Eliminação de tolo?
O trocadilho não é dos melhores, mas pra quem leu o artigo de ontem, dá pra entender. Aquela seleção brasileira que bateu com dificuldades a gurizada do Uruguai e me fez levantar a questão de quanto era importante esse Pan-Americano, conseguiu fazer pior hoje. Ontem o “pior” nada teve com relação ao resultado. Apenas me parecia um tanto quanto bizarro assistir os garotos uruguaios fazendo frente contra alguns veteranos do Brasil enquanto nossos garotos ficavam sentados no banco de reservas. Mesmo assim, a vitória veio e a discussão era se o ouro valia mais que o desenvolvimento dos jovens.
Porém podia ser pior. E foi! Numa partida bizarra a seleção verde-amarela conseguiu perder para uma gurizada da D-League que está representando os Estados Unidos. Isso mesmo, da D-League. E não foi uma derrota apertada, jogando bem ou utilizando por mais tempo os meninos. Nada disso não…
O Brasil chegou a liderar o jogo por 17 pontos que me fizeram perder alguns minutos preparando um lanche. Claro que basquete é imprevisível, que a partida jamais termina com tanta antecedência (estávamos no terceiro quarto), entretanto, tomar uma virada dessas pra um time da D-League é uma façanha e tanto. Pois é, nos conseguimos. A crítica aqui não é aos jogadores que estão lá, nem ao ótimo trabalho de Magnano e sua comissão. Derrotas acontecem, até mesmo essas mais doídas e bizarras. A grande questão é que se ganhando não parecia valer a pena não utilizar os garotos, imagina perdendo?
O boxscore oficial que nos mostra 88×77 ao final dos 40 minutos e um incrível 32×16 no último quarto, também marca apenas 4 minutos para Davi e Bruno Irigoyen, um DNP (Do Not Play) para Felício e mais míseros 8 minutos para Betinho (que fica com média inferior a 10 minutos por jogo). Enquanto isso, Marcelinho Machado, Guilherme, Nezinho, Arthur e Murilo continuam sendo os que mais jogam (juntamente com Benite, o único jovem que realmente participa). Hubner mais uma vez foi bem e merecia mais minutos, por isso não vou incluí-lo entre os que estão sendo bem utilizados. Por sinal, considerar Benite um jovem é um tanto quanto confuso. Convenhamos, Benite é jogador feito, tem um futuro incrível pela frente e já foi pra seleção A em torneio do mais alto nível. É óbvio que ele tem que jogar (isso não depende da competição e do objetivo). Desenvolver Benite é a mesma coisa que desenvolver seu grande craque, coisa óbvia. O que não é tão óbvio é o quanto os resultados eram importantes num torneio de menor escalação. E agora, com essa derrota, me parece que nem os resultados vão chegar.
Não estou eliminando o Brasil, não estou dizendo que os dominicanos são imbatíveis (até acho que iremos avançar). A grande questão é que com ouro ou sem ouro, nem os resultados foram os esperados. O desenvolvimento então nem se fala.
Resta a essa seleção agora, juntar os pedaços, concentrar-se e amanhã disputar a classificação a morrer, afinal, quem diria que esse Pan-Americano poderia ser tão “duro”. E vale lembrar, eliminação amanhã não corta em nada o trabalho feito até aqui por jogadores e comissão técnica, entretanto, é sim um papelão e tanto.
A caixinha de comentários continua aberta para a discussão que já se iniciou ontem.
Raoni Moretto
raoni@draftbrasil.net