Contra o relógio

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Publicado em: 9/08/2012

Ontem o basquetebol masculino foi eliminado pela Argentina em um jogo parelho. No final das contas, gostei bastante do time no torneio olímpico, porém, acredito que nós ainda temos que aprender a vencer estes jogos equilibrados e isso passa por um conceito que eu tentarei falar.

O Brasil é um inimigo do relógio dentro de quadra. Desde cedo, o que ouvimos é que temos que cruzar a meia quadra em oito segundos, temos vinte quatro para a posse de bola, que não podemos estourar. Ou seja, a pressão demasiada em cima do fator tempo. É evidente que o tempo é importante, porém, nesta nossa corrida contra o relógio, acredito que prejudica mais do que ajuda.

A Argentina encontrou seu ritmo ideal durante a última década. Seja pelo motivo qeu for, os caras jogam metodicamente, bola a bola, num ritmo bem pensado, sem precipitação nos arremessos e com poucos erros. Fazendo uma coisa de cada vez, bem postado e organizados, enfim, sabendo o que deve ser feito e porque tem que ser feito.

Talvez não seja o ritmo ideal para nós brasileiros. Porém, uma coisa é fato: os caras não brigam contra o relógio. O relógio de jogo os ajudam a executar essas tarefas que não são simples e a principal delas: arremessar com chances de converter, ou seja, tentar sempre arremessar equilibrado e livre.

Não, longe de querer que copiássemos este modelo hermano, afinal, o objetivo é criarmos um próprio ritmo ideal dentro do jogo. Mas temos que saber que o relógio no basquetebol está para nos ajudar a construir a partida, afinal são quarenta minutos para resolver o problema e não criarmos mais um adversário. O adversário está no outro lado, evitando cestas e fazendo pontos. O relógio apenas dita o ritmo em que devemos atuar.

Neste ponto, acredito que ao desenvolvermos melhor esta relação com o tempo de jogo, vamos começar a fazer partidas ainda melhores, termos mais leitura sobre o que precisamos.

Acelerar o ritmo de jogo, como era necessário ontem, é diferente de correr e chutar. Pressionar a posse de bola adversária e defender com mais energia é diferente de tornar o jogo uma pedala.

Ontem, acredito que pecamos exatamente em querermos copiar um modelo que dá certo por lá, mas talvez não seja o ideal aqui. As variadas escolas do basquetebol (norte americana, espanhola, sérvia, russa, argentina, australiana) jogam de acordo com alguns princípios comuns, porém cada uma delas achou o devido ritmo para o que tem dentro dos seus países.

A escola norte americana, de jogo físico, acelerado, marcação pressionada por toda quadra é completamente diferente da escola argentina. Porém, ambos conseguem jogar em alto nível.

Não existe uma fórmula única para sermos bem sucedidos. Porém, é evidente que descobrir, criar, inventar, testar e fazer funcionar uma escola nossa, seria muito útil.

Talvez esta seja a grande lição dos Jogos Olímpicos de Londres. Estamos mais próximos de acharmos esta forma de jogar que perdemos ao longo do tempo. É evidente que não é chutando de três pontos com cinco segundos de organização que iremos progredir. Isso não deve ser feito, afinal, fizemos várias vezes e tivemos péssimos resultados. Ontem, talvez o pecado tenha sido retardar demais a partida.

De toda forma, acho que o controle do tempo e jogar ao lado dele nos trará benefícios, como começamos a trazer desde quando voltamos o jogo para uma meia quadra melhor trabalhada e com mais alternativas, algo incomum nos últimos vinte anos por aqui.

A construção de uma escola brasileira de basquetebol passa por entendermos o que temos de positivo, de negativo e como aumentar as nossas chances de sermos efetivos na quadra.

Acho que o caminho começou a ser trilhado.

Parabéns aos atletas e comissão técnica pelos bons jogos olímpicos, três anos atrás era impossível imaginar que conseguiríamos chegar tão longe e fazendo um bom papel.

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