Damon e Damian
Estava por estes dias dando uma passada pelo Twitter, quando me deparei com um “tweet” bem interessante, de autoria do José Luiz Galvão, dono do blog Go-to-Guy (em tempos de March Madness é recomendável dar uma passada lá), comparando alguns números da temporada de estreia de Kevin Garnett na NBA com os do novato Anthony Davis (ambos chegaram com 19 anos a liga). Isto me trouxe a lembrança de 2 outros jogadores, digamos, paralelos a Garnett e Davis e que possuem alguns pontos em comum, além do nome parecido: O ex-armador dos Raptors, Blazers, Grizzlies e Spurs Damon Stoudamire, escolhido como o melhor calouro da temporada 1995/1996 (a da estreia de Garnett) e Damian Lillard, o “rookie” que já está com uma mão e 4 dedos da outra no prêmio deste ano.
Damian Lillard já está com uma mão e 4 dedos no prêmio de novato do ano da temporada 2012/2013.
Primeiro, os 2 chegaram a NBA com 22 anos, após 4 anos na universidade, e chegaram chutando a porta, pois ser considerado o melhor calouro do campeonato não sendo uma das 5 primeiras escolhas do Draft não é muito comum. Depois que a NBA extinguiu o chamado “Draft territorial” em 1966 (antes do Draft propriamente dito, cada franquia tinha direito a escolher um jogador de uma universidade, que ficasse a um raio de 50 milhas da sua sede), apenas 8 jogadores (Lillard caminha para ser o nono) conseguiram tal proeza. Stoudamire foi fisgado pelos Raptors na 7ª posição e, assim como Lillard (escolhido em 6º), teve que suplantar alguns jogadores mais badalados. Além de Garnett (foi a 5ª escolha, selecionado pelo Minessota), o atrevido armador vindo da Universidade do Arizona encarou Joe Smith (o 1º da classe), Jerry Stackhouse, Antonio McDyess, Rasheed Wallace e ainda, a própria torcida em Toronto: era comum nos primeiros jogos em casa escutar os gritos de “Ed…Ed”, vindo das arquibancadas, em referência a Ed O’Bannon, jogador que foi escolhido na 8ª posição, logo após Stoudamire e, era quem a torcida queria.
Ex-armador dos Raptors, Blazers, Grizzlies e Spurs, Damon Stoudamire foi escolhido o melhor calouro da temporada 1995/1996.
Os números da temporada de calouro de Stoudamire e Lillard também são bem parecidos (confira no quadro abaixo), pesando a favor de Lillard o fato dele dividir a quadra com companheiros bem mais talentosos do que aqueles com quem Stoudemire dividia. Como os Raptors era uma franquia novata, seu elenco era recheado de refugos vindos do Draft de expansão.
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Damon Stoudamire
(1995/1996) |
Damian Lillard
(2012/2013) |
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Jogos como titular
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70
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71
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Minutos/partida
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40,9
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38,5
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Pontos/partida
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19,3
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19,0
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Assistências/partida
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9,3
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6,3
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Eficiência
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16,7
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16,7
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Quanto às proezas na 1ª temporada, ambos conseguiram conduzir seus times a algumas vitórias contra os gigantes do campeonato, mas aqui Stoudamire por enquanto leva vantagem (nada indica que os Blazers irão para a pós-temporada). Apesar de já ter vencido os Spurs 2 vezes e ter batido o Heat (com 33 pontos de Lillard), o Toronto de 1995/1996 foi a 1ª equipe a obter mais de 20 vitórias (foram 21) em sua 1ª temporada na liga. Além disso, vitórias contra os favoritos Sonics, Magic e uma histórica vitória contra os Bulls de Jordan e Pippen, lembrando que naquela temporada, o Chicago sofreu apenas 10 derrotas (recorde da NBA). Neste dia, Stoudamire anotou 30 pontos e distribuiu 11 assistências.
A carreira de Stoudamire despencou após a épica final da conferência Oeste de 1999/2000 contra os Lakers.
A carreira de Stoudamire não seguiu no trilho. Apesar de continuar jogando em altíssimo nível em Toronto, ele decidiu voltar para Portland (mais um lugar comum entre os dois) e fazer parte do último grande time do Blazers. Junto com Scotie Pippen, Steve Smith, Rasheed Wallace e Arvydas Sabonis, protagonizou uma das séries mais quentes da NBA – a final da conferência Oeste de 2000, vencida pelos Lakers de Kobe & Shaq em 7 jogos, quando justamente começou seu inferno astral. Depois disso se envolveu em episódios de posse de drogas (foi preso algumas vezes com maconha), passando até por um período de reabilitação. Encerrou a carreira em 2008, jogando pelos Spurs.
Lillard é o futuro de Portland. Onde vai chegar ninguém sabe. Que os demônios de Damon não assombrem Damian.
