Brasil em Atenas.
Marcelinho Machado
Uma bela exibição. Não forçou arremessos, participou pacientemente das intermináveis (e bem vindas) trocas de passes combinadas com bloqueios. O resultado é que recebeu vários passes livre de marcação e, com a mão quente, converteu praticamente tudo o que tentou. Para completar, ainda atuou bem na defesa.
Marcelinho Huertas
Outro que vem numa grande fase e atuou muito bem, principalmente na defesa. No ataque, criou algumas belas jogadas e cometeu alguns erros dispensáveis.
Alex Garcia
Como sempre, muito agressivo na defesa e rápido nos contra-ataques. Continuo achando que só deveria arremessar bola de 3 pontos em última ocasião.
JP Batista
Com o seu jogo extremamente físico, João Paulo foi bem na defesa e apanhou bastante no ataque.
Rafael “Baby” Araújo
Fez bem o trabalho sujo e quase caiu no tapa com os venezuelanos. Continua com uma dificuldade incrível de controlar a bola. De qualquer forma, vai ser muito útil nesta desfalcada seleção.
Fúlvio
Armou boas jogadas, cometeu alguns erros bobos, mas compensou com a boa mira. É o jogador com mais “pinta de armador” na seleção.
Murilo Becker
Sempre um reserva eficiente para a seleção. É outro que vai ser muito útil por conta dos desfalques.
Ricardo Probst
Correu bastante e arremessou bastante da linha dos 3. Até mais do que devia…
Marcus Toledo
Fora os habituais lances de raça, não apareceu muito.
Jonathan Tavernari
Uma grata surpresa. Mostrou desenvoltura para uma estréia em seleção brasileira, apesar do braço ter pesado na hora dos arremessos. Foi bem na defesa e ainda puxou alguns contra-ataques.
Duda
Se por um lado, é (e sempre foi) ótimo nas antecipações de bolas, é (e sempre foi) péssimo na defesa um contra um. É incrível como é batido com facilidade na defesa. Não vejo condições de Duda armar o jogo na seleção brasileira. Na única vez que tentou, quase arrumou uma confusão em quadra por conta de uma falta de ataque (não marcada) que cometeu desnecessariamente.