Confiança x Esperança

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Publicado em: 14/11/2013

Em maio deste ano, escrevi este texto. Falava sobre os cinco primeiros anos do NBB. No fim, concluí que, apesar dos pesares, o saldo era positivo. Além disso, nossa seleção vinha de uma participação digna nas olimpíadas, a NBA confirmava sua primeira partida em solo brasileiro e ao serem anunciados os dois jogos entre Olympiacos e Pinheiros em São Paulo, teríamos a volta de um clube europeu de primeiro nível por estas paragens. A temporada 2012/2013 nos dava confiança de que o basquete brasileiro tinha achado a saída do labirinto.

Mas como ultimamente a alegria de quem ainda teima em acompanhar o basquete nacional tem durado pouco, o segundo semestre tratou de cravar nossos pés no chão de novo.

Em junho, nossa seleção juvenil não vê a bola no mundial da categoria e termina em um melancólico décimo lugar.

Ainda em junho, O gerente executivo da LNB, Sérgio Domenici, declara ao Blog Bala na Cesta que a “A agência de marketing da Liga Nacional chama-se TV Globo”. Um tempo depois, em agosto, quando a Caixa Econômica Federal decide não continuar mais patrocinando NBB, o presidente da LNB, Cássio Roque, em entrevista ao Lance! diz “Às vésperas da Copa do Mundo, tenho percebido que o foco está todo em cima do futebol. Mas precisamos achar nosso espaço”.

As duas frases, apesar de terem sido ditas em momentos diferentes confirmam o quanto a liga esta imobilizada pela sua “agência de marketing” (isto sempre foi especulado, agora não temos mais a esperança da dúvida) e o nível de atenção da mesma com o basquete nacional.  Ter a rede Globo como aliada é, sem dúvida, o sonho de 11 a cada 10 entidades esportivas do país, mas a relação atual entre emissora e liga mais lembra aquela história de ser ter um carrão na garagem, mas não ter dinheiro da gasolina para abastecê-lo.

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Em julho, Joinville, polo tradicional da modalidade, decide não disputar a sexta edição NBB. Pela primeira vez, desde 1990, quando, de fato se passou a organizar um campeonato brasileiro de basquete, toda a região sul, grande fornecedora de mão de obra, fica sem um único representante na principal competição nacional. Ainda na linha dos clubes desistentes, em agosto o Fluminense anuncia que não mais irá disputar o NBB, por não ter conseguido captar os recursos necessários. Com a entrada do time carioca, havia confiança de se causar furor no campeonato, por ser o tricolor da laranjeiras reconhecidamente uma marca forte e pela rivalidade local com o Flamengo. Isto remete outra pergunta: se o Fluminense, com todo este apelo, não consegue investidores para seu projeto de basquete, como está à situação dos outros?

Em setembro, a seleção brasileira naufraga na Copa América, terminando a competição sem nenhuma vitória. A derrota para a Jamaica chegou a ser considerado o dia mais triste da história do nosso basquete. Antes fosse.

E, como a cereja do bolo, nesta quinta-feira presenciaremos a cena mais bizarra, triste, pífia, patética e qualquer outro adjetivo negativo que possa vir a cabeça: Bauru, Franca e Pinheiros farão partidas por campeonatos diferentes (NBB e Paulista) em um mesmo dia. Como consequência, essas equipes estrearão no principal torneio de basquete do país com seus jogadores sub-22.

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Como disse no primeiro parágrafo, a última temporada nos dava confiança de que nosso basquete estava nos trilhos. Dizem que a diferença entre confiança e esperança é que a primeira você tem dados concretos que sustentam sua convicção de que algo vá funcionar, enquanto que a segunda você não tem nada de racional em que se apoiar. O basquete brasileiro voltou (ou nunca saiu?) à fase da esperança, que como diz o ditado, é a última que morre.

Mas ela também morre.

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