DeMarcus Cousins: contraste entre talento e comportamento autodestrutivo
Não há outra definição para um jogador que possui médias de 16.1 pontos e 9.8 rebotes em apenas duas temporadas e meia na NBA senão craque de bola. Esses são os números de DeMarcus Cousins, quinta escolha do draft de 2010, pelo Sacramento Kings. Jovem e talentoso, o pivô já figura entre os melhores atletas da posição em toda a liga, mas seu comportamento autodestrutivo é o seu grande ponto fraco, fazendo todo o talento que possui e seus números de destaque contrastarem com sua imagem de Bad Boy, de atleta que não respeita os companheiros e, principalmente, o jogo.
Na terceira temporada no melhor basquete do mundo, DeMarcus Cousins já possui uma imagem negativa, que não vem a somente a degradá-lo, mas que também afeta a equipe em que joga, o Sacramento Kings. Com apenas 22 anos, Cousins já está com a imagem tão desgastada que quando toca-se em seu nome, geralmente não é notícia boa. Um exemplo é esse próprio texto. Poderíamos estar falando aqui de seus feitos bons dentro de quadra, como suas médias de duplo-duplo na temporada, de seu possível domínio no garrafão nos próximos anos, mas não, estamos aqui para discutir seu futuro na NBA, o que você não encontrará somente no DraftBrasil, mas em vários sites norte-americanos, o que prova a nossa sanidade em relação ao assunto.
Seu talento é incontestável, mas Cousins não está se mostrando um jogador maduro, capaz de conduzir a interminável reconstrução do Sacramento Kings, como a franquia pretendia fazer quando o adquiriu no draft.
Só no mês de dezembro ele foi suspenso duas vezes, uma pela NBA, após acertar um golpe nas partes baixas de O.J. Mayo, jogador do Dallas Mavericks, perdendo assim a partida contra o Milwaukee Bucks, no dia 12 de dezembro, e depois pelo próprio time, que o puniu por tempo indeterminado após discutir com o treinador Keith Smart, que chegou à franquia há pouco mais de um mês, substituindo Paul Westphal, demitido justamente após brigar com o jogador. A punição do Kings era pesada, anunciando que o atleta estava suspenso por tempo indeterminado por “comportamento pouco profissional e conduta prejudicial à equipe”. O problema é que essa suspensão não serviu para nada, pois o jogador se desculpou e logo foi reintegrado ao time, dois dias após o anuncio da punição, o que demonstrou a falta de pulso firme e dependência da franquia para com o jogador.
A falta de conduta profissional parece começar a afetar seu futuro dentro da equipe. Assim que foi desculpado e voltou a treinar com o time, alguns jogadores não ficaram satisfeitos com a falta de uma punição mais severa, afirma alguns sites norte-americanos. Até uma possível troca não foi descartada. GM da franquia, Geoff Petrie, estaria disposto a envolver DeMarcus Cousins em uma negociação, pretendendo conseguir em troca um ou dois bons veteranos capazes de aumentar o rendimento da equipe em curto prazo, mas os co-proprietários do time, Gavin e Joe Maloof, mesmo depois da suspensão e do passado de confusões do jogador, estão reluzentes em relação a uma troca, afinal, Cousins possui o que o Kings precisa: talento e juventude. O problema é que esses fatores não estão ajudando o time. Suas médias são muito boas para qualquer atleta da NBA, principalmente para um que só disputou duas temporadas completas até o momento. Porém, desde que adquiriu DeMarcus Cousins no draft, não houve melhoria significativa na franquia, que não vislumbra disputar playoffs tão cedo, o que nos faz perguntar se vale a pena manter um jogador desse tipo no elenco, afinal, Sacramento Kings não é um mercado atraente, e poderia piorar tentando cometer o erro de buscar a reformulação em torno de um indisciplinado, que não sabe respeitar os companheiros, os adversários, o treinador e o jogo.
Após a suspensão, DeMarcus Cousins declarou estar com um novo pensamento, falando que é um novo ano, um novo começo. Ele afirmou ainda que está cansado de perder e trazer imagem negativa para si e para seu time. Dentro de quadra ele justifica essas afirmativas. Nos quatro primeiros jogos após o afastamento, Cousins teve incríveis médias de 16.6 pontos, 12.5 rebotes e 5.8 assistências, ajudando o Kings a conquistar três vitórias no período, o que não sabemos se é bom ou ruim, afinal, o cara é suspenso, perde desculpas e volta destruindo, provando a necessidade que o time tem de tê-lo em quadra.
Um dos motivos para acreditarmos que o jogador realmente está procurando uma mudança em sua carreira é a troca de agente, rescindindo contrato com Jonh Greig, que estava com Cousins desde a saída da NCAA e assinando com Dan Fegan, que apesar de já ter atritos com o GM do Kings, possui uma lista de jogadores bem maior e mais sofisticados em relação ao ex-agente de DeMarcus Cousins, que além do jogador, é agente de mais dois atletas que nem na NBA atuavam, sendo um deles Danilo Pinnock, que assinou com o Brasília e depois nunca mais voltou, indo para o basquete mexicano, onde irá ganhar mais dinheiro (só para ver o tipo de agente que John Greig é). Já Fegan agencia D-12, Gilbert Arenas, Kevin Martin, John Wall, Nenê, Varejão entre outros jogadores, que totalizam 18.
Quando tentamos entender a falta de maturidade de DeMarcus Cousins, temos um leque de opções, entre elas o pouquíssimo tempo no basquete universitário, atuando apenas uma temporada, onde fez 38 jogos por Kentucky, perdendo um bom tempo de aprendizado com John Calipari e chegando na NBA com apenas 19 anos (seu aniversário é dia 13 de agosto e o draft foi no dia 24 de junho). Outro motivo, além de um jovem de 22 anos, milionário e famoso, pode ser a falta de uma referência dentro da equipe, pois no Kings ele já é o principal jogador da franquia e não tem ninguém vencedor que possa chegar para ele e passar um pouco da sua experiência. Atualmente, os jogadores mais rodados da equipe são: John Salmons, 26° escolha do draft de 2002, Travis Outtlaw, 23° escolha em 2003 e a dupla Francisco Garcia e Chuck Hayes, que possuem sete temporadas completas na NBA cada um. De resto, nenhum jogador já atuou por mais do que quatro temporadas completas. Porém, creio que esta “desculpa” deva ser descartada, afinal, Cousins não é o primeiro jogador talentoso a ficar em um time limitado, vide John Wall, seu companheiro nos tempos de Kentucky, primeira escolha do mesmo draft de DeMarcus, que brilha no Washington Wizards e não é um jogador problemático.
No vídeo abaixo, Cousins e Rondo, dois jogadores que adoram uma confusão:
Uma das soluções para o jogador melhorar seu comportamento fora de quadra seria uma troca para um time vencedor, com peças que poderiam lhe mostrar como realmente o jogo funciona.
O Boston Celtics foi um time que mostrou-se muito interessado em adquiri-lo após a última suspensão. Talvez o C’s seja o lugar perfeito para Cousins. Um time com um dos melhores treinadores da atualidade e com veteranos que entendem do assunto, como Kevin Garnett, Paul Pierce e Jason Terry. Seria uma troca perfeita para ambos, já que o GM do Kings, Geoff Petrie, não dispensa uma negociação envolvendo seu garoto problema por um veterano que possa agregar ao time imediatamente, como já foi citado neste próprio texto.
A verdade é que DeMarcus Cousins e Sacramento Kings não vivem uma história de amor. Cousins precisa de um time que esteja sempre passando a mão em sua cabeça, enquanto o Kings necessita de um jovem talentoso para sonhar com dias melhores, não importa a dor de cabeça que isso possa lhe causar. O dia que um não precisar mais do outro, adeus para nunca mais.
Cousins ainda é jovem, muitos times o querem, mas será assim para sempre? Uma hora vão se cansar e, se ele não mudar suas atitudes, poderá acabar esquecido, assim como Michael Beasley, segunda escolha do draft de 2008, está atualmente, jogando, desapercebido pela mídia, no Phoenix Suns, o seu terceiro time em cinco temporadas como profissional.
Mudança de agente, de time etc, é uma boa, porém, a primeira mudança para que Cousins pare de sujar sua imagem e comece a ser notícia mais por jogo do que por suas confusões, está nele próprio.
Este post se encerra com um vídeo um pouco antigo (2010) , mas muito legal, mostrando um dia na vida de DeMarcus Cousins, e torcendo por dias melhores para o jovem pivô.