Dificil não se empolgar
Brasil venceu novamente a Copa Tuto Marchand, em Porto Rico. Venceu bem os três adversários (os anfitriões, os argentinos e os canadenses) e ainda por cima conseguiu elogios por parte da mídia especializada, sempre tão crítica em relação ao nosso basquetebol apresentado.
E com isso, somente podemos imaginar, que está dificil não se empolgar. Porém, temos que nos lembrar que vencer torneios amistosos vem sendo nossa “especialidade” nos últimos anos. Em que pesem Jogos Pan-Americanos esvaziados de talentos ou mesmos alguns torneios com times mambebes, não podemos deixar de destacar que esta Tuto Marchand, diferentemente de todos os outros torneios recentes, nos dá impressão real que, enfim, estamos progredindo.
O equilibro ofensivo parece ter chegado e com ele, as boas apresentações.
Mas como constatar a evolução ?
Desde o Super Four (versão Brasileira), o time que antes se caracterizava pela total falta de cadência ofensiva, se mostrou mais bem comportado e organizado. Os chutes de três pontos desequilibrados, deram lugar a jogadas mais bem trabalhadas, jogo um tanto quanto calmo e bem diferente do que estamos acostumados por essas bandas. Além disso, o volume dos chutes de três pontos vem caindo, chegando em 10 tentados somente contra o time porto-riquenho, no último torneio antes da Copa América.
Falando dessa forma, parece algo menor, porém cada posse de bola mais valorizada, cada movimento mais pensado, cada ação incisiva no garrafão e depois a volta no perímetro para um chute livre, cada passe a mais que for necessário para achar a cesta fácil, tudo isso somado, tem nome e se chama basquetebol. Simples e sem rodeios.
Mesmo com a dificuldade de assistir todos os jogos da Seleção em Porto Rico, podemos acreditar, pelos números que temos nas mãos, que o Brasil conseguiu convencer.
Marcelinho Machado, nome fadado às críticas (construtivas poucas, destrutivas várias) conseguiu render da maneira que muitos imaginam para ele. (Entre eles eu). O papel não de cestinha, estrela da companhia, enfim, salvador que alguns vezes colocam sobre suas costas. Papel este que ele tão bem faz no Flamengo quando necessário e tão bem fez em outros clubes. Porém Seleção Nacional não é clube. Ali, estamos com os melhores. É inegável que Marcelinho é dos melhores talentos que temos, mesmo hoje mais velho. É também inegável que as críticas sobre ele, até certo ponto, foram justas no passado recente. Porém, é mais uma vez inegável que ele jamais teve a orientação, e talvez a valorização, sobre outros aspectos do seu jogo. Neste torneio em Porto Rico, ele passou, reboteou, arremessou. Tudo em um volume excelente. Os números dessa vez, não podem mentir. Marcelinho, que seria a peça fundamental e solitário pontuador para alguns, é hoje o peso do equilibrio da nossa Seleção. Não somente por ser o mais velho do selecionado, mas também por ser um dos que podem tentar ajudar na armação,uma vez que Duda parece fadado ao banco e aos minutos escassos e logo Huertas vem só na função.
Com Marcelinho jogando para o time e usando seu talento em prol do conjunto, com Leandrinho sendo o finalizador que há tempos imaginamos, com Varejão e Spliter fazendo o trabalho debaixo da tabela (seja defensiva ou ofensiva) com a energia que lhes caracterizam, com Guilherme ajudando na organização da partida quando entra e sendo destacado para balancear as ações dos outos companheiros e principalmente, com a organização tática que enfim parece que chegou via gritos de Moncho Monsalve, parece que enfim, temos uma equipe.
Dificil não se empolgar.
E a partir do momento em que a bola subir para a Copa América, ainda mais dificil será imaginar os atletas abandonarem o que está dando certo na preparação, para voltar ao bumba-meu-boi infeliz de outrora.
Vencer torneios de preparação não é o mais importante agora. Porém vencer jogando um basquetebol apresentável e o principal, evoluindo sempre jogo-pós-jogo, só nos enche de esperança e orgulho para que a vaga do Mundial venha sem sofrimento e que enfim possamos todos ter orgulho do trabalho feito no selecionado adulto.
Dificil não se empolgar.
Obs: A defesa não ficou esquecida. Porém acredito que nos últimos torneios internacionais, pecamos em alguns momentos na defesa da mesma forma que conseguimos vários bons momentos defendendo acima da nossa “média” histórica.
O maior receio ainda é atacarmos de qualquer jeito, querendo acabar logo com o jogo e normalmente, enterrando o nosso próprio. Em outros artigos, iremos explorar mais o lado defensivo, que evidentemente, é extremamente importante!
Foto: CBB