Decepção!
Em 2003, quando a seleção brasileira disputou o Torneio Pré-Olímpico de San Juan (Porto Rico), a palavra da moda era potencial.
Era compreensível. Afinal, apesar da desclassificação, o elenco da seleção era formado por jovens promessas como Nenê, Leandrinho Barbosa, Anderson Varejão, Alex Garcia e Tiago Splitter.
Seguindo os passos de Nenê, todos os cinco jogadores citados acabaram conseguindo estabelecer algum vínculo com a NBA, maior liga de basquete profissional do planeta, sendo que os três primeiros lá atuam.
Assim, apesar de a seleção brasileira não ter conseguido a classificação, era impossível não pensar no futuro do nosso basquete com esperança.
Pois bem, transcorridos cerca de 5 anos, a palavra potencial pode enfim ser substituida por decepção. Afinal, nenhum dos três brasileiros estabelecidos na NBA se apresentará para defender a seleção brasileira na derradeira tentativa de obter uma classificação para os Jogos Olímpicos de Pequim.
Os motivos apresentados pelos três jogadores estão relacionados a questões físicas, mas a verdade real é que todos acabaram cedendo à pressão de suas equipes e priorizaram suas carreiras profissionais em detrimento da seleção brasileira.
Podemos considerar o caso de Nenê como excepcional, em virtude da gravidade do problema médico enfrentado (e superado) pelo jogador. Contudo, por mais que se alegue o contrário, Nenê sofre uma grande pressão do Denver Nuggets por ter assinado um contrato milionário e não ter apresentado o retorno esperado (basicamente por causa dos mais diversos problemas médicos enfrentados).
Não é demais lembrar, entretanto, que Nenê pede dispensa da seleção brasileira para descansar, mas vinha atuando por sua equipe no fim da última temporada e provavalmente começará a treinar em breve para a próxima. Sem querer julgar a sua opção, não há como deixar de afirmar que Nenê preteriu a seleção brasileira em relação à sua equipe profissional.
De forma semelhante, Leandrinho e Anderson Varejão também alegaram problemas físicos, mas também defenderam as suas respectivas equipes nos últimos playoffs.
É uma pena, pois demonstra que os brasileiros encaram atualmente a seleção brasileira apenas como uma forma de colocar em risco as suas carreiras profissionais na NBA. E nós bem sabemos que por trás de todo jogador, há um agente ou dirigente para falar: “veja o exemplo do Jorge Garbajosa”
Trata-se de visão medíocre e leviana, em nosso entender, pois atuar pela seleção costuma atrair atenção para os jogadores que, na maior parte dos casos, saem valorizados dos torneios internacionais (Seleção inteira da Argentina, Dirk Nowitzki, Carlos Arroyo, dentre outros, que o digam).
Além disso, a seleção brasileira sempre está de portas abertas para os seus jogadores (vide Rafael Araújo), enquanto que nos clubes, a receptividade depende do interesse do momento.
Enfim, de uma geração com enorme potencial, nos resta contar com dois leões que jamais deixaram de demonstrar amor incondicional à seleção brasileira: Tiago Splitter e Alex Garcia. E que assim continuem…
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Para que o querido leitor possa comparar as diferenças de atitude, recomendamos a leitura de reportagem do Globo Esporte publicada nesta semana.