Entre o milagre e o naufrágio por Prof. Ms. José Marinho

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Publicado em: 16/06/2008

As colunas do Guilherme e do Alfredo expressam toda indignação de nós, amantes do nosso basquete, com este momento estapafúrdio depressivo que vivemos nestes últimos dias. Mas, mesmo assim, tentarei (se possível) dar também minha contribuição.

Para atenuar nosso sofrimento (ou não), darei, num primeiro momento, um panorama sobre nossos principais adversários na corrida pela vaga olímpica:

Croácia

Nikola Vujcic e Gordan Giricek (companheiro de Leandrinho no Phoenix) não foram convocados. O técnico Jasmin Repesa deu a entender que chamou apenas aqueles tinham desejo de representar o país. Já o pivô Mario Kasun, as voltas com problemas cardíacos, deverá se apresentar mais tarde.

Eslovênia

A sétima colocada no Euro 2007 mantém sua base. Primoz Brezec, Beno Udrih, Bostjan Nachbar e Sasha Vujacic, todos atuando na NBA, não disputarão o torneio. O grande desfalque será o pivô Erazem Lorbek (Lottomatica Roma), que pediu dispensa. Os destaques são o ala-pivô Matjaz Smodis e o baixinho Domen Lorbek.

Grécia

Outra equipe que manteve a base da ultima competição européia. Papadopoulos e Hatzivrettas pediram dispensa e Kakiouzis, o capitão do time na Euro 2007, simplesmente não foi convocado pelo técnico Yannakis. O favorito do torneio contará, infelizmente, com Papaloukas, Spanoulis, Tsartsaris e sua temida defesa.

Canadá

A seleção canadense deve vir mais forte desta vez. A base é de jogadores que atuam profissionalmente no exterior (e não universitários, como em outras oportunidades), sendo dois jogadores da NBA: Joel Anthony e Sam Dalembert. A convocação de Steve Nash, por sua vez, nem foi cogitada.

Nova Zelândia

Com Dillon Boucher, Tony Rampton e Phill Jones encerrando suas carreiras na seleção e Mark Dickel e Paul Henare não aceitando a convocação, restou ao técnico Nenad Vucinic selecionar nove jogadores novatos para iniciar a preparação dos Tall Blacks para o Pré-Olímpico. Não deve incomodar.

Alemanha

Embora Dirk Nowitzki tenha alguns problemas físicos e ainda não tenha se pronunciado oficialmente, o time alemão deve vir completo para o Pré-olímpico. O pivô Robert Garrett acertou seu novo contrato e confirmou sua participação no grupo.

Porto Rico

Não tenho informações sobre o time de Porto Rico. Mas, provavelmente, estaremos frente aos mesmos Arroyo, Ayuso e cia ltda que nos vencem sempre.

Isto posto, nos resta analisar a nossa melancólica realidade. Nenê, Anderson Varejão, Guilherme Giovannoni, Paulão e Valtinho pediram dispensa, alegando diversos motivos. Leandrinho, por sua vez, depende de um acordo com sua equipe da NBA para atender à convocação.

Achei, erradamente, que a vinda de um novo técnico de currículo e credibilidade pudesse reverter a lista de prioridades de nossos jogadores, mostrando a eles a real dimensão do que é representar um país numa Olimpíada. Triste engano! Suas carreiras estão muito à frente dos interesses da comunidade do basquete.

Penso que conviver com a dor é quase uma obrigação na vida de um atleta. Todos os dispensados estiveram em quadra por seus clubes até o fim da temporada, podendo se sacrificar um pouco mais pelo bem de nosso basquete. Mas, infelizmente, vivemos num mundo no qual os ideais são facilmente suplantados pelos interesses financeiros, onde os agentes e dirigentes determinam as condutas dos atletas. A pouca credibilidade da CBB dificulta ainda mais a situação, pois nunca se sabe se os seguros e as premiações dos atletas serão honrados.

Por outro lado, alguns de nossos jogadores dissidentes se esquecem que os que contribuíram com suas formações no início de suas trajetórias dependem hoje diretamente do sucesso da seleção para que o nosso basquete interno volte a ser forte, aumentado o capital circulante e a exposição na mídia, melhorando assim, as condições do mercado de trabalho. Isto sem contar com os muitos (nem tantos, pois o basquete perdeu quase todo seu prestígio) que disseram que não irão mais assistir basquete em repúdio ao comportamento destes atletas.

Voltando ao nosso momento de angústia. Moncho Monsalve parece ser um bom treinador. Mas milagre, possivelmente, não dará para ser feito. Se, nas últimas competições, com a equipe quase completa colecionamos insucessos, imagine com o grupo desfigurado. Por mais que haja uma guinada de 360º graus na postura dos atletas, acredito que acabe por faltar fôlego, principalmente, quando o banco tiver que ser acionado. Jonathan Tavernari, (1,98m, Brigham Young, 13,1 ptos, 5,3 rebs, 37.6% nos 3 ptos), Duda e Ricardo foram os convocados de emergência. Jonathan é um ala promissor, que joga com intensidade e mata bolas de fora, mas não tem experiência para contribuir por muitos minutos sem cometer os erros naturais de um jovem. Duda fez um excelente Brasileiro e mereceu, a meu ver, estar no grupo. Faltam a ele força física e disciplina tática para render neste nível. Ele poderá ser útil em momentos especiais de alguns jogos. Mais que isto, é exigir demais. Não entendi a convocação do Ricardo, um pivô baixo até para os parâmetros aqui do Brasil. Da seleção “Sul-americana”, o Coloneze e o William seriam as opções mais lógicas para a posição.

Apesar de estarmos debilitados na função de armador, com pouco poder de fogo, restritos nas peças de reposição e com escassez de tempo de preparação para atacar todos os problemas crônicos de nossa seleção, eu, contrariando a maioria, digo que fico. Dia 15 de julho estarei torcendo em busca da canonização do Monsalve. Não abandono a nau “hispano-brasileira”, mesmo fazendo água….

Prof. José Marinho, mestre em Educação Física pela UFRJ, já foi colunista do Lance! e é responsável pelo site www.bbheart.com.br. Desde o ano passado é colaborador do DraftBrasil.

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